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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Anúncio Antigo 12: Seios Perfeitos


Que silicone, que nada!!! Chegou a "Pasta Russa" do doutor Ricabal. Deixa os seios "desenvolvidos, fortificados e aformoseados" em apenas dois meses, como diz o anúncio. Claro, não havia processo contra propaganda enganosa e nem o Código de Defesa do Consumidor. E como encontrar o tal de doutor Ricabal???
Devemos notar que, naquela época, a única parte do corpo feminino que ficava mais visível eram os seios. Nem pensar nas pernas à mostra. Talvez por isso, já existisse uma preocupação maior com essa área do corpo feminino. Ao mesmo tempo, a mulher mais esbelta era valorizada e não a magreza dos tempos atuais. A grande vantagem da pomada que era anunciada: não causava danos à saúde da mulher. Pelo menos isso. Mas produzia algum resultado? De qualquer forma o produto ficou famoso e figurou nos anúncios de jornais e revistas durante muitos anos, naquele distante início de século XX. A preocupação estética já fazia parte da vida das mulheres, pelos menos nos segmentos sociais mais privilegiados.
O anúncio antigo de hoje foi publicado no jornal "O Estado de São Paulo" de 5.7.1918.

Pesquisa: Arquivo Público do Estado de São Paulo

Acredito que um dia poderemos ter livre acesso aos arquivos públicos e a todos os  acervos de documentos, sem sairmos de casa. Enquanto esse dia não chega nos limitamos a pelo menos navegar nos sites dos mesmos arquivos e aproveitarmos os serviços que já estão disponibilizados on-line. É o caso do Arquivo Público do Estado de São Paulo. São mais de quatrocentos anos de material disponível em seu acervo completo e referentes ao governo paulista, mas que dizem respeito também ao nosso país. Esse acervo pode ser dividido nos seguintes ítens:
- Agricultura e Imigração (1812-1948);
- Maços de População (1765-1850);
- Registro de Terras, Sesmarias e Tombamentos de Bens Rústicos (1602-1856);
- Inventários e Testamentos (1578-1801);
- Ofícios Diversos (1603-1913);
- Documentos do antigo Departamento de Ordem Política e Social, o conhecido DEOPS (1924-1983).
Além desses documentos provenientes dos organismos governamentais, existem também os documentos privados, que são frutos de doações, principalmente de famílias. 
Os pesquisadores também podem ter acesso ao acervo iconográfico e cartográfico com mais de 1,5 milhão de cópias fotográficas, positivos, negativos, mapas, ilustrações e caricaturas. Importantes jornais também podem ser consultados, como os periódicos Última Hora, Aqui São Paulo, Movimento entre outros. São mais de 200 títulos de jornais do século XIX aos dias atuais, além de 1.200 títulos e 32 mil exemplares de revistas.
Contudo, a grande maioria desses documentos devem ser consultados no próprio arquivo e o historiador ou pesquisador não pode abrir mão de sua presença física no mesmo e "colocar a mão na massa" como se diz por aí. No entanto, uma parte desse gigantesco acervo está digitalizada e acessível via internet. Esse núcleo compõe o chamado Acervo Digitalizado do Arquivo. Esse setor está composto pelos Anuários Estatísticos, as Cartas da Revolução de 1924 em São Paulo (Revolta Tenentista), Coleções de Fotos, Filmes (ainda são poucos que estão disponibilizados on-line), História da Educação, alguns jornais do início do século XX, Revistas e os Relatórios SACOP (Secretária da Agricultura, Comércio e Obras Públicas criada em 1891) que dizem respeito à colonização e à imigração nos tempos do café em São Paulo.
No que se refere ao material fotográfico, já estão disponibilizados alguns álbuns: o da Repartição de Águas e Esgotos da Cidade de São Paulo de 1893; Álbum da Escola Normal e Anexos de 1908 e o Álbum Vistas de São Paulo, o mais completo e interessante dos três.


Nessas coleções de fotos podemos ter uma visão geral do crescimento da maior metrópole brasileira por meio do contraste entre os edifícios estilo arranha-céu e os antigos casarões que foram derrubados para dar lugar aos mesmos (como na foto acima da avenida Nove de Julho, no início da década de 1950).


 O Álbum sobre a Escola Normal diz respeito ao antigo colégio "Caetano de Campos" (na foto acima de 1908, na sala de aula, como as alunas eram comportadinhas...) no centro velho da cidade de São Paulo e que hoje abriga a Secretaria de Educação do Estado.


