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domingo, 30 de agosto de 2020

Anúncio Antigo 73: o hambúrguer soviético



Anastás Mikoián tornou-se comissário do povo (cargo equivalente ao de ministro) para a área comercial interna e externa, no ano de 1926, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Nessa função, ele viajou aos Estados Unidos, em 1936, em busca de novas tecnologias utilizadas no setor de alimentos e estudar aquelas que pudessem ser introduzidas na URSS. Após dois meses na América, ele trouxe algumas máquinas e chapas que eram utilizadas por comerciantes de rua, para fritar hambúrgueres. E estes foram adaptados ao gosto do cidadão soviético, a preços bem populares para os trabalhadores, a 50 copeques, como é mostrado no anúncio acima. De 1937 em diante, já existiam hambúrgueres sendo vendidos nas ruas de Moscou, Leningrado (hoje São Petersburgo) e outras cidades soviéticas. Infelizmente, a indústria soviética não pode se dedicar à produção dessas máquinas em função da Segunda Guerra Mundial e o produto deixou de fazer parte do cardápio local. Na década de 1950, com o advento da Guerra Fria (conflito entre os blocos comunista e capitalista), o hambúrguer passou a ser muito identificado com a cultura consumista dos Estados Unidos e da Europa Ocidental, gerando uma certa aversão. 
O Anúncio Antigo acima foi extraído do site Russia Beyong, o qual aliás recomendo:
https://br.rbth.com/

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Anuncio Antigo 72: pilulas para os seios


                                                                                                                                                                Segundo nos relata o historiador Nicolau Sevcenko (no Capítulo 7 do livro História da Vida Privada no Brasil, volume 3, Companhia das Letras, 1998), até o final do século XIX, os rapazes e as moças, principalmente da capital Rio de Janeiro (cidade mais exposta à moda e costumes ocidentais), cobriam o corpo da cabeça aos pés com paletós, calças, chapéus e vestidos, além de evitarem sair nos horários em que o sol era mais intenso, a fim de preservar a pele com tom mais esbranquiçado, pálido e até funéreo. Isso representava um sinal de distinção social, de apego maior ao lar e à atividade intelectual, além de mostrar à sociedade que tais indivíduos não necessitavam trabalhar ao ar livre, de sol a sol, algo que era reservado às classes subalternas e aos escravos (ao menos até a Lei Áurea em 1888). 
Contudo, a inserção do Brasil no contexto do mundo industrializado e dos avanços tecnológicos do século XX alterou de forma significativa esse cenário. O advento do automóvel foi uma dessas transformações, que fez com que as pessoas passassem a ter maior contato com a natureza e começassem a sair mais ao ar livre. Os banhos de mar passaram a ser recomendados como uma forma de manter o corpo saudável. A pele mais bronzeada (sem escurecer demais) mostrava uma aparência de saúde e beleza física. Da mesma forma, todo um arsenal de pós, loções, pomadas, cremes, sabonetes, xampus e emplastros surgiram para manter uma aparência de maior disposição. Em função disso, os banheiros tiveram que se tornar mais amplos, a fim de dar conta dessas novas funções voltadas para a manutenção do aspecto físico. A associação entre saúde e corpo se desenvolve ainda mais com o estímulo às práticas esportivas, como a natação e o remo, surgindo nas primeiras décadas do século XX os famosos clubes de regatas, que depois incluiriam também o futebol. Para as mulheres e os idosos eram recomendadas ainda as visitas às estâncias hidrominerais, para o tratamento da pele, dos pulmões e dor na coluna. O automóvel facilitou o acesso a algumas delas, como Poços de Caldas e São Lourenço, no sul de Minas Gerais. 
Essa maior valorização do corpo influenciou no vestuário, pois as partes da anatomia que antes estavam cobertas, agora começavam a ser colocadas mais à mostra, como os braços, os pés e no caso das mulheres, os seios. E estes tinham que apresentar formosura e beleza. Na linha dos produtos estéticos que começaram a surgir, tivemos as pomadas e as pílulas para aumentar os seios, tornando-os mais "formosos", como se costumava dizer nas décadas de 1920 e 1930. Nesta seção, já tivemos a oportunidade de mostrar os anúncios das pomadas (ver Anúncio Antigo 12) e agora temos as "Pilulas Orientais", provenientes de Paris (cidade que na época era sinônimo de moda e beleza). O produto parece ter a aprovação do Departamento Nacional de Saúde Pùblica (DNSP), como aparece no próprio material de propaganda. Era eficaz? Bem, se fosse talvez tivesse permanecido até os dias de hoje. Mas, sem dúvida, as próteses de silicone tem se mostrado mais úteis do que esses antigos fármacos. Eficaz, eficaz mesmo, é aquilo que a natureza criou e que não requer retoques artificiais, nem para os homens e nem para as mulheres, pois a beleza é algo que encanta também pela diversidade. 
O Anuncio Antigo acima foi publicado na antiga Revista Feminina, edição de setembro de 1929, página 19.       

