O Anúncio Antigo de hoje faz referência à Cruzeiro do Sul, que era uma das quatro grandes companhias aéreas brasileiras no ano de 1972, quando o material publicitário acima foi publicado. As outras três eram a Varig, a Vasp e a Transbrasil, que juntamente com a Cruzeiro dividiam entre si o limitado mercado de transportes aéreos no Brasil. Naquela época poucas pessoas tinham a oportunidade de andar de avião. O tempo passou e muitos puderam desfrutar dessa experiência, até mesmo os mais humildes, como este que vos escreve. Isso tudo foi proporcionado pela estabilidade financeira adquirida na década de 1990, com o controle da inflação e depois pelos reajustes mais generosos das aposentadorias e do próprio salário mínimo, a partir do início do século XXI. Parecia que íamos seguir o exemplo dos norte-americanos, que fazem boa parte de suas viagens internas por via aérea e não por ônibus. Bem, mas isso é uma outra história.
A trajetória da Cruzeiro do Sul tem relação direta com o primeiro voo comercial em nosso país, realizado no início de 1927, por meio de um hidroavião pertencente ao grupo de origem alemã Condor Syndikat e batizado de Atlântico (outro modelo similar recebeu o nome de Pacífico). O aparelho da marca Dornier Wal (que aparece na foto acima) tinha projeto alemão e fabricação italiana, uma vez que os alemães estavam proibidos de produzir aviões pelo Tratado de Versalhes, assinado após a Primeira Guerra Mundial (como se sabe, a Alemanha foi derrotada). O motor era um Rolls-Royce Eagle de 12 cilindros em V e 360 HP de potência. O avião tinha capacidade para transportar entre oito a doze passageiros.
O Condor Syndikat era uma sociedade mercantil (que depois foi incorporada à conhecida companhia aérea alemã Lufthansa) e que estava presente no Brasil para fornecer material aeronáutico. Como a aviação comercial inexistia em nosso país, o grupo Condor assumiu a iniciativa de implantação da mesma, tendo como seu representante o imigrante alemão Otto Ernst Meyer, ex-funcionário da empresa têxtil dos irmãos Lundgreen (mais conhecida como Casas Pernambucanas).
Em Porto Alegre, Meyer conseguiu reunir alguns recursos financeiros junto a outros integrantes da colônia alemã, para trazer o hidroavião Dornier Wal (foto acima) da Alemanha e contratar lá o pessoal especializado (tripulantes), acabando por fechar um acordo com o Condor Syndikat em Hamburgo. Na verdade, Meyer ganhava tempo até poder organizar a sua própria companhia aérea e obter autorização para voar.
Para comprovar a segurança do voo com o hidroavião, o Condor Syndikat convidou o ministro da Viação e Obras Públicas, Vitor Konder, para uma viagem de demonstração entre o Rio de Janeiro e Florianópolis, em janeiro de 1927. A experiência teve bom resultado e o governo federal (na época do presidente Washington Luís) deu autorização especial para a empresa alemã operar em território nacional.
Na manhã do dia 3 de fevereiro de 1927, o mesmo hidroavião Dornier (foto acima) decolou das águas do rio Guaíba, em Porto Alegre, conduzindo os passageiros Maria Echenique, João Fernandes Moreira, Guilherme Gastal e João Oliveira Goulart, sendo os dois últimos os primeiros a pagarem por uma viagem aérea na história da aviação brasileira. Outro passageiro, Boaventura Garcia desistiu da viagem alegando "motivos de força maior". Os passageiros ficavam na parte dianteira do avião, com um espaço amplo, inclusive para os padrões atuais. O "serviço de bordo" resumia-se no fornecimento de chumaços de algodão para colocar nos ouvidos, a fim de suportar o barulho dos motores e chicletes para evitar o "ouvido tapado". Os mesmos eram distribuídos pelo mecânico de voo (não existia aeromoça).
