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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Pesquisadores 2


Hoje vamos apresentar mais uma ferramenta de pesquisa para os colegas historiadores e demais profissionais da área de ciências humanas: a Coleção Brasiliana. Criada pelo presidente da Companhia Editora Nacional, Octales Marcondes Ferreira, é composta de 387 volumes (acrescidos ainda de 26 da série Grande Formato e 2 da Série Especial). A coleção foi lançada a partir de 1930 e dirigida durante 25 anos por Fernando de Azevedo.
A abrangência da coleção é enorme: História, Antropologia, Sociologia, Economia, Ciências Naturais entre outras. O destaque vai para os viajantes que percorreram o Brasil nos séculos XIX e XX, entre eles Luiz Agassiz, Richard Burton, Henri Coudreau, Theodore Roosevelt (sim, o presidente norte-americano) e Alfred Russel Wallace (um dos pais da teoria evolucionista e amigo pessoal de Charles Darwin).
Autores nacionais do porte de Rui Barbosa, Gilberto Freyre, Roberto Simonsen, Couto de Magalhães e José Honório Rodrigues tiveram seus estudos e trabalhos publicados nessa coleção, que inspirou outras iniciativas por parte de várias editoras décadas mais tarde.
Nem todas as obras estão disponíveis on-line ainda, apesar de que o projeto em andamento tenha como meta a digitalização de toda a coleção.
Para os colegas pesquisadores vai o endereço (lembrando que a mesma fará parte de nossos links interessantes):


sábado, 25 de fevereiro de 2012

Anúncio Antigo 6


O ano: 1974. O Brasil vivia em plena vigência da censura aos orgãos de comunicação, o que incluia também o setor de diversões como televisão, teatro e cinema. Por isso, muitas propagandas e anúncios de filmes insinuavam muito mais do que ofereciam. Eram os chamados filmes eróticos (não confundir com os de sexo explícito ou pornográficos). Nessa fase ficaram conhecidas na cidade de São Paulo as produções da chamada "Boca do Lixo" que tinham orçamento baixo, mas contavam com mulheres bonitas e bilheteria garantida. Era a transposição para o cinema do antigo "teatro rebolado". Atrizes como Helena Ramos, Zaira Bueno, Matilde Mastrangi e Aldine Muller ficaram conhecidas por meio desses filmes e mais tarde chegaram a fazer novelas na televisão.
Contudo, algumas dessas produções vinham também do exterior. É o caso desta que exibimos em nosso Anúncio Antigo 6.  De origem obscura, traz um título alterado para o português, que lembrava muito as produções nacionais. Interessante como neste aspecto a censura não chegava a ser tão rigorosa, uma vez que tais filmes não tinham conotação política.
Outro aspecto interessante é que as duas salas onde o filme estava sendo anunciado não eram normalmente destinadas a esse tipo de produção. A fita era proibida para menores de 18 anos. Este anúncio foi publicado no jornal "O Estado de São Paulo" de 01.02.1974.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Deus Salve a Rainha: Elizabeth II no Brasil

Vamos lembrar os 60 anos de reinado de Elizabeth II da Inglaterra e nada melhor do que resgatarmos a visita da mesma ao Brasil ocorrida há quase quarenta e quatro anos. Era o dia 5 de novembro de 1968, "o ano que não terminou" como diz o título da conhecida obra de Zuenir Ventura. Mas parecia que a visita da rainha Elizabeth II da Inglaterra também não terminava mais. Foram dez dias visitando o Brasil e passando por várias cidades como Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo (com um "pulo" em Campinas). Algo impensável para os padrões atuais de visitas de chefes de Estado.
A vinda da rainha ocorreu em um momento complicado da nossa história. Os estudantes agitavam as ruas contra o Governo Militar e o seu então representante maior: o marechal-presidente Artur da Costa e Silva. Ainda havia uma relativa liberdade de informação, como mostra a cobertura feita pelas revistas da época sobre a solene e atrapalhada visita da rainha. As tensões políticas estavam levando o país para o Ato Institucional número 5 (AI-5), baixado em dezembro daquele ano e que cancelou o pouco que restava de liberdade de imprensa. Era a "ditadura escancarada" assinalada pelo jornalista Élio Gaspari. A visita foi um pequeno respiro para o que viria depois que a rainha deixasse o solo tupiniquim de volta ao palácio de Buckingham em Londres.




