quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Imagens Históricas 40: a primeira foto de uma figura humana



Muitos acontecimentos ocorridos na história podem ser caracterizados como sendo "a primeira vez". Por exemplo, a primeira fotografia a registrar a presença de uma figura humana. Pois é o que a imagem histórica de hoje nos revela. A foto é de 1838 e mostra o Boulevard du Temple, no centro de Paris, nos primórdios do desenvolvimento do processo fotográfico. Um indivíduo está no canto inferior esquerdo (imagem acima) e, ao que parece, está tendo os seus sapatos engraxados por outra pessoa, menos perceptível. E vejam que curioso, exatamente por isso esse cidadão apareceu na foto, por ter permanecido ali por aproximadamente dez minutos. Naquela época, o tempo de exposição para se obter uma imagem em uma placa de metal, depois transformada em foto, era exatamente esse. Em razão disso, temos a impressão de que a rua está deserta, o que é um engano, pois as demais pessoas não permaneceram paradas por tanto tempo. 



A autoria da foto coube a Louis-Jacques-Mandé Daguerre ou simplesmente Louis Daguerre (1787-1851), pintor (de cenários de ópera) e físico francês, pioneiro da fotografia ao introduzir o processo que levou o seu nome: daguerreótipo (acima, Daguerre em uma foto feita pelo processo criado por ele mesmo, de 1844). Pioneiro, pois antes dele, o também francês Nicéphore Niépce havia feito aquela que é considerada a primeira fotografia, de uma paisagem, em 1826. Contudo, o seu processo exigia aproximadamente oito horas de tempo de exposição para se obter a foto e a imagem não era de boa qualidade. Daguerre, que praticamente trabalhou junto a Niépce, continuou os seus experimentos após a morte deste e desenvolveu uma nova técnica, reduzindo o tempo de exposição. A imagem era fixada em uma placa de cobre banhada com iodeto de prata, formando uma superfície espelhada e sensível, colocada dentro de uma caixa escura. Após deixar cair (acidentalmente), mercúrio (de um termômetro) sobre uma dessas placas, Daguerre descobriu que poderia revelar as imagens com maior rapidez, com pouco mais de vinte minutos de exposição. Nessa etapa, era difícil tirar fotos de pessoas, pois as mesmas tinham que ficar imóveis por todo esse tempo. Contudo, o procedimento foi aprimorado, com a melhora das lentes e na sensibilidade das placas (com o uso de brometo de prata ou cloreto de prata) reduzindo ainda mais o tempo de exposição. Com isso, as fotos de pessoas tornaram-se mais comuns, inclusive de indivíduos mortos, que eram vestidos e colocados em cadeiras ou sofás e fotografados junto à família. Era a forma encontrada de se ter a imagem guardada do ente querido. 


Louis Daguerre não patenteou a nova técnica, optando ao invés disso, em receber uma pensão vitalícia do governo francês (na foto acima, um daguerreótipo original). Por isso, o seu aperfeiçoamento se disseminou rapidamente pelo mundo, inclusive aqui no Brasil, através do imperador D. Pedro II, um entusiasta da fotografia. Os tempos da Primeira Revolução Industrial foram cheios de novidades, as quais, na segunda metade do século XIX, pareciam não ter mais fim. Trata-se de algo nunca visto pela humanidade até então...
Crédito das imagens: Wikipédia. 

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