O piloto e o mecânico (também não existia o copiloto) permaneciam em um cockpit (compartimento) com a parte superior aberta, situado debaixo da asa, atrás da hélice dianteira (como aparece na foto acima). Os dois tripulantes eram obrigados a usar uma proteção de couro sobre a cabeça, óculos especiais e jaquetas de couro para enfrentar as intempéries da viagem.
O piloto alemão Rudolf Von Clausbruch percorreu o trecho entre Porto Alegre e a cidade de Rio Grande no estado do Rio Grande do Sul, voando a 160 quilômetros por hora e a baixa altitude (para os parâmetros atuais), entre 20 e 50 metros do chão. Era a chamada "Linha da Lagoa", pois percorria um trecho que correspondia à extensão da Lagoa dos Patos no extremo sul do Brasil. A viagem durou duas horas e quarenta e cinco minutos. Além dos passageiros, o Atlântico levou doze malas postais. Ernst Meyer fiscalizou pessoalmente os detalhes da partida inaugural, inclusive acompanhando os passageiros em uma lancha até o hidroavião. A partir desse momento, estava inaugurada a primeira linha comercial da aviação brasileira. Entre os dias 3 de fevereiro e 15 de junho de 1927 foram feitos 63 voos pela Condor Syndikat, com tripulantes alemães chefiados por Fritz Hammer, tendo como mecânico Franz Nüelle e como piloto Von Clausbruch. Nenhum acidente foi verificado.
Naquele mesmo ano de 1927, Ernst Meyer criou a sua própria companhia, a Viação Aérea Rio-Grandense ou simplesmente Varig, a primeira empresa aérea genuinamente brasileira. O aparelho utilizado na nova companhia foi o mesmo hidroavião Atlântico, que recebeu o prefixo P-BAAA (acima, o Atlântico jé em poder da Varig) e que continuou operando a "Linha da Lagoa" (após o mês de junho de 1927). Por outro lado, o Condor Syndikat teve o nome nacionalizado para Sindicato Condor Ltda. e começou a operar a linha Rio de Janeiro-Porto Alegre. A empresa operou de forma independente da Varig e mantendo os seus vínculos com os alemães. Na Alemanha, o Condor Syndikat foi incorporado a Deutsche Lufthansa e se retirou da sociedade com a Varig, da qual participava com 21% das ações. Porém, a Lufthansa continuou a manter o controle do Sindicato Condor, tornando-se este uma subsidiária da empresa alemã. O Sindicato adquiriu mais aviões e ampliou as suas linhas aéreas, inicialmente na faixa litorânea e depois para o interior, atingindo a Amazônia. No ano de 1942, o Sindicato Condor operava com 28 aviões no Brasil. Em 1944 foi estabelecida a linha até Manaus, capital do estado do Amazonas.
Em meados da década de 1930, vários voos do Sindicato passaram a ser feitos com aviões Junkers Ju-52, de fabricação alemã com três motores, os quais, além dos passageiros, levavam também a mala postal destinada à Europa e aos Estados Unidos (na foto acima, um Junker voando pelo Sindicato Condor). Portanto, o Sindicato e a Varig tiveram a mesma origem, podendo ser consideradas "empresas irmãs", mas operando como companhias aéreas separadas.
Nos anos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) a situação mudou. Aos poucos, o governo brasileiro, comandado pelo presidente e ditador Getúlio Vargas deixou a política de neutralidade, passando a apoiar a causa dos aliados (Estados Unidos, Inglaterra e União Soviética) no conflito contra o Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Com isso, em 1942 o Sindicato Condor foi completamente nacionalizado e o seu controle confiscado dos alemães pelo governo brasileiro. O nome da companhia foi mudado para Serviços Aéreos Condor. Todos os antigos funcionários alemães (que já não eram muitos) foram demitidos. A grande dificuldade para a companhia aérea "repaginada" era obter peças de reposição e novos aviões, tendo como unica alternativa naquele momento os Estados Unidos, cuja indústria aeronáutica superava a europeia, em função do alastramento da guerra.