domingo, 16 de agosto de 2020

Imagens Históricas 49: cenas de um casamento na Catedral da Sé em São Paulo



A Catedral da Sé, no centro de São Paulo, foi o local de momentos importantes da nossa história, como o culto ecumênico (reunindo várias religiões) pelo assassinato do jornalista Vladimir Herzog em plena ditadura militar no ano de 1975 e das inúmeras missas celebradas pelo cardeal D. Paulo Evaristo Arns (1921-2016), em prol das causas humanitárias. Por isso, este templo religioso tenha se tornado o símbolo de acontecimentos de grande significação no plano político e social, muitos das quais este que vos escreve participou. Mas, desta vez vamos lembrar da Catedral da Sé através de um casamento, o qual, quando comparado às cerimônias atuais guarda até uma certa simplicidade. Interessante notar que, a cada momento, existiram igrejas com maior evidência para as cerimônias de matrimônio dentro do ritual católico, na capital paulista. Um dia já tivemos a própria catedral da Sé; a igreja São Carlos Borromeu no bairro do Belenzinho, com seu estilo moderno e arrojado; a igreja do Carmo, discreta e acolhedora em sua arquitetura barroca, também no centro de São Paulo e, atualmente, a igreja Nossa Senhora do Brasil, no bairro dos Jardins, entre outras. A aglomeração popular verificada na foto acima se justificava em função do noivo ser uma figura já bem conhecida, o humorista e roteirista Carlos Alberto de Nóbrega, filho do empresário e apresentador Manoel de Nóbrega, um dos grandes pioneiros de nossa televisão. No dia 21 de dezembro de 1957, Carlos Alberto contraia matrimônio com Marilda de Oliveira (na foto acima, Carlos Alberto chega para a cerimônia acompanhado de sua mãe, dona Dalila de Nóbrega). 



A cerimônia ocorreu dois anos depois da inauguração oficial da Catedral da Sé, em 1954, no ano do Quarto Centenário da cidade de São Paulo. A igreja, em estilo neogótico, foi entregue ainda inacabada, pois faltavam as duas torres (na foto acima, a Catedral da Sé em 1954). A obra foi concluída apenas em 1967. 


A televisão começava a ganhar popularidade, embora fosse presente apenas nos lares da classe média mais bem posicionada. Contudo, a maior parte dos artistas da nascente mídia televisiva eram provenientes do rádio, este sim o meio de comunicação de maior penetração nas massas (na foto acima os noivos, Carlos Alberto de Nóbrega, Marilda de Oliveira e "escondido" do lado direito, o pai do noivo, Manoel de Nóbrega). 