Por outro lado, não faltaram as gafes diante de tão expressiva personalidade. Ao brindar o aniversário da rainha, o cerimonial esqueceu de lembrar o nosso presidente que o "happy birthday" já tinha ocorrido (21 de abril e não no dia 5 de novembro). Ao tentar pronunciar o "Deus salve a rainha" em inglês, Costa e Silva se enrolou e ficou no "God...God...the Queen". Na visita da rainha a Campinas (isso mesmo, ela esteve lá...) um cavalo "puro-sangue" ficou tão "excitado" diante de Sua Majestade que teve de ser acalmado às pressas com éter. Um outro incidente envolveu o empresário José Tjurs, dono do Hotel Nacional de Brasília, onde a soberana ficou hospedada, que sem permissão da segurança, simplesmente invadiu o elevador onde estava a rainha e soltou: "A senhora sabe por que está hospedada no meu hotel? É porque eu sou o Onassis brasileiro" (na época, o armador grego Aristóteles Onassis era tido como uma das maiores fortunas do mundo, uma espécie de Bill Gates dos dias de hoje). Tudo isso sem contar a nossa primeira-dama Iolanda Costa e Silva que chamou o princípe Philip de "pão" e os intérpretes que o acompanhavam não conseguiam encontrar uma tradução precisa para esse termo na nobre língua anglo-saxônica. Na recepção em Brasília feita no Palácio dos Arcos foram convidadas 2300 pessoas e compareceram 7 mil.




Em São Paulo a rainha foi convidada para a inauguração da nova sede do Museu de Arte de São Paulo, na avenida Paulista (onde o museu está atualmente) e desfilou em carro aberto pelo centro da cidade (na foto acima, da Revista O Cruzeiro de 23.11.1968). Fico imaginando se esse roteiro seria feito nos dias de hoje, a rainha passando pelo cruzamento da avenida Ipiranga com a São João, contornando a atual cracolândia e atravessando o viaduto do Chá. O centro de São Paulo ainda não tinha sido abandonado pelas elites e nem pela classe média, que depois fugiram para os Jardins e para os condomínios fechados.




A visita ao Terraço Itália foi simbólica ao mostrar como a cidade de São Paulo ainda podia exibir um belo cartão postal. Na foto acima, a rainha acompanhada pelo então prefeito Faria Lima e pelo governador Abreu Sodré, observa o eixo formado pela avenida São João. O prédio maior que aparece no segundo plano, um pouco à esquerda, é o edifício Andrauss, que foi atingido por um grande incêndio em 1972.
Contudo, a que devemos tão agradável visita? Ah, no início de 1969 seria realizada em São Paulo a Feira Britânica, onde a indústria inglesa iria apresentar máquinas de empacotar chicletes, equipamentos para os setores de engenharia civil e naval, máquinas para a agricultura, indústria têxtil, energia elétrica e a atração maior, o Hovercraft, um veículo capaz de andar sobre qualquer superfície.  Mais de 700 empresários ingleses viriam para a feira, considerada a maior exposição inglesa feita no mundo naquela época. Enfim, os ingleses estavam a fim de "business" com o Governo Militar brasileiro.
E as críticas à falta de liberdade de expressão e às torturas que já começavam a ocorrer no Brasil??? Hoje quando um chefe de Estado visita o Irã ou Cuba, a primeira coisa que perguntam é se durante a visita, o tema dos direitos humanos e das liberdades democráticas serão abordados. Na visita da rainha Elizabeth e do príncipe consorte Philip, tais temas nem passaram perto da agenda.
Deus salve a rainha...

Fontes consultadas:

Revista O Cruzeiro, edição de 23.11.1968 (de onde foi extraida a foto do brinde à rainha pelo presidente).
Revista Veja, edição de 13.11.1968.
Agência Estado (foto da rainha no Terraço Itália).