Representantes das companhias aéreas norte-americanas fizeram tentativas de adquirir o controle acionário da Condor. Sem obter êxito, passaram a estimular a venda de aviões por meio de suas grandes fabricantes: a Boeing, a McDonnell Douglas e a Lockheed. O novo diretor do Condor, José Bento Ribeiro Dantas optou pelo aparelho Douglas DC-3 (foto acima) contrariando a proposta dos emissários dos Estados Unidos, de tentarem impor o modelo Lockheed 18 Lodestar. Dantas teria argumentado que se o Lockheed era melhor, porque as próprias companhias norte-americanas optavam pelo modelo Douglas? Enfim, diante da insistência de Dantas, a escolha ficou com os aviões DC-3, com quatro desses aparelhos vendidos para os Serviços Aéreos Condor, mas com uma nova exigência: mudar novamente o nome da empresa. O termo Condor ainda lembrava as ligações com a Alemanha nazista e o governo dos Estados Unidos não poderia autorizar a venda de seus aviões a uma empresa com essa origem, sobretudo em tempo de guerra. Por isso, no dia 16 de janeiro de 1943, por um decreto do governo brasileiro, a Serviços Aéreos Condor teve o seu nome mudado para Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul Ltda. e no mês seguinte, o primeiro dos quatro DC-3 adquiridos chegou ao Brasil.
Na segunda metade da década de 1940, a Cruzeiro do Sul já operava linhas internacionais e concluiu a substituição da sua frota por outras aeronaves, principalmente de fabricação norte-americana. Além do DC-3, o Convair 340 e o Caravelle (este na imagem acima, um jato de fabricação francesa), o hidroavião Catalina que operava na Amazônia, faziam parte da frota até o início da década de 1960. O Caravelle francês foi o primeiro jato a operar comercialmente no Brasil.
Posteriormente, esses modelos foram substituídos pelos Boeings 727 e 737, na década de 1970 (respectivamente, nas fotos acima).
Em 1969 faleceu José Ribeiro Dantas, que presidia a companhia desde 1942. Com a controversa extinção da Panair do Brasil pelo governo militar, a Cruzeiro do Sul consolidou a sua posição no mercado aéreo nacional. Mas, na década de 1970, a Cruzeiro sofria a forte concorrência da Varig, da Vasp e da Sadia/Transbrasil, além da crise do petróleo. Em função disso, acabou sendo incorporada pela Fundação Rubem Berta, controladora da Varig, em 1975.
A marca (inclusive o logo da companhia, que aparece acima) e o nome foram mantidos, com as duas empresas realizando uma operação consorciada até 1993, quando a Cruzeiro foi totalmente absorvida pela Varig.
Ao que parece, a Varig utilizava a Cruzeiro do Sul para testar modelos novos de aviões, como o Airbus A-330 (fabricado por um consórcio europeu), adquirido em nome da Cruzeiro do Sul em 1979 (foto acima).
As duas empresas "irmãs" acabaram se juntando, em função da conjuntura econômica da década de 1970. No início do século XXI, a Varig faliu e com ela os vestígios da velha Cruzeiro (acima, o logo da Cruzeiro criado para a Semana da Asa de 1972, onde aparece um Boeing 727) desapareceram. Infelizmente, o hidroavião Atlântico, que fez o primeiro voo comercial do Brasil foi desmontado e, ao que parece, não deixou vestígios, exceto uma hélice que ficou no Museu da Varig até a falência desta.
A história de nossa aviação é repleta de fatos interessantes e heroicos, como a travessia do Jahu pelo Oceano Atlântico, naquele mesmo ano de 1927. Isso sem falarmos nas peripécias do aviador Edu Chaves e no pioneirismo de Alberto Santos-Dumont, que fez voar o veículo mais pesado que o ar, o 14 Bis. E ainda teríamos pela frente a Embraer, a nossa grande fabricante de aviões. Enfim, voar é especialidade da casa.