Portanto, na relação de padrinhos tivemos figuras conhecidas do grande público e provenientes do meio radiofônico, entre eles a apresentadora Hebe Camargo (na foto acima, da esquerda para a direita, os padrinhos Luis Ramos e Hebe Camargo; o noivo Carlos Alberto e os pais Dalila e Manoel de Nóbrega), o cantor Gregório Barrios (muito amigo da família Nóbrega), Lucia de Melo Machado (noiva do comediante Ronald Golias, também presente na cerimônia). Além deles, muitos integrantes do cast da Organização Victor Costa, proprietária da TV Paulista, Canal 5, que revelou inúmeros talentos de nossa televisão, como um certo Senor Abravanel, mais conhecido pelo nome artístico de Silvio Santos.
A Imagem Histórica de hoje, também significativa para a história da cidade de São Paulo, foi publicada na revista Radiolândia, edição de 25.01.1958, página 61. A imagem dos noivos e dos padrinhos veio na página 62. 
Crédito da imagem da Catedral em 1954: 
Pinterest

terça-feira, 11 de agosto de 2020

História Mundi no Facebook




O História Mundi também mantém uma página no Facebook, onde o leitor poderá apreciar dezenas de fotos e imagens, algumas das quais não aparecem neste blog. Em cada uma delas estão anotadas informações e curiosidades históricas para os nossos seguidores e leitores. É o caso da imagem acima, onde temos a cantora e apresentadora Hebe Camargo como capa da revista Radiolândia, edição de fevereiro de 1961. Ah, quem era o dono dessa revista? Entre lá e veja:
https://www.facebook.com/histormundi

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Imagens Históricas 48: Hebe Camargo e Vinicius de Moraes



No ano em que esta foto foi tirada, 1956, a cantora e apresentadora Hebe Camargo começava a se tornar mais apresentadora do que cantora, pois havia estreado na TV Paulista, Canal 5, pertencente a Organização Victor Costa, como titular do programa "O Mundo é das Mulheres". O mesmo chegou a ser diário e depois passou a ser transmitido pela TV Continental, Canal 9 do Rio de Janeiro, tornando Hebe um nome conhecido também do público carioca. Por público entendamos, naquele momento, as famílias de classe média que já tinham o privilégio de ter um aparelho de televisão em casa. Começava a surgir a Hebe que conheceríamos depois, das suas entrevistas com figuras conhecidas do meio artístico e cultural. Faltava ainda tingir o cabelo de loiro, algo que ocorreria pela primeira vez no ano seguinte. Além de Hebe e de Vinicius de Moraes, outras figuras femininas conhecidas aparecem na imagem e vamos identificá-las. Da esquerda para a direita temos a cantora Vilma Bentivegna (1929-2015), a atriz e apresentadora Lourdes Rocha, Hebe, Vinicius de Moraes, a atriz Eloísa Mafalda (1924-2018) e a cantora Elza Aguiar. Ou seja, um timaço de profissionais femininas que já brilhavam nos primórdios de nossa televisão. 
Vinicius de Moraes (1913-1980) dispensa maiores apresentações, tendo sido poeta, jornalista, cantor, compositor e diplomata. Era exatamente esta última a ocupação principal do "poetinha" quando foi entrevistado por Hebe. Mas, já exercia paralelamente os talentos que o consagraram, razão pela qual esteve no programa. Sua carreira diplomática foi interrompida pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5) em 1968, em plena ditadura militar, tendo sido aposentado de forma compulsória, fato que o teria magoado muito. Só veio a recuperar os seus direitos profissionais no Ministério das Relações Exteriores após a morte. 
A TV Paulista Canal 5, de São Paulo foi um celeiro de talentos de nossa televisão. Além da própria Hebe, lembremos que de lá saíram Silvio Santos, Manoel de Nóbrega, Ronald Golias, Cacilda Becker (no que diz respeito à sua atuação na televisão) entre outros. Em 1966 a emissora, em crise financeira, foi adquirida (ou anexada, como muitos dizem) por Roberto Marinho, num negócio que até hoje não foi bem esclarecido. Grande parte de seu acervo foi perdido ou jogado fora. 
A Imagem Histórica de hoje foi publicada na tradicional revista Radiolândia, edição de 22.12.1956, página 64, a qual já se tornava também uma "TVlândia" em função da crescente influência da mídia televisiva. Uma última curiosidade, o dono desta publicação era nada mais, nada menos do que o senhor Roberto Marinho...