Trata-se de um precioso material de fotos que qualquer pessoa pode ver em seu computador e que acaba se constituindo em uma verdadeira narrativa "visual" da grande cidade e mostrando que em muitos aspectos São Paulo já teve dias melhores em termos de beleza paisagística. O centro da cidade tinha praças que mais pareciam parques, como a praça da República (foto acima), aliás onde ficava o antigo colégio público citado.
Por último, lembramos também da mais recente aquisição do Arquivo Público: o acervo completo do jornal "Última Hora". Este periódico pertenceu ao jornalista Samuel Wainer, muito ligado ao presidente Getúlio Vargas. Aproximadamente 36 mil páginas já foram digitalizadas e que correspondem a 60 meses do jornal, com foco na edição carioca. Nesses exemplares, que já estão disponíveis on-line, podem ser vistas a morte de Getúlio Vargas, a Revolução Cubana, a chegada do homem à Lua, a inauguração de Brasília e o golpe militar de 1964, entre outros fatos marcantes. Mais de 300 mil fotos, 600 negativos e 2.223 ilustrações compõe o acervo completo.


Além das fotos, desenhos e caricaturas podem ser acessadas (como a do ex-presidente Jânio Quadros, de autoria desconhecida, na imagem acima). O projeto de digitalização teve a sua primeira etapa cumprida e entregue em 2008 para celebrar o bicentenário da imprensa brasileira.
Fica aqui a indicação para todos os interessados e claro, vai constar da coluna do lado direito do blog, dentro dos links interessantes:

domingo, 22 de abril de 2012

Anúncio Antigo Errado



O anúncio de hoje é um erro que deve ter causado constrangimento na empresa onde o engenheiro trabalhava. Muitos poderiam imaginar que o mesmo não fosse muito querido pelos demais colegas. Mas, ao que parece não foi isso e sim um erro gráfico. Provavelmente uma confusão entre "pesar" e "prazer". De qualquer forma, o caso ficou famoso e é até hoje muito lembrado nas empresas jornalísticas. Se existe algo que parece não mudar muito com o tempo são os anúncios fúnebres, exceto, é claro, quando se trata de alguém conhecido do grande público.
Este anúncio "errado" foi publicado no jornal "O Estado de São Paulo" de 01.01.1981.

sábado, 21 de abril de 2012

Imagens Históricas 6: Gamal Abdel Nasser


Os estudantes de História lembram do Egito dos tempos dos faraós e das famosas pirâmides. Poucas vezes, em sala de aula, temos a oportunidade de discutir o Egito moderno, principalmente a partir do século XIX. Do ponto de vista cultural e civilizatório, o Egito dos tempos atuais não guarda mais semelhanças com o antigo. Atualmente é um país de língua árabe, religião muçulmana e embora localizado no Nordeste da África, situa-se em termos geopolíticos no contexto do Oriente Médio e de seus graves problemas. Pode-se dizer que a inserção do Egito nesse novo plano teve início em 1869 com a abertura do canal de Suez (no istmo do Sinai, à leste do território egípcio), de importância vital para a economia dos países ocidentais que estavam se industrializando. Estes passaram a ter acesso mais rápido ao Oceano Índico e ao Oriente com os seus importantes mercados para os produtos europeus. Eram os tempos da expansão imperialista das potências ocidentais, liderados por Inglaterra e França. Em 1882, a Inglaterra iniciou uma ocupação militar (principalmente na zona do canal de Suez que os ingleses passaram a controlar) que perdurou por mais de meio século, embora em termos formais o Egito tivesse um governo próprio. Os egípcios eram discriminados e tratados como cidadãos de segunda classe em seu próprio território.
Uma característica permaneceu dos tempos do  Egito dos faraós, a economia agrícola no vale fértil do rio Nilo, sustentada por um campesinato extremamente pobre e em bases semi-feudais.
Em 22.07.1952, um golpe militar, articulado pelo grupo dos "Oficiais Livres", derrubou a monarquia corrupta do rei Faruk e implantou um governo nacionalista, liderado inicialmente pelo general Mohammed Naguib e pelo coronel Gamal Abdel Nasser. Este último não pretendia apenas a derrubada do governo impopular que estava no poder, mas também um programa de reformas sociais, como o da redistribuição das terras aos felás (camponeses) e a modernização econômica do país. Inicialmente, Naguib tornou-se primeiro-ministro, mas as divergências com Nasser acabaram levando ao seu afastamento do cargo em 1954 e depois à sua prisão. Nasser assumiu o comando do Estado, implantou a reforma agrária, construiu a famosa represa de Assuã no rio Nilo para ampliar as terras irrigadas e iniciou uma tentativa de união dos países árabes: o pan-arabismo. Sob sua liderança, o Egito foi um dos participantes da Conferência de Bandung (1955) que deu origem ao bloco dos não-alinhados nos tempos da Guerra Fria (conflito entre os Estados Unidos e a União Soviética).
Contudo, a grande realização de Nasser e que o tornou o grande líder do mundo árabe foi a nacionalização do canal de Suez em 1956, enfrentando as velhas potências imperialistas, Inglaterra e França, que pressionadas pelas novas, E.U.A. e União Soviética, tiveram de recuar diante das pretensões de Nasser.
Por outro lado, Israel via no pan-arabismo uma ameaça à sobrevivência do novo Estado judeu em função dos litígios deste com o povo palestino (de origem árabe) e a crescente influência de Nasser na região. Por sua vez, os palestinos, sob domínio de Israel, viam no Egito e na Síria um apoio à sua luta de libertação e de criação de um Estado nacional (problema que perdura até hoje). A Guerra dos Seis Dias em 1967 representou uma grande derrota para Nasser diante de Israel, mais bem armado e equipado e com um território ainda maior (Israel ocupou nessa mesma guerra a península do Sinai, a faixa de Gaza, a Cisjordânia e as colinas de Golã da Síria).
Na foto acima, publicada no jornal "Última Hora" de 06.09.1954, vemos o general Naguib (à esquerda) e o coronel Nasser (à direita) com o beijo de uma aliança política que já estava no fim. Nesse mesmo ano, Naguib foi afastado.
Nasser morreu em 1970. O seu período marcou o início da presença dos militares no governo egípcio por meio de seus sucessores e que perdura até os dias de hoje, apesar da queda de Osni Mubarak, último herdeiro do nasserismo, no início da "primavera árabe" em 2011.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Anúncio Antigo 11: Rainha do Lar