O Anúncio Antigo de hoje foi retirado de um pequeno folheto comemorativo da Semana da Asa de 1972, patrocinado pela Cruzeiro do Sul e que faz parte do acervo do autor. Muitas das informações contidas nesta postagem sobre a façanha do hidroavião Atlântico foram retiradas de um artigo, escrito por Jonas Liasch para o site Cultura Aeronáutica:
http://culturaaeronautica.blogspot.com.br/2013/05/o-nascimento-da-aviação-comercial.html
Crédito das imagens:
Atlântico voando, Junker Ju-52 e logo da Cruzeiro na Semana da Asa de 1972: Folheto comemorativo da Semana da Asa publicado em 1972.
Demais fotos do avião Atlântico: site Cultura Aeronáutica (endereço acima).
Demais fotos coloridas dos aviões da Cruzeiro do Sul e logo da companhia: Wikipédia.
A trajetória da Cruzeiro do Sul tem relação direta com o primeiro voo comercial em nosso país, realizado no início de 1927, por meio de um hidroavião pertencente ao grupo de origem alemã Condor Syndikat e batizado de Atlântico (outro modelo similar recebeu o nome de Pacífico). O aparelho da marca Dornier Wal (que aparece na foto acima) tinha projeto alemão e fabricação italiana, uma vez que os alemães estavam proibidos de produzir aviões pelo Tratado de Versalhes, assinado após a Primeira Guerra Mundial (como se sabe, a Alemanha foi derrotada). O motor era um Rolls-Royce Eagle de 12 cilindros em V e 360 HP de potência. O avião tinha capacidade para transportar entre oito a doze passageiros.
O Condor Syndikat era uma sociedade mercantil (que depois foi incorporada à conhecida companhia aérea alemã Lufthansa) e que estava presente no Brasil para fornecer material aeronáutico. Como a aviação comercial inexistia em nosso país, o grupo Condor assumiu a iniciativa de implantação da mesma, tendo como seu representante o imigrante alemão Otto Ernst Meyer, ex-funcionário da empresa têxtil dos irmãos Lundgreen (mais conhecida como Casas Pernambucanas).
Em Porto Alegre, Meyer conseguiu reunir alguns recursos financeiros junto a outros integrantes da colônia alemã, para trazer o hidroavião Dornier Wal (foto acima) da Alemanha e contratar lá o pessoal especializado (tripulantes), acabando por fechar um acordo com o Condor Syndikat em Hamburgo. Na verdade, Meyer ganhava tempo até poder organizar a sua própria companhia aérea e obter autorização para voar.
Para comprovar a segurança do voo com o hidroavião, o Condor Syndikat convidou o ministro da Viação e Obras Públicas, Vitor Konder, para uma viagem de demonstração entre o Rio de Janeiro e Florianópolis, em janeiro de 1927. A experiência teve bom resultado e o governo federal (na época do presidente Washington Luís) deu autorização especial para a empresa alemã operar em território nacional.
Na manhã do dia 3 de fevereiro de 1927, o mesmo hidroavião Dornier (foto acima) decolou das águas do rio Guaíba, em Porto Alegre, conduzindo os passageiros Maria Echenique, João Fernandes Moreira, Guilherme Gastal e João Oliveira Goulart, sendo os dois últimos os primeiros a pagarem por uma viagem aérea na história da aviação brasileira. Outro passageiro, Boaventura Garcia desistiu da viagem alegando "motivos de força maior". Os passageiros ficavam na parte dianteira do avião, com um espaço amplo, inclusive para os padrões atuais. O "serviço de bordo" resumia-se no fornecimento de chumaços de algodão para colocar nos ouvidos, a fim de suportar o barulho dos motores e chicletes para evitar o "ouvido tapado". Os mesmos eram distribuídos pelo mecânico de voo (não existia aeromoça).
