Estamos no já distante ano de 1966! A cidade de São Paulo crescia e recebia populações de todas as partes do Brasil, sobretudo de migrantes nordestinos, os quais chegavam à metrópole atraídos pelas ofertas de emprego, principalmente nos setores industrial e da construção civil, que naquele momento cresciam. A cidade vivia os efeitos da política econômica desenvolvimentista da década anterior, que atraiu para a região, entre outras, a indústria automobilística. Na própria foto acima, dois veículos fabricados aqui e também os mais "populares" naquele momento. Claro, estamos nos referindo ao Volkswagen 1300, o nosso conhecido Fusquinha.
Pois bem, nessa época São Paulo passou a ter também uma outra novidade: o shopping center. A Imagem Histórica de hoje é de 1966, quando da inauguração do Shopping Center Iguatemi, que foi entregue no mês de novembro, daquele mesmo ano. A obra foi construída em um terreno que pertencia à família Matarazzo, na antiga rua Iguatemi, que veio a dar nome ao shopping (mais tarde, Avenida Brigadeiro Faria Lima), próximo do rio Pinheiros, portanto na zona sul de São Paulo. O Shopping Iguatemi foi o primeiro da cidade de São Paulo e do Brasil (embora neste caso, pareça existir uma controvérsia em relação ao Shopping Méier, na cidade do Rio de Janeiro).
A iniciativa de erguer um centro comercial nesse estilo coube ao empresário Alfredo Mathias. Segundo nos relata o site São Paulo In Foco, o empresário promovia churrascos no próprio canteiro de obras para vender as cotas de participação no empreendimento. Naquela época, o negócio não era visto como algo rentável. Um fato curioso para as pessoas que vivem hoje na capital paulista: os shoppings demoraram para emplacar! A Construtora Alfredo Mathias S.A. conseguiu manter o controle do Shopping Iguatemi até 1979 (na foto acima, o shopping em 1967), quando foi adquirida pelo Grupo Jereissati, que com a aquisição iniciou a sua participação no ramo, criando a Iguatemi Empresa de Shoppings Centers. Em 1980, a empresa abriu o Shopping Iguatemi Campinas, na cidade do mesmo nome no interior de São Paulo e em 1983 inaugurou o Shopping Iguatemi Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul. A grande expansão da empresa veio na década de 1990, com a abertura de vários outros shoppings, em diferentes capitais do Brasil, muitos dos quais com o nome Iguatemi, que virou uma marca de referência no segmento. Atualmente, a organização é controlada pela Jereissati Participações S.A., uma holding (empresa cujo capital é formado exclusivamente por ações de outras, as quais são por ela controladas), que inclui várias outras empresas, além de ser acionista da Oi (empresa de telecomunicações), tendo à frente o empresário Carlos Francisco Ribeiro Jereissati (irmão do ex-governador do Ceará e atual senador Tasso Jereissati).
Até os shoppings centers se expandirem em São Paulo, predominava o comércio de rua, sobretudo na área central da cidade, que hoje é chamada de Centro Velho, um eixo localizado entre a Praça da Sé e a Praça da República, e todo o entorno de ruas e avenidas.
Na década de 1960, era muito conhecida a rua Direita (na foto acima, também de 1966) e as suas lojas que atraiam um público vindo sobretudo, dos bairros, os quais não tinham ainda um comércio tão diversificado. Por exemplo, era muito comum as lojas de eletrodomésticos estarem concentradas nessa área central, da mesma forma que as conhecidas lojas de departamentos, entre as quais, sem dúvida, as mais conhecidas eram o Mappin, a Mesbla, a Pirani e a Sears. Poucas mantinham filiais fora da zona central, como a Pirani, que tinha uma loja na Avenida Celso Garcia, no bairro do Brás. Os estabelecimentos que vendiam roupas mais sofisticadas também se concentravam na zona central, como as famosas Ducal e Garbo. Sim, a rua Augusta também começava a se tornar um outro eixo de comércio. Aliás, na direção da própria zona sul da cidade, onde, na década de 1970, começou a se estabelecer o comércio mais sofisticado, na conhecida região dos Jardins. Foi a partir desse momento, que o centro de São Paulo começou a conhecer um esvaziamento lento, que alcançou um verdadeiro declínio nos tempos atuais. A violência urbana (o surgimento dos "trombadinhas" na área central), o trânsito (a cidade demorou para ter metrô) e a própria degradação do centro, contribuíram para esse esvaziamento.
