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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Editorial: em defesa do Estado Democrático de Direito.




Caro (a) leitor (a), neste próximo domingo, dia 28 de outubro de 2018, estaremos indo às urnas no segundo turno da eleição presidencial, para definir quem nos governará pelos próximos 4 anos (assim espero, que sejam apenas 4 anos). Mas, não se trata de uma simples eleição. Nela estarão em jogo duas propostas: uma absolutamente autoritária (de viés fascista) e a outra democrática (pela manutenção do Estado Democrático de Direito). Os olhos do mundo estarão voltados para nós e aguardando com enorme ansiedade o resultado dessa eleição. O ódio a um determinado partido, que durante quase 14 anos governou o país, parece ter deixado o eleitor cego em relação às bases do nosso regime institucional, baseado nos direitos fundamentais dos cidadãos, como a liberdade de expressão, o direito de ir e vir, a liberdade de imprensa, o direito à busca do conhecimento e a livre manifestação nas artes, entre outros princípios elementares que caracterizam uma sociedade dita civilizada. Princípios esses herdados dos tempos das grandes revoluções dos séculos XVIII e XIX, os quais, ainda hoje, muitos lutam para assegurá-los (nas duas imagens acima, o quadro "A Liberdade Guiando o Povo" de Eugène Delacroix, pintado em 1830 e a foto de jovem palestino lutando com um estilingue na faixa de Gaza, em 2018). Por isso, eu, como mantenedor deste espaço, sou obrigado a vir a público e alertar para o grande perigo que este país corre, em eleger um candidato completamente despreparado, imbuído dos piores sentimentos e beirando a condição de um verdadeiro psicopata. 


Não sou eu apenas que o classifico dessa forma. Uma plêiade de professores universitários, intelectuais, artistas, economistas, estadistas, líderes religiosos, ganhadores do Prêmio Nobel e até mesmo o papa Francisco (de forma indireta) já se manifestaram a respeito do perigo que este país corre com essa candidatura. Para você que está lendo este editorial, vou revelar uma pequena passagem de um livro de entrevistas, do ex-presidente e general Ernesto Geisel, prestadas à Fundação Getúlio Vargas e publicado em 1997, pouco antes de sua morte. Sim, o presidente que governou no auge da ditadura militar, entre 1974 e 1979. Ele conhecia o capitão, que na década de 1990 era deputado federal. 


Vejam a opinião, que o ex-presidente do regime ditatorial tinha a respeito desse indivíduo, que agora pleiteia o cargo máximo da república. Ao ser perguntado sobre a presença de militares no Congresso Nacional, Geisel afirmou:

Tenho a impressão de que, à medida que o país se desenvolve, essa interferência (militar) vai diminuindo. Presentemente, o que há de militares no Congresso? Não contemos o Bolsonaro, porque o Bolsonaro é um caso completamente fora do normal, inclusive um mau militar. Mas o que há de militar no Congresso? Acho que não há mais ninguém.  