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Anúncio Antigo 5: o filme Tubarão



Houve época em que o lançamento de um grande filme nos cinemas fazia as distribuidoras apelarem para uma verdadeira reciclagem de reprises com histórias que tivessem alguma relação com a fita comercial que estava em lançamento. Foi o caso do filme "Tubarão" (1975), que revelou o então  jovem diretor Steven Spielberg. No Brasil, "Tubarão" estreou no verão de 1976 e foi um grande sucesso. Na mesma época de seu lançamento apareceu em alguns cinemas de São Paulo um "falso" Tubarão, com o subtítulo de "Morte Branca em Água Azul" (foto acima) e que ainda vinha com a frase "o mar não está para peixe". De fato, em termos de plágio não estava mesmo, uma vez que nem filme de longa-metragem era. Tratava-se de um documentário sobre o tubarão branco e os nomes que aparecem como sendo de atores eram na verdade de biólogos e oceanógrafos. Anos mais tarde, esse mesmo documentário apareceu em um programa do Globo Repórter, mas dessa vez como uma reportagem sobre o famoso predador marinho. Imaginamos que muitos espectadores tenham caido na armadilha.


Por essa razão, o anúncio do verdadeiro Tubarão veio depois com uma advertência contra os "falsos Tubarões" que pretendiam "usurpar" o êxito do filme original (foto acima).  
Apesar de jovem, o diretor Spielberg já vinha de algumas experiências em filmes feitos para a televisão, entre os quais o ótimo "Encurralado" (1972) que depois do sucesso do diretor foi exibido também nos cinemas. Na sequência vieram "Contatos Imediatos do Terceiro Grau", "ET" e a série Indiana Jones.
Será que Steven Spielberg ficou sabendo desse golpe contra o seu Tubarão?
Ah, já ia me esquecendo, o filme Tubarão teve sequências: Tubarão 2 e Tubarão 3 (este último em terceira dimensão). Mas Spielberg não caiu na tentação de dirigi-las...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Imagens Históricas 3: JK encontra JFK



A foto de hoje é praticamente inédita para o grande público e mesmo entre os historiadores. Trata-se de um encontro entre Juscelino Kubitschek (esquerda da foto) e o presidente norte-americano John Kennedy (ao centro) na Casa Branca, em Washington. Ao lado dos dois, o ex-presidente da Colômbia Lerras Camargo. O encontro ocorreu no dia 13.12.1962. Juscelino não era mais presidente do Brasil e sim senador pelo Estado de Goiás.
O contexto desse encontro era o da política norte-americana para conter a influência da Revolução Cubana, por meio da chamada Aliança para o Progresso. Esse projeto previa investimentos de até 20 bilhões de dólares por parte dos Estados Unidos na América Latina com o intuito de ajudar a promover o desenvolvimento econômico e social dos países da região. Era uma tentativa de dar  resposta aos que criticavam o atraso e as desigualdades sociais nesse continente e ainda criar um clima menos favorável aos movimentos revolucionários inspirados nos "barbudos" cubanos. O plano não atingiu as metas previstas e foi extinto no início da administração do presidente republicano Richard Nixon em 1969.
Ao mesmo tempo, Juscelino Kubitschek ou JK como era conhecido, era candidatíssimo às eleições presidenciais do Brasil previstas para 1965 e que não foram realizadas em função do golpe militar ocorrido no ano anterior. Nessa mesma época teve o seu mandato de senador cassado pelos militares e não viveu para ver o fim da ditadura, morrendo em um acidente automobilístico em 1976 na via Dutra a caminho do Rio de Janeiro (acidente tido por alguns como suspeito).
Já John Fitzgerald Kennedy ou JFK estava ocupando a presidência da nação mais poderosa do planeta e havia acabado de enfrentar a famosa crise dos mísseis em Cuba, quando serviços de inteligência norte-americanos descobriram que a União Soviética estava instalando uma base de mísseis na ilha do Caribe. Claro que os mesmos estavam apontados para os Estados Unidos na eventualidade de um conflito. Ao final, os tais mísseis foram removidos com o compromisso norte-americano de não invadir Cuba. Um ano depois, JFK foi assassinado na cidade de Dallas, no Texas, por um atirador chamado Lee Oswald, em um atentado até hoje mal esclarecido.
Ainda sobre o presidente Juscelino Kubitschek, seu mandato (entre 1956 e 1961) ficou marcado pelo Plano de Metas que acelerou o crescimento econômico e industrial, implantando a indústria automobilística e transferindo a capital para o interior (Brasília foi inaugurada em 1960). Apesar de ter sofrido a pressão de setores conservadores e de alguns militares que até se insurgiram contra ele, manteve um clima de liberdade política, até mesmo com os comunistas. Talvez por isso e ao lado de sua imagem de "presidente bossa-nova" seja lembrado com simpatia pelos setores da esquerda até hoje. Mas sua administração deixou algumas distorções que se perpetuaram, como a ênfase no transporte rodoviário, as desigualdades regionais, o crescimento acelerado das metrópoles do Sul, o endividamento externo e a dependência em relação às empresas multinacionais.
A foto acima foi divulgada recentemente pela Embaixada dos EUA no Brasil e  pode ser encontrada em:

