quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Imagens Históricas 23: Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt em Natal (RN)




Caros leitores, como as aparências enganam! Tal afirmação não diz respeito às questões políticas da foto, as quais, na verdade, já se encontravam bem encaminhadas por ocasião desse encontro entre o presidente do Brasil, Getúlio Vargas e o seu colega norte-americano Franklin Roosevelt, como mostra a nossa Imagem Histórica de hoje, registrada na cidade de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, no dia 28 de janeiro de 1943.
Bem, antes de nossa dissertação sobre o contexto histórico da imagem, vamos aos personagens que aparecem na mesma. Iremos nos ater aos que estão no jipe e ao oficial que se encontra do lado direito, em pé e de perfil. No banco do passageiro, na frente, temos o então presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, que usava uma tarja preta em seu braço direito, em função da queda de um avião de sua comitiva. No banco de trás, da esquerda para a direita, o presidente brasileiro Getúlio Vargas e ao seu lado, com um largo sorriso, o almirante Jonas Howard Ingram, que comandou a Quarta Frota Americana no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. Fora do jipe, como dissemos, no lado direito da foto, o general Robert Legrow Walsh do Comando de Transporte Aéreo do Exército Americano no Atlântico Sul. 


Durante muito tempo pairou uma dúvida a respeito da identidade do motorista do jipe. Segundo nos informa o blog Tok de História, trata-se do capitão David Channing Moore (foto acima), que entrou na USAAF (United States Army Air Force) em 1942. O oficial tinha formação universitária e teria trabalhado antes na empresa IBM. Após a guerra e tendo alcançado o posto de coronel, David Moore seguiu a carreira policial em Nova Iorque. Foi casado e pai de três filhos. 




Ao descrevermos o ambiente no qual a foto foi tirada (nas imagens acima, duas versões alternativas da mesma) temos a impressão de que o chefe de Estado visitante era Vargas e não Roosevelt, em função da presença de tantos militares norte-americanos. Na verdade, os dois presidentes iniciavam a inspeção da base norte-americana de Parnamirim Fields, em Natal (RN). A mesma foi fruto da cooperação entre os dois países no contexto da Segunda Guerra Mundial e serviu como ponto de apoio para as operações militares norte-americanas no norte da África e no Mediterrâneo. 
Contudo, por que afirmamos na introdução que as aparências enganam? Na verdade, era a aparência de um personagem que enganava: o presidente Getúlio Vargas. Na foto em questão, o mesmo estava sorrindo. Não se tratava de um sorriso espontâneo! Primeiro, porque não era de seu gosto ideológico ver o Exército dos Estados Unidos tão bem estabelecido em território nacional, algo não muito de acordo com os princípios de soberania de uma nação. Segundo, porque Vargas vivia naqueles dias um drama pessoal. Além do fato de estar andando com uma bengala, devido a um acidente automobilístico, o presidente vivenciava o agravamento do estado de saúde de seu filho caçula, Getúlio Vargas Filho, o Getulinho. E por uma triste coincidência, da mesma doença que deixou o presidente Roosevelt impossibilitado de caminhar: a poliomielite. Apenas cinco dias depois desse encontro com Roosevelt, Getulinho faleceu em São Paulo, aos 23 anos de idade. O pai chegou à capital paulista, a tempo de acompanhar os últimos momentos de vida do filho. O temperamento aparentemente frio de Getúlio foi submetido à prova com a perda e somente sua filha, Alzira Vargas (a Alzirinha) pode dar-lhe o apoio familiar necessário para seguir em frente. Consta que o presidente Roosevelt chegou a oferecer a Vargas a possibilidade de levar o jovem para os Estados Unidos, a fim de tentar outros tratamentos, mas o estado de Getulinho era irreversível. 


