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sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Campanha "Vacina para todos"


Uma campanha sem paralelo e de enorme significação nestes tempos obscuros, sobretudo por envolver pessoas ligadas à cultura. Em meio à pandemia da covid-19, um grupo de artistas da cidade de Uberaba (MG) desenvolveu (e desenvolve) uma ação em prol da vacinação em massa da população. Desde março de 2021, todas os dias, uma obra de arte é publicada nas redes sociais com os dizeres "Vacina para todos" (como a que aparece na imagem acima). Trata-se de um exemplo notável de como a mobilização da coletividade por uma causa pode se multiplicar. No início foram dez artistas participantes e agora chega a quase uma centena, com notável alcance, sobretudo se pensarmos que Uberaba não é uma grande metrópole como Belo Horizonte ou São Paulo. A cidade, situada no Triângulo Mineiro, disputa com Uberlândia a primazia regional. 

É de conhecimento amplo as repercussões geradas pela pandemia nos mais variados seguimentos da sociedade, como também a falta de iniciativas consistentes por parte do poder público em socorrer os que, além da ameaça à própria vida, perderam as suas colocações no mercado de trabalho. Agora imaginem aqueles que já se encontravam em situação vulnerável mesmo antes da covid-19, os nossos artistas plásticos, músicos, poetas, escritores, atores e técnicos envolvidos na produção das artes de modo geral, sobretudo os que não tem acesso à cobertura midiática. Os cortes promovidos nas atividades artísticas já atingiam esse segmento, o qual, ao contrário do que divulgam os desavisados e pobres de espírito humanístico, tem uma importância crucial nas nossas vidas, para a formação de nossa juventude e como guia em prol de uma sociedade melhor. Com a pandemia, os teatros, as galerias de arte, os centros culturais, os cinemas, ficaram fechados por quase dois anos. A necessidade do isolamento impediu os contatos diretos, que foram substituídos por encontros virtuais, muitas vezes repetitivos e, por sua própria natureza, carentes de calor humano. 

Mas, como vivemos em sociedade, quer alguns poucos aceitem ou não, as situações extremas também despertam nos indivíduos as atitudes humanitárias. Por isso, muitos artistas encontraram na solidariedade o caminho para seguir em frente de forma criativa, aliás algo que é próprio daqueles que produzem arte. O atraso e as deficiências na vacinação por parte das autoridades foram tomados como ponto de partida. 



Assim teve início a campanha "Vacina para todos", onde a palavra "todos" foi colocada de forma enfática, pois sem a imunização de pelo menos 90% da população demoraremos mais para sair desse pesadelo chamado covid-19 (acima, trabalhos apresentados na campanha). 

Mas aí o aspecto contraditório. As vacinas foram descobertas e continuam sendo aperfeiçoadas, inclusive aqui no Brasil, sobretudo pelo Instituto Butantan em São Paulo. Ao contrário do que aconteceu em outros momentos da história, como na conhecida peste bubônica do século XIV, na gripe espanhola (que deveria se chamar gripe estadunidense) do início do século XX e com a Aids, existe o mais importante: a vacina. 

No entanto, ninguém imaginava outro inimigo, tão temido quanto a própria covid: o negacionismo. A descrença na ciência parece não ser própria destas bandas, está generalizada, inclusive nos países ditos desenvolvidos, como os Estados Unidos e entre os integrantes da União Europeia. No caso estadunidense, as autoridades chegaram ao cúmulo de pagar para que as pessoas se vacinassem. Na Áustria, a vacinação esbarra na descrença, os casos voltaram a crescer e surge a ameaça de novo lockdown

Afirmações completamente desprovidas de sentido são disseminadas em torno das vacinas, como a de alterarem o ciclo menstrual das mulheres ou de provocarem problemas cardíacos nos homens (acima, cartões confeccionados e distribuídos na campanha). Tudo isso sem o amparo dos estudos científicos ou mesmo na própria medicina. Além disso, a desconsideração de determinadas vacinas por razões políticas, embora na literatura científica tivessem a eficácia comprovada, em função do confronto global que vivenciamos no presente momento.


Felizmente, a iniciativa do "Vacina para todos" ganhou repercussão, como a matéria de página inteira no "Jornal de Uberaba" celebrando os cem dias da campanha e até como outdoor numa das principais ruas da cidade (imagens acima). Sem dúvida, ficará como registro histórico notável desta época e do que é capaz uma mobilização coletiva no sentido de transformar e mudar a realidade. 