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Pesquisadores

Mais duas dicas para aqueles que fazem trabalho de pesquisa em História do Brasil: a Biblioteca Digital do Senado Federal e a Biblioteca Virtual do Amazonas. A primeira, como o próprio nome indica, é uma parte do acervo dos livros do Senado que estão disponíveis na internet e constituido por mais de 200 mil documentos, artigos, livros e obras raras.
Já a Biblioteca do Amazonas é voltada para o estudo daquela região e constituida de fotos, mapas, revistas, livros e ainda links que remetem a outras bibliotecas do Brasil. Conta com parte do acervo do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. Importante para aqueles que estudam História Regional.
Os links são:

Biblioteca Digital do Senado Federal:
http://www2.senado.gov.br/bdsf/item/id/82005

Biblioteca Virtual do Amazonas:
http://www.bv.am.gov.br/portal/conteudo/acervo/digitalizado/index.php?Letra=A

As duas bibliotecas estarão em nossos links interessantes. É isso aí...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Roma Imperial no MASP




Nesta última quinta-feira, dia 02.02, pudemos conferir a magnífica exposição sobre a Roma Imperial no Museu de Arte de São Paulo (MASP). As peças apresentadas, em torno de 300, são inéditas no Brasil (mas não na Argentina, onde pude ver uma parte desse acervo no Museu Nacional de Belas Artes em uma mostra que não veio para o Brasil, em 1999). As peças são procedentes dos museus mais importantes da Itália como o Museu Arqueológico Nacional de Nápoles, Galeria Uffizi de Florença, Museu Nacional de Roma entre outros.
A apresentação abrange basicamente os séculos I, II e III da nossa era ou o que corresponde ao Alto Império Romano. Destaque especial para os imperadores que governaram Roma nesse período, conhecidos principalmente através das crônicas dos antigos historiadores latinos, como Suetônio e Tácito, que se referiram a  algumas dessas personalidades como cruéis assassinos. É o caso de Nero, que teria ordenado a morte de sua própria mãe Agripina, que aliás está presente na mostra com uma cabeça feita em mármore. Uma curiosidade que parece confirmar as descrições existentes sobre o imperador matricida  é a evolução de sua obesidade ao longo dos anos. As suas representações em bustos e nas moedas que estão expostas indicam isso. Portanto, está confirmada a fama de Nero como glutão.

Augusto, Tibério, Calígula e Nero que compuseram a Dinastia Julio-Claudiana do início da era imperial, estão bem representados na estatuária da época. O melhor exemplo é o de Calígula, com uma imagem feita em tamanho natural vestido como comandante militar (foto acima, uma das "vedetes" da mostra). Uma cabeça colossal de Júlio César e os bustos  de outros imperadores, como por exemplo Adriano (colocado na exposição bem ao lado de seu amante Antínoo) fazem parte da seção referente aos governantes que criaram o regime imperial mantendo as antigas instituições da era republicana, como o famoso Senado (assembléia dos aristocratas).
 