Bem, vamos agora contextualizar historicamente o encontro entre os dois chefes de Estado (acima, os dois presidentes conversam dentro de um destróier da Marinha americana, nesse mesmo encontro). Segundo nos relata o historiador Paulo Brandi em seu livro "Vargas: da vida para a história" (Zahar Editores, 1985), em janeiro de 1940, a gigante do aço americana United States Steel comunicou que não ia participar do empreendimento siderúrgico ambicionado pelo governo brasileiro, a fim de impulsionar o processo de industrialização do país, apesar de existir um parecer favorável de seus próprios técnicos. Em função disso, Getúlio Vargas, que encabeçava o governo ditatorial do Estado Novo (1937-1945), decidiu criar a grande siderúrgica como uma empresa nacional, embora com ajuda de capitais estrangeiros, sob a forma de empréstimos. 
Nos meses seguintes, o plano do governo brasileiro avançou, sendo escolhida a cidade de Volta Redonda (RJ), a meio caminho entre São Paulo e Rio de Janeiro, para abrigar a futura estatal. Ao mesmo tempo, solicitou ao embaixador brasileiro nos Estados Unidos, que iniciasse entendimentos para a obtenção de um grande empréstimo, algo entre 15 a 20 milhões de dólares, a fim de concretizar o projeto. Vargas desejava tirar o máximo proveito da chamada "Política de Boa Vizinhança" do governo dos Estados Unidos, cujo objetivo era impedir a América Latina de estabelecer relações mais estreitas com os países do Eixo (Itália, Alemanha e Japão). Sim caro leitor, estamos na fase inicial da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), caracterizada pelo avanço alemão na Europa e a expansão japonesa na Ásia. Os Estados Unidos estavam preocupados com um eventual ataque alemão ao Nordeste brasileiro, com tropas provenientes do norte da África, que estava sob a influência do exército germânico. 
Pois bem, o governo norte-americano, apesar de ter prometido a ajuda, relutava em concretizar o empréstimo. As negociações bilaterais já eram tidas como frustradas, quando aparece a habilidade política de Getúlio Vargas, em saber jogar com as forças que se digladiavam ao seu redor. Em um discurso pronunciado no dia 11 de junho de 1940, no encouraçado Minas Gerais, para uma platéia de altas patentes militares, Vargas teceu críticas aos regimes liberais e exaltou os países que se apoiavam nos valores nacionais, sem dar nome aos mesmos. Eis o trecho crucial do discurso, extraído da biografia escrita por Lira Neto "Getúlio: Do governo provisório à ditadura do Estado Novo 1930-1945" (Companhia das Letras, 2013):

(...) Assistimos à exacerbação dos nacionalismos, as nações fortes impondo-se pela organização baseada no sentimento de pátria e sustentando-se pela convicção da própria superioridade. Passou a época dos liberalismos imprevidentes, das demagogias estéreis (...). 

As reações foram imediatas! Nos Estados Unidos, o jornal New York Times interpretou a fala como sendo fascista e a Associated Press considerou que o presidente Vargas estava defendendo os ditadores, esquecendo-se que o próprio era também um ditador. No geral, o seu discurso era visto como sendo uma adesão ao Eixo, a ponto de Benito Mussolini enviar-lhe um telegrama, expressando admiração pelo líder brasileiro. 



Em Washington, o clima era de decepção e desapontamento com Getúlio, o qual teria capitulado diante dos germanófilos (admiradores da Alemanha) instalados em seu governo, sobretudo os generais Góis Monteiro, Eurico Gaspar Dutra (na foto acima, da esquerda para a direita, Dutra, Getúlio e Góis Monteiro, em agosto de 1945) e o chefe da Polícia no Distrito Federal Filinto Muller, o qual, aliás, tinha origem alemã. A suspeita pairava até mesmo sobre a família de Getúlio, uma vez que o seu filho mais velho, o médico Lutero Vargas, era casado com uma alemã. O embaixador dos E.U.A. no Brasil, Jefferson Caffery, demonstrava enorme preocupação com a posição do presidente Getúlio Vargas. 
Lembremos, mais uma vez, que em junho de 1940, a guerra caminhava para um avanço efetivo do Eixo, com a queda da França, a entrada da Itália e a Grã-Bretanha prestes a se tornar a próxima vítima da expansão do Reich alemão. Alguns dias depois, demonstrando contrariedade com a repercussão de seu discurso, Vargas reafirmou o seu pronunciamento, destacando porém, a necessidade do fortalecimento econômico e militar do Brasil, além de enfatizar a união dos países da América (pan-americanismo). Foi nesse momento, que o governo alemão acenou com a possibilidade de estabelecer uma cooperação e autorizou o seu embaixador no Brasil, Curt Prüfer, a conversar com Getúlio e entabular negociações. Berlim mostrou disposição em duplicar o comércio com o Brasil e ajudar na construção da tão ambicionada siderúrgica. E mais, o pagamento desta poderia ser feito em matérias-primas. Apenas uma ressalva, em função do bloqueio naval imposto pelos britânicos desde o início da guerra em 1939, tais acordos apenas poderiam ser concretizados após o final do conflito, com a vitória nazista (naquele momento, algo absolutamente viável)! Hitler exigia apenas que o Brasil mantivesse a neutralidade. A instrução do governo alemão ao seu embaixador: "Evite dar a impressão de que estamos correndo atrás dos brasileiros". Evidentemente, aguardar o fim da guerra era algo que não passava pela cabeça de Getúlio Vargas, uma vez que a margem de negociação e barganha de que dispunha estaria perdida, como bem salienta o biógrafo de Getúlio, Lira Neto, em livro já citado. A oportunidade tinha que ser bem aproveitada e o momento era aquele. 