Por todas essas razões vamos parabenizar a inciativa desses artistas e da arte educadora (e também artista plástica) Elisa Muniz Barretto de Carvalho, uma das responsáveis pela divulgação da campanha. Este que vos escreve sente enorme orgulho de poder contribuir com a mesma por meio do trabalho "Autorretrato na Pandemia". Que venham outras iniciativas como essa e que a união desenhada, literalmente, por esses artistas se expresse em novas manifestações culturais assim que voltarmos ao normal ou ao novo normal, e que este surja com muita arte...

Crédito das imagens:

Cedidos pela artista plástica e arte educadora Elisa Muniz Barretto de Carvalho.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Giorgio Morandi no CCBB




O artista que criou uma obra diferenciada em relação à época em que viveu e aparentemente sem maiores influências das correntes modernistas do início do século XX (na imagem acima, "Flor", óleo de 1950). Não exatamente assim, uma vez que as circunstâncias do período entreguerras (1919-1939) contribuíram para que o pintor Giorgio Morandi (1890-1964) desenvolvesse o seu trabalho através de uma trajetória singular. Entre essas circunstâncias está a própria ascensão do fascismo no início dos anos de 1920, regime ao qual o artista manifestou uma clara simpatia. Por outro lado, a arte é permeada pela sensibilidade humana e a mesma nos permite aceitar o fato de que seus trabalhos merecem plenamente a atenção do nosso olhar. 

A leveza e os espaços presentes em seus quadros remetem a uma contemplação e reflexão, onde as composições nos revelam uma plasticidade elaborada com delicadeza e apuro técnico. Morandi (na foto acima, à direita, ao lado de Lamberto Vitali em 1957) fez da natureza-morta o meio para expressar a sutileza das formas e dos volumes, embora também obtivesse esplendidos resultados nas paisagens. Em seus trabalhos transparece um vazio, mas um vazio que nos atrai, onde percebemos o volume das pinceladas, o apuro na escolha das cores e até mesmo no trabalho de arranjo das composições, pensadas e estudadas em suas minúcias. 

A vida privada do artista parecia combinar com as características de seu trabalho. Avesso às agitações, Morandi viveu um tanto quanto recluso em seu atelier, seja em Bolonha (imagem acima) ou nas férias de verão passadas na pequena Grizzana. Como já afirmamos, tal reclusão não significava que não estivesse atento ao que acontecia no meio artístico e nem mesmo ao momento político pelo qual a Itália atravessava. Como todo grande artista estudou e assimilou as influências de outros pintores, antigos e modernos, algo que pode ser percebido em seu trabalho disciplinado e metódico. Morandi foi também professor de desenho e gravura, transmitindo o seu saber, sendo celebrado como um dos grandes nomes da arte italiana do século XX, para muitos talvez o maior. Por tais razões é um artista que escapa ao enquadramento convencional das escolas e dos modismos. Mas, ao contrário do que faz boa parte da crítica especializada, principalmente na Itália, necessita ser analisado para além do simples aspecto formal de sua obra. A mostra que nos é apresentada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), aqui em São Paulo (depois segue para o Rio de Janeiro), permite ao público conhecer esse pintor que de forma singular absorveu as transformações artísticas de seu tempo. 

A trajetória de Giorgio Morandi teve início no final da primeira década do século XX, quando o artista contava com 20 anos (acima, o atelier do artista em Bolonha com as peças utilizadas em suas naturezas-mortas). De uma família modesta com cinco filhos, Morandi teve que assumir uma espécie de liderança entre os irmãos (por ser o mais velho), após a morte do pai em 1907 (já havia perdido um irmão em 1903). Nesse ano esteve em Veneza, onde visitou a VIII Bienal de Arte e repetiu a visita na Bienal seguinte, onde tomou contato com as obras dos impressionistas, sobretudo Renoir. Nessa mesma época, em Roma, viu também de perto os quadros de Claude Monet e conheceu os trabalhos de Paul Cézanne por meio de reproduções em preto e branco. Também visitou Florença e observou a obra dos renascentistas, como Giotto, Masaccio e Piero della Francesca. Já em pleno diálogo com esses grandes nomes da arte, Morandi formou-se na Academia de Belas Artes de Bolonha em 1913. 