Na década de 1960, era muito conhecida a rua Direita (na foto acima, também de 1966) e as suas lojas que atraiam um público vindo sobretudo, dos bairros, os quais não tinham ainda um comércio tão diversificado. Por exemplo, era muito comum as lojas de eletrodomésticos estarem concentradas nessa área central, da mesma forma que as conhecidas lojas de departamentos, entre as quais, sem dúvida, as mais conhecidas eram o Mappin, a Mesbla, a Pirani e a Sears. Poucas mantinham filiais fora da zona central, como a Pirani, que tinha uma loja na Avenida Celso Garcia, no bairro do Brás. Os estabelecimentos que vendiam roupas mais sofisticadas também se concentravam na zona central, como as famosas Ducal e Garbo. Sim, a rua Augusta também começava a se tornar um outro eixo de comércio. Aliás, na direção da própria zona sul da cidade, onde, na década de 1970, começou a se estabelecer o comércio mais sofisticado, na conhecida região dos Jardins. Foi a partir desse momento, que o centro de São Paulo começou a conhecer um esvaziamento lento, que alcançou um verdadeiro declínio nos tempos atuais. A violência urbana (o surgimento dos "trombadinhas" na área central), o trânsito (a cidade demorou para ter metrô) e a própria degradação do centro, contribuíram para esse esvaziamento.
Com tudo isso, o que até então era novidade, se espalhou por toda a cidade, nos bairros e até nas áreas periféricas, a ponto de se dizer que atualmente, o shopping center é uma espécie de "praia do paulistano" (na foto acima, o Iguatemi em 1971). Para o bem e para o mal! Por que? A concentração do comércio nesses centros de compra, embora seguros e com a grande facilidade de estacionamento (outro drama do paulistano) contribuiu muito para a deterioração do Centro Velho e do comércio de rua. Sim, porque a elite e a classe média simplesmente abandonaram essa região, alegando a insegurança e a degradação. Esse esvaziamento, inclusive de moradores, e isso qualquer especialista em urbanismo pode constatar, atraiu os segmentos marginalizados da sociedade, com o surgimento de bolsões de pobreza, prostituição e de consumo de drogas. A atual "cracolândia" é o ápice desse processo. Ou seja, não houve uma adequação (planejamento) que permitisse às antigas áreas centrais se manterem por meio de outras atividades e com uma estrutura adequada para cuidar dessa população excluída em termos sociais. Ah, a velha questão social! Esse não é um problema exclusivo de São Paulo, ocorreu (e ocorre) em outras cidades brasileiras, como o Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e Belém, por exemplo. Contudo, em outros países, notamos que houve uma preocupação em manter ou recuperar as áreas centrais, as quais atraem os visitantes pela sua vida noturna, o seu comércio, os restaurantes, os museus, os passeios e jardins. Ninguém vai a Nova Iorque para passear em shoppings, como também em Paris ou em Buenos Aires. Aliás, alguém poderia me indicar um shopping center legal em Nova Iorque?
A Imagem Histórica de hoje pertence ao acervo do jornal "O Estado de S. Paulo" e foi tirada, como dissemos, em 1966.
Crédito das outras imagens: Foto do Iguatemi em 1967: http://antigosverdeamarelo.blogspot.com.br/2013/02/shopping-iguatemi-jaguar-xk120-coupe.html
Foto do Iguatemi na década de 1960: Pinterest
Foto da rua Direita em 1966: José Roberto Nery Costa via Facebook.
Foto do Iguatemi em 1971: http://www.saopauloinfoco.com.br/shopping-iguatemi/#jp-carousel-5221
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