Representantes do governo brasileiro, entre eles o ministro das Relações Exteriores Osvaldo Aranha (na foto acima, na Conferência de Chanceleres Americanos realizada no Rio de Janeiro, no início de 1942), um conhecido americanófilo (admirador dos Estados Unidos), insistiam junto ao governo norte-americano para que a promessa de ajuda financeira à siderúrgica nacional se tornasse algo mais concreto e objetivo.
Em setembro de 1940, veio a resposta, com a liberação dos 20 milhões de dólares previstos! Em abril de 1941 foi fundada a Companhia Siderúrgica Nacional, uma empresa de economia mista, mas constituída em sua maior parte com recursos do governo brasileiro. No mesmo ano, teve início a construção da mesma em Volta Redonda (RJ). Além disso, ainda no final de 1940, ficou acertada a formação de uma comissão militar mista Brasil-E.U.A., para planejar o reaparelhamento de nossas Forças Armadas. Importante lembrar que nesse momento, o Brasil mantinha a sua neutralidade e os Estados Unidos ainda não estavam diretamente envolvidos no conflito, cenário que iria mudar nos meses seguintes. Por outro lado, a decisão do governo norte-americano de apoiar o projeto siderúrgico do governo Vargas era um claro sinal de aproximação entre os dois países, embora o reaparelhamento das Forças Armadas brasileiras fosse uma questão pendente. 
Em 1941, Getúlio Vargas ainda manteria uma política pendular, acreditando que para manter o interesse norte-americano em estabelecer futuros acordos, era necessário que ainda "pairasse no ar alguma duvida sobre a posição do país", segundo relata o historiador norte-americano John W. Foster Dulles. Por exemplo, em 20 de abril de 1941, Vargas enviou um telegrama de felicitações a Hitler por seu aniversário e, ao mesmo tempo, negociava com o governo norte-americano um acordo para o suprimento de produtos estratégicos como borracha, diamantes, manganês, quartzo, que acabou sendo assinado. Isso significava que essas matérias-primas não seriam mais vendidas aos países do Eixo. Apesar disso, as desconfianças em relação a Vargas persistiram ao longo desse ano. 



Enquanto isso, o cenário da Segunda Guerra sofreu alterações, com o ataque alemão à União Soviética e o bombardeio japonês à Base Norte-Americana de Pearl Harbour, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941. A guerra tornara-se, de fato, mundial. Os já citados países do Eixo contra os Aliados (na charge acima, da esquerda para a direita, os líderes aliados Winston Churchill da Grã-Bretanha, Roosevelt dos E.U.A. e Josef Stálin da União Soviética). Em outubro, outro acordo com os Estados Unidos foi firmado para o fornecimento de armas ao Brasil, pelo sistema do Lend and Lease Act (lei de empréstimo e arrendamento), aos países que sofressem algum tipo de agressão externa. O alvo da lei era claro: o Eixo! Após o ataque japonês ao Havaí, o governo brasileiro prestou solidariedade ao povo norte-americano.