O piloto e o mecânico (também não existia o copiloto) permaneciam em um cockpit (compartimento) com a parte superior aberta, situado debaixo da asa, atrás da hélice dianteira (como aparece na foto acima). Os dois tripulantes eram obrigados a usar uma proteção de couro sobre a cabeça, óculos especiais e jaquetas de couro para enfrentar as intempéries da viagem.
O piloto alemão Rudolf Von Clausbruch percorreu o trecho entre Porto Alegre e a cidade de Rio Grande no estado do Rio Grande do Sul, voando a 160 quilômetros por hora e a baixa altitude (para os parâmetros atuais), entre 20 e 50 metros do chão. Era a chamada "Linha da Lagoa", pois percorria um trecho que correspondia à extensão da Lagoa dos Patos no extremo sul do Brasil. A viagem durou duas horas e quarenta e cinco minutos. Além dos passageiros, o Atlântico levou doze malas postais. Ernst Meyer fiscalizou pessoalmente os detalhes da partida inaugural, inclusive acompanhando os passageiros em uma lancha até o hidroavião. A partir desse momento, estava inaugurada a primeira linha comercial da aviação brasileira. Entre os dias 3 de fevereiro e 15 de junho de 1927 foram feitos 63 voos pela Condor Syndikat, com tripulantes alemães chefiados por Fritz Hammer, tendo como mecânico Franz Nüelle e como piloto Von Clausbruch. Nenhum acidente foi verificado.
Naquele mesmo ano de 1927, Ernst Meyer criou a sua própria companhia, a Viação Aérea Rio-Grandense ou simplesmente Varig, a primeira empresa aérea genuinamente brasileira. O aparelho utilizado na nova companhia foi o mesmo hidroavião Atlântico, que recebeu o prefixo P-BAAA (acima, o Atlântico jé em poder da Varig) e que continuou operando a "Linha da Lagoa" (após o mês de junho de 1927). Por outro lado, o Condor Syndikat teve o nome nacionalizado para Sindicato Condor Ltda. e começou a operar a linha Rio de Janeiro-Porto Alegre. A empresa operou de forma independente da Varig e mantendo os seus vínculos com os alemães. Na Alemanha, o Condor Syndikat foi incorporado a Deutsche Lufthansa e se retirou da sociedade com a Varig, da qual participava com 21% das ações. Porém, a Lufthansa continuou a manter o controle do Sindicato Condor, tornando-se este uma subsidiária da empresa alemã. O Sindicato adquiriu mais aviões e ampliou as suas linhas aéreas, inicialmente na faixa litorânea e depois para o interior, atingindo a Amazônia. No ano de 1942, o Sindicato Condor operava com 28 aviões no Brasil. Em 1944 foi estabelecida a linha até Manaus, capital do estado do Amazonas.
Em meados da década de 1930, vários voos do Sindicato passaram a ser feitos com aviões Junkers Ju-52, de fabricação alemã com três motores, os quais, além dos passageiros, levavam também a mala postal destinada à Europa e aos Estados Unidos (na foto acima, um Junker voando pelo Sindicato Condor). Portanto, o Sindicato e a Varig tiveram a mesma origem, podendo ser consideradas "empresas irmãs", mas operando como companhias aéreas separadas.
Nos anos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) a situação mudou. Aos poucos, o governo brasileiro, comandado pelo presidente e ditador Getúlio Vargas deixou a política de neutralidade, passando a apoiar a causa dos aliados (Estados Unidos, Inglaterra e União Soviética) no conflito contra o Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Com isso, em 1942 o Sindicato Condor foi completamente nacionalizado e o seu controle confiscado dos alemães pelo governo brasileiro. O nome da companhia foi mudado para Serviços Aéreos Condor. Todos os antigos funcionários alemães (que já não eram muitos) foram demitidos. A grande dificuldade para a companhia aérea "repaginada" era obter peças de reposição e novos aviões, tendo como unica alternativa naquele momento os Estados Unidos, cuja indústria aeronáutica superava a europeia, em função do alastramento da guerra.
