segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Anúncio Antigo 74: Elvis Presley in Concert




Elvis Presley jamais esteve no Brasil. Aliás, tirando o período do serviço militar, entre os anos de 1958 e 1959 e uma única apresentação no Canadá, ele nunca deixou os Estados Unidos. Ah, mas ele não fez aquele show no Havaí em 1973 (Aloha from Hawaii) e esteve lá também para filmar? Bem, o Havaí é um estado pertencente à Federação dos Estados Unidos, embora possa ser considerado o mais isolado. Portanto, as várias idas de Elvis ao conhecido arquipélago do Oceano Pacífico podem ser consideradas como dentro do território daquele país. Afirma-se com certa segurança, que a razão pela qual o cantor nunca realizou excursões para outros países se devia ao fato de seu empresário, o Coronel Tom Parker, não ter regularizado a sua situação como imigrante nos Estados Unidos (ele tinha origem holandesa). Se Parker saísse do país poderia não voltar mais. O fato é que o rei do rock'n roll nunca se apresentou pra valer fora do território estadunidense. 


Porém, duas décadas após a sua morte, surgiu a feliz ideia de reunir parte de sua última banda, a TCB (abreviatura de Taking Care of Business) e a orquestra do maestro Joe Guercio (imagem acima, com roupa escura), para a realização de vários shows ao vivo, com a imagem do cantor em tela grande. E este espetáculo excursionou pelo mundo, desembarcando aqui no Brasil em 2012 e retornando no ano seguinte, apresentando-se em várias capitais, incluindo São Paulo. Os músicos que tomaram parte nesses espetáculos eram praticamente os mesmos que acompanhavam Elvis em seus shows na década de 1970, sobretudo nas temporadas de Las Vegas e no famoso espetáculo Aloha from Hawaii, transmitido ao vivo, via satélite, em janeiro de 1973. 



Entre eles destacam-se o guitarrista James Burton (primeira imagem acima), o pianista Glen Hardin e o baterista Ronnie Tutt. Além desses instrumentistas, tivemos também as cantoras do conjunto The Sweet Inspirations (imagem acima), do qual Dionne Warwick (em início de carreira) e Cissy Houston (mãe de Whitney) tomaram parte. Praticamente foi a estrutura e o repertório de canções do show Aloha from Hawaii, que serviram para a montagem do Elvis Presley in Concert.  



Aqui em São Paulo, os músicos se apresentaram no Ginásio do Ibirapuera e este que vos escreve teve a oportunidade de vê-los ao vivo no ano de 2012, como parte do evento Elvis Experience, que também trouxe objetos pessoais e roupas do cantor, diretamente da mansão de Graceland (residência de Elvis Presley), localizada na cidade de Memphis, no Estado do Tennessee. A viúva de Elvis, Priscila Presley, esteve presente nesse evento, o qual ela mesma ajudou a promover. Eram outros tempos e o nosso país tinha mais prestígio no mundo. 
Talvez tenha sido uma oportunidade única, pois grande parte dos músicos que acompanhavam Elvis já ultrapassaram a casa dos 80 anos. O maestro Joe Guercio, por exemplo, faleceu em 2015. O grande guitarrista James Burton tem 81 anos. Pouco provável que eles voltem a fazer outra excursão por estas bandas. 


O Anúncio Antigo 74 (acima, detalhe do mesmo), não tão antigo assim, foi publicado no jornal Folha de S. Paulo, edição de 04.10.2013, página E1, Caderno Ilustrada. 
Crédito das imagens: 
Fotogramas extraídos do documentário Elvis Triunfal (Elvis on Tour, 1972) dirigido por Pierre Adidge e Robert Abel. DVD Warner Brothers. 

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Imagens Históricas 52: Seleção Brasileira de Futebol na Copa de 1958

 

A foto acima é da época do "futebol raiz", como muitos se referem aos tempos heroicos dessa modalidade esportiva. Trata-se da Seleção Brasileira nos preparativos para a Copa do Mundo de 1958 na Suécia, que daria o primeiro título mundial ao Brasil. Os jogadores estavam concentrados em Poços de Caldas (MG) aguardando a chegada de um trem. Naquela época, jogador de futebol voltava para casa após um grande jogo utilizando transporte público. Que o diga o grande Pepe, jogador do Santos Futebol Clube nos tempos de Pelé e Coutinho, que também fez parte do timaço de 1958 na Copa. Certa feita, já tarde da noite, saiu de um jogo do Santos e pegou um coletivo no retorno à sua casa, quando um indivíduo sentou-se ao seu lado e disparou: "Nossa, você se parece com aquele jogador do Santos, o Pepe...". Eram outros tempos. Imaginem essa cena hoje. Você andando no metrô e ao seu lado sentado, um Neymar ou um Gabigol! Mas, vamos à imagem acima e identificar os protagonistas daquele momento inesquecível de nosso futebol. Da esquerda para a direita: Nilton Santos, Dino Sani, o goleiro Gilmar, Bellini, o gigante das pernas tortas Garrincha, Moacir, Dida, Joel, Mazzola, Zagalo e Pelé, que neste ano de 2020 completa 80 anos (na época da foto tinha apenas 17). 

