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sábado, 14 de fevereiro de 2015

Imagens Históricas 16: Congestionamento em São Paulo



Para os desavisados, que imaginam que o trânsito congestionado de São Paulo é algo recente, eis uma imagem que não deixa dúvidas de que o mesmo era complicado já há algumas décadas. A foto acima provavelmente refere-se ao ano de 1969 (a fonte não indica a data precisa), publicada em uma edição especial da revista Veja, sobre o legado da década de 1960. Mostra o vale do Anhangabaú, antes da reforma feita por Jânio Quadros, na sua segunda passagem pela Prefeitura de São Paulo, a partir de 1985.
Um desses legados, pelo menos para a cidade de São Paulo, foram os congestionamentos. Dados estatísticos já confirmavam que o trânsito matava mais no mundo do que as guerras da Coréia e do Vietnã juntas. Ou seja, ir à uma guerra poderia estar se tornando menos perigoso do que atravessar a rua de uma grande cidade. Em 1968, três mil pessoas haviam morrido nas capitais brasileiras, vítimas de acidentes de trânsito. Na cidade de São Paulo, morriam duas pessoas por dia e no Rio de Janeiro eram constatados 60 acidentes envolvendo os veículos motorizados, diariamente. Impressionados com as estatísticas? Atualmente, morrem em São Paulo quase dois motoqueiros por dia, fora os envolvidos em acidentes com automóveis, caminhões, ônibus e atropelamentos. 
Em 1966, a cidade de São Paulo tinha um veículo para cada doze habitantes, sendo que dois anos depois, esse número subiu para um veículo para cada sete habitantes, com um total de 600 mil veículos em circulação na capital paulista, segundo constatava a edição especial da revista Veja, com o balanço daquela década. 
No caso brasileiro, isso foi fruto da política de estímulo ao transporte automotivo, impulsionado pelo Governo de Juscelino Kubitschek, a partir de 1956, com a implantação das fábricas de automóveis no Brasil, a construção de estradas de rodagem e o apelo consumista à compra de veículos de passeio, como um sinal de status social. Nos anos da Ditadura Militar (1964-1985) esse apelo ganhou o reforço do curto período de crescimento econômico, chamado de Milagre, a partir de 1968 e até 1973, quando ocorreu a crise do petróleo. Bem, pelo que estamos vendo, outras alternativas de transporte não foram estimuladas? Em termos. São Paulo começou, desde o final da década de 1960, a construção de seu metrô. Mas a implantação do mesmo foi tardia. Outras grandes cidades do mundo tinham iniciado a implantação de linhas férreas subterrâneas acompanhando o crescimento urbano, desde o início do século XX. Isso foi feito em cidades como Londres, Nova Iorque e até mesmo na América Latina, em Buenos Aires. Na capital paulista o impulso inicial para construção do metrô parou nas décadas de 1980 e 1990. E aí veio o que hoje chamamos de questão da mobilidade urbana. O nome mudou, mas o problema é antigo, como mostra a foto acima.
A Imagem Histórica de hoje, foi publicada em "Os Anos 60: A Década que Mudou Tudo". Edições Veja, 1970 (data provável), pag. 131. 

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