Ainda nesse ano, junto com a mãe e as três irmãs, visitou a pequena cidade de Grizzana, mais tarde um refúgio do artista (na foto acima, Grizzana em 1981). Morandi observou o que ocorria no meio artístico como o Cubismo, o Futurismo Italiano e o surgimento do Surrealismo. O artista assimilou o que mais lhe interessava em cada uma dessas correntes, porém sem denotar uma filiação a nenhuma delas. 

Morandi começou a explorar a técnica da gravura a partir de 1912, quando fez a sua primeira água-forte (gravura feita em chapa de metal mediante acréscimo de ácido nítrico, como a que aparece acima, feita em 1924), uma paisagem. Nesse período tomou contato com o Movimento Futurista (o modernismo italiano), ao conhecer Umberto Boccioni e Carlo Carrà, chegando a participar de uma mostra futurista em Bolonha, no ano de 1914, quando estourou a Primeira Guerra Mundial. Morandi ocupava a função de professor de desenho na escola elementar quando foi convocado para a guerra, mas adoece gravemente e acaba dispensado. Por essa época, começou a pintar naturezas-mortas. 

Embora relutasse em seguir uma determinada corrente, Morandi parece ter se identificado inicialmente com a Escola Metafísica, cuja figura principal era o pintor Giorgio De Chirico, que ganhou prestígio na Itália entre os anos de 1917 a 1922 (na foto acima, a tela "Flores" de 1947). Nos postulados dessa corrente, o artista era uma espécie de ser privilegiado, o qual poderia, por meio da pintura, vislumbrar um mundo situado além das aparências físicas e distante das tradições artísticas vigentes. O artista seria uma espécie de descobridor daquilo que se encontrava oculto por detrás das aparências das imagens. Segundo muitos estudiosos, foi por meio dessa associação com a Escola Metafísica que a carreira de Morandi foi lançada. Em 1919 firmou um contrato de exclusividade com o marchand e crítico de arte Mario Broglio, que durou até 1924. Em 1922, ele expõe em Florença, junto com De Chirico, Carrà e Arturo Martini. Porém, nessa mesma década começa a se distanciar dos metafísicos, o que propiciará um novo rumo ao seu trabalho. 


O próprio ambiente cultural e político da Itália não se mostrava mais favorável às tendências artísticas e estéticas provenientes do exterior (acima, uma paisagem feita em aquarela no ano de 1957). A Escola Metafísica começava a sofrer duras críticas. Ainda em 1918, o conhecido crítico de arte, Roberto Longhi, referiu-se ao trabalho de De Chirico como um simples desdobramento do cubismo, caracterizando o mesmo como ilustração e não pintura. Os ataques às correntes do modernismo ganharam força nos anos seguintes e podem ter influenciado a atitude de Giorgio Morandi de se distanciar da Escola Metafísica. No final da década de 1920, Morandi aproximou-se do pintor e crítico de arte Ardengo Soffici, um ex-integrante do Movimento Futurista e agora adepto do fascismo. Na concepção dos ideólogos do novo regime era necessária a restauração da ordem após os anos tumultuados da Primeira Guerra, o que pressupunha a transposição para a arte dos valores rurais e provinciais da Itália, algo que significava um abandono da estética pensante da Escola Metafísica e das tendências estrangeiras, como o cubismo. Tratava-se da corrente conhecida pelo nome de strapaese, que propunha a restauração dos valores da Itália rural, camponesa, católica (sem ênfase na hierarquia clerical) e patriótica. O fascismo seria o fio condutor dessa restauração. 


É exatamente nesse contexto que o trabalho de Morandi ganhou os contornos que o tornaram conhecido (acima, natureza-morta de 1955). O artista buscou em Paul Cézanne o exemplo da afirmação de uma obra pictórica desenvolvida após anos de experimentação e viu no isolamento desse artista a condição propicia para efetuar esse encontro. Desapareceram as pinturas com manequins, tão características da Escola Metafísica, para dar lugar às naturezas-mortas com grandes espaços em seu entorno. 


As cores se tornam mais escuras, com o predomínio dos marrons, dos terras e dos cinzas tendo no branco a condição para um suave contraste, numa evidente associação à terra e ao campo (acima, natureza-morta de 1958). 

