sábado, 14 de abril de 2012

Anúncio Antigo Especial: Titanic




O ano: 1912. O dia: 14 de abril. Sim meus amigos, há cem anos atrás. Como o tempo passou. O símbolo maior da supremacia naval britânica, o transatlântico de luxo Titanic "deu uma ralada" em um iceberg (bloco de gelo) no Atlântico Norte e afundou. Junto com ele mais de 1.500 passageiros perderam as suas vidas. Até hoje há dúvidas a respeito do número exato de mortos. Contudo, um historiador (ou até mesmo um sociólogo) pode fazer uma analise interessante da tragédia. Na primeira classe (a mais cara) foram embarcados 329 passageiros e o número de sobreviventes foi de 199 ou 60,5% do total. Já na terceira classe (a mais popular) haviam 710 passageiros e o número de sobreviventes foi de apenas 174 ou 24,5% do total. Na primeira classe o número de mortos foi de 130 e na terceira foi de 685. Essas informações podem ser encontradas na Wikipédia. Nesse aspecto o avião é um meio de transporte mais democrático em termos de acidentes. Na queda de um geralmente morrem todos, sem que haja discriminação de classe social.
E se o dono do navio estivesse a bordo? Pois bem, ele estava e se salvou (foi um dos 199 da primeira classe que sobreviveram). Chamava-se J. Bruce Ismay e era o presidente da White Star, companhia de navegação responsável pela construção da embarcação. A opinião pública da época não o perdoou por ter abandonado o seu próprio barco, enquanto o capitão se manteve até o fim comandando a retirada dos passageiros. Vocês entendem agora  a origem e o sentido da expressão "abandonar o barco" usada até hoje quando um indivíduo quer se retirar de uma situação ruim? Um outro detalhe, o navio tinha dezesseis botes salva-vidas com capacidade para 1.178 pessoas, insuficiente para todos os 2.200 passageiros.
Pois bem, mas vamos ao nosso "Anúncio Antigo" de hoje. Trata-se de um dos vários filmes que trataram do assunto e que garantiram que a tragédia não caisse no esquecimento. O filme da 20th. Century Fox produzido em 1953, chamado "Titanic", teve o seu título em português alterado para "Náufragos do Titanic" e a trama (fictícia) girava em torno de um casal aristocrático em plena crise conjugal (na foto abaixo os atores Clifton Webb e Barbara Stanwick numa cena do filme) e que tenta "discutir a relação" dentro do próprio transatlântico na noite do desastre. Na verdade, para esse casal foram dois desastres: o casamento falido e o naúfragio. Diante da tragédia, a crise matrimonial ficou em segundo plano.


Foi a versão mais famosa feita para o cinema da grande tragédia do transporte naval, até 1997, quando o diretor-produtor James Cameron (de Avatar) lançou a sua imbatível versão, que arrebatou 11 Oscars (recorde de prêmios ao lado do bíblico Ben-Hur). E ainda revelou a boa dupla de atores: Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.
A versão de 1953 tinha no elenco o ator norte-americano Richard Basehart, que teve a sua carreira artística completamente vinculada a assuntos do mar. Além dessa versão de Titanic, ele ainda atuou no filme "Mobi Dick" de 1956 (sim, a história do caçador de baleias capitão Ahab do romance de Herman Melville) e ainda na famosa série de tv "Viagem ao Fundo do Mar" da década de 1960, onde interpretava o almirante Nelson. Era um predestinado.
Foi pelo cinema que tomei contato com a história do Titanic desde pequeno. Assisti a   versão de 1953 e uma outra produção inglesa "A Night to Remember" (1958), que no Brasil teve o título de "Só Deus por Testemunha". Lembro-me ainda do primeiro episódio do seriado "O Túnel do Tempo" de 1967 onde dois cientistas que faziam viagens pelo tempo foram parar, advinhem onde: no deck do Titanic. Inutilmente, com um jornal que trouxeram do "futuro", tentavam convencer o comandante da inevitável tragédia. Infelizmente o passado não pode ser mudado, nem para os viajantes do tempo... 
O anúncio de hoje foi publicado no jornal "O Estado de São Paulo" de 21.07.1954. Um detalhe também curioso, dos cinemas que exibiam a película naquele ano apenas um sobreviveu: o cine Marabá na avenida Ipiranga no centro de São Paulo.

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