Até hoje se discute qual seleção foi melhor, essa de 1958 ou a de 1970? E ainda temos a de 1982, que embora não tenha trazido o título, encantou enquanto esteve na competição, sendo mais lembrada do que a da Itália, que foi campeã. Inevitável também a comparação com o futebol brasileiro de hoje, quando se fala muito em técnico, se deveria ser nacional ou estrangeiro. Em 1958 era só colocar as feras pra jogar, pois a convocação sempre tinha como espinha dorsal um ou dois times, que seriam os melhores do país. Os jogadores já se conheciam. Aliás, alguém lembra quem era o técnico na época? Vicente Feola, que diziam que chegava a dormir durante os jogos. Também, com o time que tinha nas mãos, podia se permitir a esse luxo. 

A Imagem Histórica acima me foi enviada num grupo de torcedores que acompanho na internet...

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Imagens Históricas 51: João Dória e a Campanha das Diretas Já



Uma foto de 1984 que diz muito pouco a respeito das posições políticas do personagem nos tempos atuais. Um jovem de 27 anos chamado João Agripino da Costa Dória Junior ou apenas João Dória (na foto acima, do lado direito) em plena "Campanha das Diretas Já". Naquela época uma ampla frente política começava a se formar contra a ditadura militar. Muitas lideranças começaram a "deixar o barco" do antigo regime, cujo fim estava próximo. Porém, os que ainda estavam nesse barco, sobretudo os integrantes do Congresso Nacional, eram em número suficiente para barrar a emenda do deputado oposicionista Dante de Oliveira, que propunha o restabelecimento imediato das eleições diretas para presidente, na sucessão do General João Baptista Figueiredo (1979-1985). A pressão das ruas por meio da "Campanha das Diretas" não foi suficiente para mudar a decisão de alguns parlamentares. Como sabemos, a eleição acabou sendo realizada de acordo com as normas estabelecidas na ditadura, por um Colégio Eleitoral (congressistas e representantes das assembleias estaduais), ou seja, de forma indireta. Contudo, a chapa liderada pelo oposicionista Tancredo Neves derrotou a chapa governista liderada por Paulo Maluf. Tancredo recebeu o apoio do antigo líder do governo militar no Congresso, o senador José Sarney, que se tornou o seu vice. O resto e a tragédia da morte precoce de Tancredo, já são por demais conhecidas, fazendo de José Sarney o primeiro civil a ocupar a presidência desde o Golpe de 1964. 
Nomes importantes do meio artístico e cultural participaram da Campanha das Diretas, como a atriz da TV Globo, Cristiane Torloni (que aparece na imagem acima ao lado do jovem João Dória). Já a própria TV Globo boicotou a cobertura do evento, recebendo sonoras vaias nos comícios das Diretas, que percorreram o Brasil. Na época, João Dória era um jovem publicitário que manifestava a sua divergência em relação à permanência dos militares. Um liberal democrata bem comportado e alinhado com a vontade das ruas. Com o apoio de Franco Montoro, então governador de São Paulo, Dória foi indicado para ser Secretário Municipal de Turismo na administração Mário Covas (1983-1986) e assumiu também a gestão da antiga Paulistur, que como diz o nome, cuidava do estímulo ao turismo na capital paulista. Nessas funções, recebeu a incumbência de organizar a Campanha pelas Diretas Já na cidade de São Paulo. Posteriormente, no governo do presidente José Sarney, João Dória tornou-se presidente da Embratur. Ainda na foto acima, ao fundo e meio escondido (entre Torloni e Dória), um José Serra já de olho nas possibilidades abertas pelo fim da ditadura e que sempre se gabou de ter sido um homem talhado para exercer o cargo máximo de nossa frágil república, a de presidente. Para o bem e para o mal, os dois teriam caminhos a percorrer nas quase quatro décadas seguintes. 
A Imagem História acima pertence ao acervo do jornal O Estado de S. Paulo...