Muitos estudiosos, como a historiadora da arte Mariana Aguirre, apontam essa rusticidade no trabalho de Morandi como sendo a sua aproximação com os ideais da corrente strapaese. De acordo com esta autora, ressurgiu a influência de Piero della Francesca e dos artistas do Quattrocento (anos de 1400), com clara conotação conservadora e nacionalista. A Toscana (região central da Itália) é onde estariam as verdadeiras raízes da autenticidade e da alma italianas. Basta lembrar da cidade de Florença, centro do Renascimento. O artista agora está mais focado no tema das naturezas-mortas e em seu trabalho dentro do atelier. 

Na segunda metade da década de 1920 e início dos anos de 1930, Giorgio Morandi consolidou uma estética regionalista que o caracterizaria até o final de sua vida (acima, natureza-morta com as cores da bandeira italiana, de 1957). A crítica italiana começou a minimizar a etapa metafísica de Morandi, ressaltando o talento próprio do artista sem as influências estrangeiras e nórdicas. Para esses críticos o pintor estaria restaurando o lirismo natural, a toscanità ou a autêntica arte italiana, uma espécie de rinascita (renascer), termo que passou a ser utilizado pela elite cultural fascista. 


A partir do final da década de 1920, a obra de Morandi começa a receber um reconhecimento no ambiente artístico italiano. No ano de 1926 é convidado para participar da Prima Mostra del Novecento Italiano (acima, o óleo "Pátio da Via Fondazza" de 1956). Em 1928 participa da XVI Bienal de Veneza e no ano seguinte da Seconda Mostra del Novecento. Morandi foi responsável pela ilustração do livro do poeta italiano Vincenzo Cardarelli, intitulado Il sole a picco, com 22 desenhos. Segundo nos relata Sara Benaglia, artista e pesquisadora italiana, com a clara anuência do governo italiano por meio de Balbino Giuliano, Ministro da Educação, Giorgio Morandi foi convidado para ocupar a cátedra de gravura na Academia de Belas Artes de Bolonha em 1930. Embora a justificativa para o convite fosse o fato do artista ser uma figura de notório saber, apenas alguém que estivesse afinado com o nacionalismo de cunho fascista e seus postulados estéticos, poderia ter sido nomeado para este cargo. A revista L'Italiano, de grande prestígio cultural e político naquele momento, publicou um número totalmente dedicado a Morandi, contendo um texto crítico de Ardengo Soffici. Para a historiadora da arte Mariana Aguirre, apesar de suas naturezas mortas e paisagens parecerem exercícios formais, a obra de Morandi participava da formação de uma linguagem visual fascista voltada aos valores provinciais da Itália em contraponto ao cosmopolitismo modernista (Cubismo, Surrealismo, Escola Metafísica). 

Em 1934 Morandi participou da XIX Bienal de Veneza e foi apontado pelo crítico Roberto Longhi como sendo um dos maiores pintores vivos da Itália (na foto acima, objetos utilizados por Morandi em suas composições). No decorrer dessa década, a crítica especializada da Itália dedica-lhe vários artigos e monografias nas revistas especializadas. Já no período da Segunda Guerra continuou a participar de exposições, porém em 1943 chegou a ser detido por manter contatos com pessoas opositoras do fascismo, quando o mesmo já se encontrava em fase de desagregação. Apesar da derrocada do regime, o prestígio de Morandi como artista cresceu e a sua obra vista como original e diferenciada. 

Ao final da década de 1940, Giorgio Morandi começou a ter reconhecimento também no exterior. Em 1953 recebeu o Prêmio Internacional de Gravura na II Bienal de São Paulo. Dois anos depois participou da Documenta de Kassel na Alemanha. Em 1956 viajou pela primeira vez ao exterior, estando em duas oportunidades na Suíça, numa das quais para prestigiar uma mostra sua no Museu de Winterhur. Nesse mesmo ano aposentou-se das suas atividades docentes. 

Em 1957 vence o Grande Prêmio de Pintura na IV Bienal de São Paulo (acima, Morandi, de perfil à esquerda, recebe o prêmio na embaixada do Brasil em Roma). A partir do ano seguinte começou a passar longas temporadas em Grizzana em uma casa-estúdio construída pelo próprio artista. No início da década de 1960, duas grandes mostras são dedicadas ao pintor na Alemanha e na Suíça.

Em 1964 após alguns meses de enfermidade, Morandi falece em Bolonha aos 74 anos (acima, o artista em seu estúdio em Bolonha, no ano de 1958). 