A organização econômica e social da Antiga Roma faz parte de uma outra seção da mostra onde se destacam as moedas (na foto acima, uma moeda de ouro representando Nero), os instrumentos de trabalho dos escravos e dos artesãos (a aristocracia  desprezava o tabalho manual), o comércio marítimo romano, que abrangia a bacia do mar Mediterrâneo.
Em relação ao cotidiano, os espetáculos no circo romano não poderiam ficar de fora, com as armas, os elmos (capacetes) e as proteções usadas pelos antigos gladiadores nos espetáculos de luta da arena romana.





Estátuas de figuras divinas e mitológicas,  como o Júpiter da foto acima, mostram aspectos da religião e até a influência dos cultos orientais, como os do Egito, que  foi conquistado por Roma na fase inicial do Império após a morte da rainha Cleópatra. A vida doméstica das famílias aristocráticas, objetos utilizados na mesa durante as refeições, móveis, um rico acervo de jóias e pinturas compõem o restante da preciosa mostra.

Pelo seu ineditismo e preciosidade dos objetos que vieram ao Brasil, o História Mundi afirma que vale a pena conferir. A mostra é um aperitivo para outras exposições que estão previstas ainda neste ano: a do pintor italiano Caravaggio e a aguardada exposição de Leonardo da Vinci (será???). Quando chegarem, o História Mundi estará lá para conferir.

Para ver:
Roma: a vida e os imperadores.
MASP: Avenida Paulista , 1578 - São Paulo - SP.
De 25 de janeiro a 22 de abril de 2012.
De terça a Domingo, das 11h às 18h.
Quinta-feira, das 11 às 20 h.
E atenção moçada:
Terças: entrada gratuita.
Entradas: 15 reais (inteira) e 7 (meia). Adultos com mais de 60 anos não pagam.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Imagens Históricas 2: Joana D'Arc





Nossa imagem de hoje é um desenho representando a grande heroina francesa da Guerra dos Cem Anos: Joana D'Arc. Muitos vão estranhar a ilustração que é diferente daquelas que aparecem nos manuais de História e que representam, na maioria das vezes, a visão romântica dessa figura, idealizada nas pinturas do século XIX.
A importância desse desenho (foto acima) reside no fato de se tratar do único retrato conhecido feito durante a vida da personagem, datado de 1429, dois anos antes de sua morte na fogueira. Mesmo assim é um retrato imaginário, pois o autor do desenho não a conheceu pessoalmente. Trata-se do pergaminho de Clement de Faunquembergue, uma narrativa da recuperação da cidade de Orléans, que estava sitiada pelos ingleses na referida guerra e que se encontra no Arquivo Nacional da França em Paris.
Como sabemos, a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), embora não tenha sido uma guerra continua entre ingleses e franceses, houve intervalos e tréguas, inclusive durante o irrompimento da Peste Negra, começou a ter uma definição a partir da atuação da jovem camponesa, que se dizia guiada pelos santos e por Jesus, que a incitavam a participar da guerra. Apresentou-se ao delfim (príncipe francês) Carlos e depois de examinada por membros da Igreja para que ficasse comprovado que era pura e donzela (virgem), foi encaminhada com uma pequena tropa para os campos de batalha. Após a vitória sobre os ingleses em Orléans, conseguiu sagrar o delfim como rei, com o título de Carlos VII da França. Capturada depois pelos borgonheses (aliados dos ingleses) foi considerada herege por um tribunal religioso e queimada em uma fogueira em Rouen.
Um quarto de século depois a própria Igreja alterou a sentença e em 1920 foi canonizada e declarada santa. Ela acabou por se tornar uma heroína nacional e sempre é lembrada em momentos de dificuldade como símbolo do nacionalismo francês, como ocorre atualmente diante da crise econômica européia. Não é por outro motivo que no início de janeiro deste ano, o presidente francês Nicolas Sarkozy fez questão de visitar a pequena cidade onde a "donzela" teria nascido e os locais por onde passou, para lembrar os 600 anos de nascimento da heroína. Atualmente, Joana D'Arc está se convertendo em uma espécie de "musa" da extrema direita francesa e de seu partido, a Frente Nacional, que inclusive terá uma mulher como candidata a presidente neste ano, Marine Le Pen.