Representantes das companhias aéreas norte-americanas fizeram tentativas de adquirir o controle acionário da Condor. Sem obter êxito, passaram a estimular a venda de aviões por meio de suas grandes fabricantes: a Boeing, a McDonnell Douglas e a Lockheed. O novo diretor do Condor, José Bento Ribeiro Dantas optou pelo aparelho Douglas DC-3 (foto acima) contrariando a proposta dos emissários dos Estados Unidos, de tentarem impor o modelo Lockheed 18 Lodestar. Dantas teria argumentado que se o Lockheed era melhor, porque as próprias companhias norte-americanas optavam pelo modelo Douglas? Enfim, diante da insistência de Dantas, a escolha ficou com os aviões DC-3, com quatro desses aparelhos vendidos para os Serviços Aéreos Condor, mas com uma nova exigência: mudar novamente o nome da empresa. O termo Condor ainda lembrava as ligações com a Alemanha nazista e o governo dos Estados Unidos não poderia autorizar a venda de seus aviões a uma empresa com essa origem, sobretudo em tempo de guerra. Por isso, no dia 16 de janeiro de 1943, por um decreto do governo brasileiro, a Serviços Aéreos Condor teve o seu nome mudado para Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul Ltda. e no mês seguinte, o primeiro dos quatro DC-3 adquiridos chegou ao Brasil.
Na segunda metade da década de 1940, a Cruzeiro do Sul já operava linhas internacionais e concluiu a substituição da sua frota por outras aeronaves, principalmente de fabricação norte-americana. Além do DC-3, o Convair 340 e o Caravelle (este na imagem acima, um jato de fabricação francesa), o hidroavião Catalina que operava na Amazônia, faziam parte da frota até o início da década de 1960. O Caravelle francês foi o primeiro jato a operar comercialmente no Brasil.
Posteriormente, esses modelos foram substituídos pelos Boeings 727 e 737, na década de 1970 (respectivamente, nas fotos acima).
Em 1969 faleceu José Ribeiro Dantas, que presidia a companhia desde 1942. Com a controversa extinção da Panair do Brasil pelo governo militar, a Cruzeiro do Sul consolidou a sua posição no mercado aéreo nacional. Mas, na década de 1970, a Cruzeiro sofria a forte concorrência da Varig, da Vasp e da Sadia/Transbrasil, além da crise do petróleo. Em função disso, acabou sendo incorporada pela Fundação Rubem Berta, controladora da Varig, em 1975.
A marca (inclusive o logo da companhia, que aparece acima) e o nome foram mantidos, com as duas empresas realizando uma operação consorciada até 1993, quando a Cruzeiro foi totalmente absorvida pela Varig.
Ao que parece, a Varig utilizava a Cruzeiro do Sul para testar modelos novos de aviões, como o Airbus A-330 (fabricado por um consórcio europeu), adquirido em nome da Cruzeiro do Sul em 1979 (foto acima).
A história de nossa aviação é repleta de fatos interessantes e heroicos, como a travessia do Jahu pelo Oceano Atlântico, naquele mesmo ano de 1927. Isso sem falarmos nas peripécias do aviador Edu Chaves e no pioneirismo de Alberto Santos-Dumont, que fez voar o veículo mais pesado que o ar, o 14 Bis. E ainda teríamos pela frente a Embraer, a nossa grande fabricante de aviões. Enfim, voar é especialidade da casa.
O Anúncio Antigo de hoje foi retirado de um pequeno folheto comemorativo da Semana da Asa de 1972, patrocinado pela Cruzeiro do Sul e que faz parte do acervo do autor. Muitas das informações contidas nesta postagem sobre a façanha do hidroavião Atlântico foram retiradas de um artigo, escrito por Jonas Liasch para o site Cultura Aeronáutica:
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Crédito das imagens:
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Demais fotos do avião Atlântico: site Cultura Aeronáutica (endereço acima).
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