Tudo foi estranho nesta novela. A trama, os bastidores, a autora e a relação desta com o elenco. Que tal uma novela cuja história se passa na cidade norte-americana de Chicago, na década de 1920, nos tempos da Lei Seca (que proibia o consumo de álcool) e do chefão Al Capone? Pois é, a TV Globo já fez uma novela assim e se chamava "A Gata de Vison". O teledrama foi exibido em 169 capítulos entre 26.06.1968 e 06.01.1969 no horário das 21:30 (ainda não existia o horário das oito, que depois virou das nove).
A trama foi escrita pela autora mais importante da emissora na época, a exilada cubana Maria Magdalena Iturrioz y Placencia, mais conhecida como Glória Magadan. Era famosa também por seu ódio a Fidel Castro e ao comunismo (ela chegou a vetar a contratação do grande ator Mario Lago, alegando ser este vinculado ao Partido Comunista Brasileiro).
Na época deste anúncio, em 1968, ela era diretora da Central Globo de Telenovelas. Glória Magadan (foto acima) abandonou Cuba após a Revolução de 1959 e refugiou-se em Porto Rico, onde foi contratada por uma agência publicitária que detinha a conta da Colgate-Palmolive. Lá começou a escrever telenovelas patrocinadas por essa empresa. Após uma curta passagem pela Venezuela, Glória Magadan veio para o Brasil trazendo toda a sua experiência de autora, chegando a trabalhar na TV Tupi até ser contratada pela TV Globo do Rio de Janeiro em 1965. Segundo ela, a telenovela "é um produto a ser vendido comercialmente. Igual a uma geladeira, a um par de sapatos ou a um tipo de tecido. Não é literatura nem subliteratura: é um produto industrial" (declaração da própria autora na revista Veja, de 14.05.1969, p. 62).
A trama foi escrita pela autora mais importante da emissora na época, a exilada cubana Maria Magdalena Iturrioz y Placencia, mais conhecida como Glória Magadan. Era famosa também por seu ódio a Fidel Castro e ao comunismo (ela chegou a vetar a contratação do grande ator Mario Lago, alegando ser este vinculado ao Partido Comunista Brasileiro).
Na época deste anúncio, em 1968, ela era diretora da Central Globo de Telenovelas. Glória Magadan (foto acima) abandonou Cuba após a Revolução de 1959 e refugiou-se em Porto Rico, onde foi contratada por uma agência publicitária que detinha a conta da Colgate-Palmolive. Lá começou a escrever telenovelas patrocinadas por essa empresa. Após uma curta passagem pela Venezuela, Glória Magadan veio para o Brasil trazendo toda a sua experiência de autora, chegando a trabalhar na TV Tupi até ser contratada pela TV Globo do Rio de Janeiro em 1965. Segundo ela, a telenovela "é um produto a ser vendido comercialmente. Igual a uma geladeira, a um par de sapatos ou a um tipo de tecido. Não é literatura nem subliteratura: é um produto industrial" (declaração da própria autora na revista Veja, de 14.05.1969, p. 62).
Pois bem, vamos à história e aos personagens, que tinham nomes em inglês, como nos filmes de Hollywood. Uma jovem, Maggie Parker (vivida pela atriz Yoná Magalhães) estava sentimentalmente dividida entre o detetive Bob Ferguson (vivido por Tarcísio Meira) e o gângster Falconi (vivido por Geraldo Del Rey). Maggie tinha uma irmã gêmea, Dolly Parker (claro, vivida pela mesma atriz que aparece na foto acima) que se enriquecera com o crime e que veio a falecer. Seus aliados convencem a irmã a assumir a identidade de Dolly para manter os seus negócios. Maggie, inicialmente controlada pela quadrilha da irmã, acaba assumindo o comando da organização criminosa e conhece o detetive Bob Ferguson, mantendo um envolvimento sentimental com o mesmo. Que história!
A novela não fez sucesso e o público sentiu a troca dos pares românticos. Tarcísio Meira deixou a sua esposa Glória Menezes para atuar ao lado de Yoná Magalhães. Glória, por sua vez, atuava ao lado do ator Carlos Alberto na novela Passo dos Ventos (ver Anúncio Antigo 2). Além disso, a autora da novela, Glória Magadan, começou a viver na vida real um caso amoroso com o ator Geraldo Del Rey, que vivia o vilão na trama. Resultado: o personagem dele de vilão virou mocinho. Descontente, o ator Tarcísio Meira simplesmente deixou a novela. A personagem de Yoná Magalhães formou par romântico com outro ator substituto, Milton Rodrigues. Para complicar ainda mais os bastidores da novela, o ator Celso Marques que fazia um dos gângsters, morreu durante as gravações em um acidente de automóvel, dois dias antes de completar 26 anos. Diante de tudo isso, a novela não poderia dar certo. A vida real era mais dramática do que a própria novela.
Os dias de Glória Magadan como autora de novelas na Globo estavam contados. Em maio de 1969 ela foi demitida. Segundo consta em uma matéria da revista Veja de 14.05.1969, ela foi dispensada em meio à contratação do ator Sergio Cardoso, que foi feita sem a sua concordância. As novelas de época na emissora estavam chegando ao fim depois do êxito de Beto Rockfeller na TV Tupi, com uma história mais próxima da realidade brasileira. Com a modernização dos formatos das novelas, o caminho ficou aberto para Janete Clair (que era assistente de Glória Magadan) que logo se consagrou como uma das grandes autoras da teledramaturgia nacional, junto com o seu marido, Dias Gomes. Aliás, um notório comunista...
O Anúncio Antigo de hoje foi publicado na Revista Veja, edição de 25.09.1968.
Os dias de Glória Magadan como autora de novelas na Globo estavam contados. Em maio de 1969 ela foi demitida. Segundo consta em uma matéria da revista Veja de 14.05.1969, ela foi dispensada em meio à contratação do ator Sergio Cardoso, que foi feita sem a sua concordância. As novelas de época na emissora estavam chegando ao fim depois do êxito de Beto Rockfeller na TV Tupi, com uma história mais próxima da realidade brasileira. Com a modernização dos formatos das novelas, o caminho ficou aberto para Janete Clair (que era assistente de Glória Magadan) que logo se consagrou como uma das grandes autoras da teledramaturgia nacional, junto com o seu marido, Dias Gomes. Aliás, um notório comunista...
O Anúncio Antigo de hoje foi publicado na Revista Veja, edição de 25.09.1968.
Fonte das fotos de Glória Magadan e Yoná Magalhães: www.teledramaturgia.com.br e arquivo do jornal "O Globo" respectivamente.
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