Na III Conferência de Chanceleres das Repúblicas Americanas, realizada no Rio de Janeiro em janeiro de 1942, o governo norte-americano esperava uma posição unânime dos países latino-americanos contra o Eixo, mas enfrentou a resistência da Argentina e do Chile. O subsecretário de Estado americano Sumner Welles conseguiu apenas uma moção recomendando a ruptura com o Eixo (na foto acima, o embaixador norte-americano Jefferson Caffery, o subsecretário Sumner Welles  e o chanceler brasileiro Osvaldo Aranha, em janeiro de 1942). Mas, ao final da Conferência, veio a posição do governo brasileiro pelo efetivo rompimento. Os generais Dutra e Góis Monteiro se opuseram à medida, temendo represálias por parte do Eixo, que poderia vir através de uma agressão submarina contra a navegação de cabotagem (costeira). Dito e feito! Inicialmente, os ataques alemães não se realizaram no litoral brasileiro, mas para que isso ocorresse, era apenas uma questão de tempo. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Ribbentrop, utilizou o governo português como portador de um recado, advertindo o governo brasileiro para não participar da guerra ao lado dos Estados Unidos.
Em outubro de 1942, novos acordos foram firmados pelo governo brasileiro em Washington, com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, para o fornecimento de minério de ferro através da Companhia Vale do Rio Doce (outra estatal criada por Vargas, naquele mesmo ano), financiamentos para a exploração mineral e para reativar a produção de borracha na Amazônia. O Brasil também teve asseguradas as exportações de café e cacau, mesmo nos momentos em que não fosse possível obter transporte para o envio desses produtos. Eram os chamados Acordos de Washington. Simultaneamente, Vargas tinha que apaziguar elementos de seu próprio governo, os que eram a favor e os que eram contra a aproximação com os Estados Unidos.
Os ataques contra navios brasileiros prosseguiram, sobretudo nas Antilhas (Caribe). Mas, em agosto de 1942, dois navios de cabotagem transportando centenas de passageiros, foram torpedeados e afundados por um submarino alemão, no litoral de Sergipe. Outros dois foram atacados pelo mesmo submarino no litoral da Bahia. Em apenas três dias, 610 pessoas morreram, número superior ao de soldados brasileiros mortos nos campos de batalha da Itália, quando do envio da Força Expedicionária Brasileira (FEB), em 1944. Manifestações contra o Eixo ocorreram em quase todo o país, o que serviu para ampliar o apoio e a popularidade de Getúlio Vargas. Por outro lado, essas mesmas manifestações trouxeram a tona a necessidade de mudar os quadros institucionais do país, pois afinal, o Brasil era um ditadura prestes a combater outras ditaduras. 


Em agosto de 1942, o governo brasileiro reconhece o "estado de guerra" contra a Alemanha e a Itália (na imagem acima, capa do jornal Folha da Noite, de 31 de agosto de 1942, destacando a medida do governo). 





Em novembro do mesmo ano, a Comissão Mista de Defesa Brasil-E.U.A., realizou os acertos para promover a defesa do Nordeste brasileiro e a cidade de Natal (RN) foi escolhida para sediar o Comando de Transporte Aéreo Norte-Americano, tendo um aeroporto especialmente construído para isso (nas fotos acima, aviões de carga na base americana de Parnamirim Fields, em Natal). Segundo John W. Foster Dulles, em pouco tempo, o aeroporto foi o mais movimentado do mundo. Outros postos estratégicos norte-americanos foram estabelecidos em Belém (PA) e no arquipélago de Fernando de Noronha.
O ano de 1942 marcou uma virada da Segunda Guerra em favor dos Aliados. Na Batalha de Stalingrado travada dentro da União Soviética, o Exército Vermelho conteve o avanço alemão e no norte da África, os Africa Korps de Hitler estavam praticamente derrotados. Portanto, a hipótese de um ataque alemão ao Nordeste do Brasil, via continente africano, estava definitivamente descartada. Em 1944, o governo brasileiro enviou soldados para os campos de batalha na Europa, através da FEB.




O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), orgão responsável, entre outras coisas, pela censura aos meios de comunicação, atuou na divulgação de imagens positivas a respeito da participação do Brasil no conflito, mostrando que a agressão alemã teria uma resposta (nas imagens acima, dois cartazes de divulgação do DIP). 
A entrada do Brasil na Segunda Guerra gerou efeitos positivos sobre a economia, acelerando o crescimento industrial e o acúmulo de reservas cambiais, em função da compra de matérias-primas estratégicas por parte dos aliados, apesar das dificuldades de acesso às importações de máquinas e equipamentos. Segundo dados fornecidos por Paulo Brandi em seu livro já citado, entre 1939 e 1942 a produção industrial aumentou 3,9% ao ano e entre 1942 e 1945 essa mesma produção cresceu 9,4% ao ano! A indústria pesada não se consolidou, mas a perspectiva de entrada em funcionamento da siderúrgica de Volta Redonda poderia reverter isso. Em 1943, foi criada a Fábrica Nacional de Motores (FNM) para garantir a manutenção e a produção de motores, em função da falta de reposição dos mesmos durante a guerra. A escassez de petróleo estimulou o uso do gasogênio como substituto da gasolina, obtido por meio de um aparelho que transformava, por oxidação incompleta, a madeira ou o carvão no citado gás, que podia ser empregado nos motores a explosão (utilizado em automóveis). A entrada de capitais privados norte-americanos também se intensificou. O planejamento governamental saiu fortalecido, com a criação da Coordenação da Mobilização Econômica, uma espécie de superministério com poderes especiais de regulação da economia, que teve inclusive, a participação de empresários, entre os quais Roberto Simonsen. Ainda em 1942, foi criado o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), órgão subordinado à Confederação Nacional da Indústria (CNI) e mantido pela contribuição obrigatória das empresas.