Bolsonaro é um caso "fora do normal" e "um mau militar"! Veja o prezado leitor (a), o próprio Ernesto Geisel não o aprovava como militar, imagine como presidente! Pois é este cidadão que agora se apresenta. Porém, rodeado de outros companheiros de farda, generais da reserva, que se fazem presentes na sua equipe. Generais recebendo ordens de um capitão, classificado por um general que foi presidente como "mal militar"? 
Mas não se trata apenas disso. Na noite de ontem (dia 25 de outubro) assistimos a uma verdadeira invasão policial à várias universidades públicas (vejam só, as públicas e não as privadas), a pretexto de recolher faixas e cartazes considerados propaganda eleitoral. Alertar para o perigo que esse cidadão representa é fazer propaganda eleitoral? E se fosse, é motivo para policiais armados invadirem um campus universitário? Ou será censura? Um aperitivo servido antes de um novo regime ditatorial, prestes a ser instalado no país? 
Outras coisas estão em jogo também, se isso que foi descrito acima já não fosse suficiente para disparar uma luz amarela sobre a manutenção do Estado de Direito. As propostas desse candidato e ex-capitão, demonstram um total desprezo pela nação e pelo futuro de seu povo. Privatizar tudo! Até o Corpo de Bombeiros será privatizado? Se a sua casa estiver pegando fogo, você liga para a corporação, passa o número do cartão e já é debitado no ato? Ou a conta irá variar pela proporção do sinistro? E a Amazônia? Há margem para desmatar? E os índios retirados de suas reservas ou expulsos da floresta, serão incorporados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, que irá ser considerado uma organização terrorista? E os LGBTs serão caçados como animais pelas ruas? Os integrantes do Partido dos Trabalhadores serão mortos? E o petróleo do Pré-Sal, que deveria ter parte destinada à educação e à saúde? E a Embraer, verdadeira joia da nossa indústria, vai ser dada de presente para aquela tal multinacional estadunidense? Será cobrado para o jovem estudar em nossas universidades públicas? Ah, já ia me esquecendo. A tortura também vai voltar? E não basta torturar, vai matar também e completar o serviço que a outra ditadura não terminou? Apenas torturou, mas não matou! 
Ora, vamos ser razoáveis. Esse candidato é um ser grotesco! É um ser abominável. Inacreditável como o nosso sistema político criou condições para essa criatura ser deputado federal. Esse capitão nem candidato deveria ser. Não deveria nem ter a consideração dos eleitores, tomados por uma clima de ódio que desperta o que há de pior em cada pessoa. Infelizmente ele aí está. Resta-nos apenas apelar a consciência de cada brasileiro para que medite, reflita, converse se for o caso (ainda é tempo), procure ler e se informar sobre o perigo que tal candidatura representa. Quanto ao outro, é um candidato integro e sobre o qual nada pesa em termos de idoneidade. É um professor universitário, formado em uma das mais importantes universidades do mundo. Não pode ser penalizado pelos possíveis erros de seu partido. Se não fizer um bom governo, em 2022 você terá a oportunidade de eleger outro candidato de sua preferência. Só que tem um pequeno detalhe, com o capitão aloprado, não sei se teremos 2022...
Citação do ex-presidente Ernesto Geisel:
Ernesto Geisel. Maria Celina D'Araujo e Celso Castro (organizadores). Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1997, página 113. 
Crédito das imagens: 
Quadro de Delacroix: Neoclássicos, Românticos e Realistas. Coleção Gênios da Pintura. Abril Cultural, página 104.
Foto de jovem palestino com estilingue: 
https://exame.abril.com.br/mundo/foto-de-jovem-palestino-em-protesto-na-faixa-de-gaza-viraliza-entenda/
Foto de Bolsonaro atirando:
http://forum.jogos.uol.com.br/bolsonaro-armado_t_4136599
Capa do livro de entrevistas de Ernesto Geisel: acervo do autor. 

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Revista Leituras da História: Egito Antigo no Museu Nacional



Caro(a) leitor(a), esta matéria não era para sair na revista Leituras da História, mas saiu. Sorte minha! E aqui o meu agradecimento à editora da revista Morgana Gomes. Não houve tempo para suspender ou alterar a edição que já estava sendo rodada, quando tivemos a triste notícia do incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro, ocorrido no último dia 2 de setembro de 2018. Nesse artigo recomendava a visita ao Museu Nacional, indicando no final da matéria os dias, horários e o valor do ingresso. Já era! Contudo, isso não impede de forma alguma a sua leitura, pois faço inclusive um levantamento do acervo referente ao Egito Antigo que estava preservado (não muito bem, como se pode observar de forma trágica) naquela instituição, inclusive com peças raras, como a múmia conhecida como "A Cantora de Amon" (cujo sarcófago aparece na página inicial do artigo, que está acima), cuja garganta foi conservada a fim de que pudesse exercer os seus dons vocais em uma outra vida, como acreditavam os egípcios. 


Além disso, contamos como a coleção foi iniciada, pelas mãos do imperador D. Pedro I, de forma acidental, pois o destino das peças era a Argentina e não o Brasil. O imperador resolveu arrematar as mesmas em leilão e na matéria exibo o texto do documento de aquisição, na íntegra e com os valores da compra (inclusive em uma aproximação em termos atuais). Coube ao seu filho D. Pedro II, ampliar a coleção em função do gosto pessoal deste a respeito da história do Egito Antigo, tendo inclusive feito visitas àquele país, situado a nordeste da África. 


A edição 118 (na foto acima), além da nossa matéria, traz várias outras de grande interesse e curiosidade para os amantes da história. Desejo a todos uma ótima leitura...