Muito embora a mostra apresentada no CCBB não seja suficiente para caracterizar as etapas e o desenvolvimento da obra de Giorgio Morandi, serve como ponto de partida para que adentremos no universo plástico desse artista. As obras vieram diretamente do Museu Morandi em Bolonha na Itália. Na atual 34ª Bienal de São Paulo outros trabalhos do pintor podem também ser observados e complementam esta exposição. A cronologia de Giorgio Morandi apresentada na mostra desconhece o contexto político e social da Itália no período de vida do artista, descontextualizando muito a sua obra. Em que pesem tais observações, a obra de Giorgio Morandi merece atenção do nosso olhar pelo resultado obtido dentro de uma trajetória complexa, mas de trabalho intenso, numa temática tão cara às artes plásticas, como as naturezas-mortas e paisagens, mas que aos nossos olhos apresentam resultados tão singulares que a inserem na modernidade das artes plásticas do século XX. 

Para ver: 

Exposição "Ideias: o legado de Giorgio Morandi".

Onde: CCBB de São Paulo até o dia 22 de novembro de 2021. Rua Álvares Penteado, 112, Centro Histórico, São Paulo (SP). 

Depois: CCBB do Rio de Janeiro de 15 de dezembro de 2021 até 21 de fevereiro de 2022.

Entrada gratuita. 

Para a exposição no CCBB de São Paulo os ingressos precisam ser adquiridos antecipadamente e com horário marcado em função dos protocolos contra a covid-19.

Os mesmos podem ser adquiridos gratuitamente no seguinte endereço: 

https://www.eventim.com.br/artist/legado-morandi/exposicao-o-legado-de-morandi-2982800/

Crédito das imagens: acervo do autor (todas as fotos das obras de Morandi desta postagem estão na mostra do CCBB). 

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

"Resiliência": Exposição Coletiva da APBA


O que é resiliência? Vamos consultar Aurélio Buarque de Holanda Ferreira em seu famoso dicionário: 

"1. Fís. Propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora duma deformação elástica. 2. Fig. Resistência ao choque". 

(Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1995, página 1493)

Nas últimas décadas o termo resiliência ou resiliente (quando aplicado ao indivíduo ou coletividade) têm sido utilizado para caracterizar a capacidade humana de retornar ao seu estado habitual após passar por uma crise ou situação adversa. Embora tenha sua origem na física, a palavra foi incorporada às ciências humanas de modo geral (sociologia, economia, psicologia, história) e no que diz respeito aos aspectos relativos ao meio ambiente. É exatamente neste sentido que a mostra coletiva promovida pela Associação Paulista de Belas Artes (APBA) foi batizada com esse nome. 

A arte, enquanto forma de expressão humana, foi um dos instrumentos que a humanidade recorreu para poder atravessar este período da pandemia e ganhar força para se reconstituir. No isolamento forçado, muitos se valeram da música, da poesia, da literatura e das belas artes a fim de resistir ao choque da paralização da vida social causado pela covid-19. Com o apoio imprescindível da ciência, por meio das vacinas, eis que agora começamos a nos refazer e a nos mostrarmos resilientes, como propõe a exposição.

No total, 30 artistas submeteram os seus trabalhos à apreciação e ao olhar do público (acima, a lista de participantes). A mostra encontra-se aberta à visitação no espaço cedido na forma de parceria pelo Tribunal de Justiça Militar (TJM) de São Paulo e pode ser visitada até o dia 7 de dezembro de 2021. Na mesma, foram contemplados trabalhos diversificados, de tendência contemporânea e clássica, ou mesmo artistas que transitam pelas mais variadas correntes. A APBA, por intermédio de seu presidente José Carlos Acerbi, procurou contemplar os gostos do público, que deve estar ansioso por ver exposições artísticas na forma presencial. 

Ah, este que vos escreve comparece com dois trabalhos: Autorretrato na Pandemia e um exemplar da série "Vênus" (imagens acima).

O blog História Mundi deixa aqui o convite para todos visitarem esta oportuna exposição. 

Para ver:

"Resiliência": Exposição Coletiva da APBA em parceria com o TJM-SP.

Local: Rua Dr. Vila Nova, 285. Bairro da Consolação. São Paulo (SP).

Horário comercial.  

De 27 de outubro até 7 de dezembro de 2021. 

Crédito das imagens:

Jonas_Arte