Nesse contexto ocorreu o encontro dos dois presidentes descrito no início desta postagem (na imagem acima, o encontro entre Vargas e Roosevelt foi destaque da capa do New York Times, no dia seguinte, 29 de janeiro de 1943). Roosevelt ainda discutiu com Vargas a participação do Brasil na criação de um futuro organismo internacional, a fim de preservar e promover a paz mundial. Sim caro leitor, seria a futura Organização das Nações Unidas (ONU). Contudo, terminada a Segunda Guerra Mundial em 1945, as ditaduras "cairam de moda" e as movimentações no sentido de promover a democratização do país cresceram. Sem dúvida, o próprio governo norte-americano teve influência nessas movimentações e Vargas percebeu isso, tanto que, já no início de 1945, tentou se antecipar, acenando com uma liberalização do regime, eleições para o final daquele ano e anistia aos presos políticos. Tudo isso não impediu a sua queda, até porque os sinais de insatisfação partiram também dos próprios militares que participaram da campanha contra o Eixo. E a própria desconfiança em relação a Getúlio Vargas, o qual, ao mesmo tempo em que acenava em direção à normalização democrática, parecia articular, nos bastidores, a sua permanência.
Mas, em que pese o fim da ditadura do Estado Novo (1937-1945), o legado deixado por esses anos se manteve, isso sem nos referirmos a todo o arcabouço da legislação trabalhista, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) criada em 1943. Como avaliar esse legado de forma mais racional, independente de ter sido feito por um presidente-ditador? Quais realizações necessitam ser mantidas em prol do interesse do povo brasileiro? São questões que ainda estamos discutindo, setenta e quatro anos depois do encontro entre os dois presidentes...
Para saber mais: 



Recomendamos uma boa leitura introdutória da chamada Era Vargas (1930-1945) e de sua vida. Trata-se do trabalho do historiador Paulo Brandi, "Vargas: da vida para a história", da Zahar Editores, publicado em 1983 (imagem acima). Além de abordar aspectos interessantes da vida de Getúlio, o trabalho analisa as questões econômicas, políticas e sociais desse período fundamental da história brasileira e que ainda repercute em nossas vidas. 
Crédito das Imagens:
Foto do motorista do jipe: https://tokdehistoria.com.br/2014/02/10/1943-quem-foi-o-motorista-do-jipe-de-roosevelt-e-vargas-em-natal/
Imagem principal de Getúlio e Roosevelt no jipe e foto de Dutra, Getúlio e Góis Monteiro: Getúlio Vargas. Série perfis Brasileiros escrito por Boris Fausto. Cia. das Letras, 2006.
Foto de Osvaldo Aranha na Conferência do Rio de Janeiro em 1942, da capa do jornal Folha da Noite, cartazes do DIP, : Coleção Nosso Século 1930/1945,Abril Cultural, 1980, pags. 212, 218 e 211.
Charge dos três líderes aliados: The Pictorial History of World War II de Charles Messenger. JG Press, p. 126. 
Foto de Jefferson Caffery, Sumner Welles e Osvaldo Aranha em janeiro de 1942. Getúlio Vargas: biografia política escrito por John W. F. Dulles. Editora Renes, 1967.
Capa do jornal New York Times de 29 de janeiro de 1943:
http://sunnycv.com/steve/WW2Timeline/Europe02.html
Fotos da base americana em Natal (RN):
https://tokdehistoria.com.br/2013/09/30/fotos-de-parnamirim-field-na-segunda-guerra-mundial/
Fotos alternativas do encontro entre Vargas e Roosevelt:
http://www.dw.com/pt-br/brasil-relutou-at%C3%A9-entrar-na-guerra-ao-lado-dos-aliados/a-18426613

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