O dia das mães está chegando!!! Portanto está mais do que na hora de pensarmos em um bom presente para este dia dedicado à "rainha do lar". Que tal um jogo de panelas? Era esse o tipo de presente imaginado para as mães e esposas no ano de 1954, quando o anúncio acima foi publicado. Por meio das propagandas podemos fazer uma análise sociológica de uma determinada época e dos valores sociais que eram vigentes. O papel que era esperado para as mulheres era o de cuidar do lar, do marido e dos filhos. A inserção da mulher no mercado de trabalho, sobretudo para as mulheres de classe média, ainda engatinhava. Com relação às mulheres de baixa renda, a grande maioria na época, eram reservadas profissões como operárias, empregadas domésticas e na melhor hipótese, em escritórios como secretárias. Para aquelas que conseguiam uma boa formação, era aceita a carreira no magistério, as famosas normalistas. As demais atividades eram dominadas pelos homens.
Imaginem dar um presente como esse para uma mulher hoje... Vocês têm idéia da reação? No anúncio acima a mulher demonstra satisfação e o homem um olhar de esperteza. Afinal, ele imagina os pratos que serão preparados por sua fiel e ordeira esposa.
Este anúncio das panelas Rochedo (que existem até hoje) foi publicado na revista "O Cruzeiro" de 18.12.1954.

sábado, 14 de abril de 2012

Anúncio Antigo Especial: Titanic




O ano: 1912. O dia: 14 de abril. Sim meus amigos, há cem anos atrás. Como o tempo passou. O símbolo maior da supremacia naval britânica, o transatlântico de luxo Titanic "deu uma ralada" em um iceberg (bloco de gelo) no Atlântico Norte e afundou. Junto com ele mais de 1.500 passageiros perderam as suas vidas. Até hoje há dúvidas a respeito do número exato de mortos. Contudo, um historiador (ou até mesmo um sociólogo) pode fazer uma analise interessante da tragédia. Na primeira classe (a mais cara) foram embarcados 329 passageiros e o número de sobreviventes foi de 199 ou 60,5% do total. Já na terceira classe (a mais popular) haviam 710 passageiros e o número de sobreviventes foi de apenas 174 ou 24,5% do total. Na primeira classe o número de mortos foi de 130 e na terceira foi de 685. Essas informações podem ser encontradas na Wikipédia. Nesse aspecto o avião é um meio de transporte mais democrático em termos de acidentes. Na queda de um geralmente morrem todos, sem que haja discriminação de classe social.
E se o dono do navio estivesse a bordo? Pois bem, ele estava e se salvou (foi um dos 199 da primeira classe que sobreviveram). Chamava-se J. Bruce Ismay e era o presidente da White Star, companhia de navegação responsável pela construção da embarcação. A opinião pública da época não o perdoou por ter abandonado o seu próprio barco, enquanto o capitão se manteve até o fim comandando a retirada dos passageiros. Vocês entendem agora  a origem e o sentido da expressão "abandonar o barco" usada até hoje quando um indivíduo quer se retirar de uma situação ruim? Um outro detalhe, o navio tinha dezesseis botes salva-vidas com capacidade para 1.178 pessoas, insuficiente para todos os 2.200 passageiros.
Pois bem, mas vamos ao nosso "Anúncio Antigo" de hoje. Trata-se de um dos vários filmes que trataram do assunto e que garantiram que a tragédia não caisse no esquecimento. O filme da 20th. Century Fox produzido em 1953, chamado "Titanic", teve o seu título em português alterado para "Náufragos do Titanic" e a trama (fictícia) girava em torno de um casal aristocrático em plena crise conjugal (na foto abaixo os atores Clifton Webb e Barbara Stanwick numa cena do filme) e que tenta "discutir a relação" dentro do próprio transatlântico na noite do desastre. Na verdade, para esse casal foram dois desastres: o casamento falido e o naúfragio. Diante da tragédia, a crise matrimonial ficou em segundo plano.


Foi a versão mais famosa feita para o cinema da grande tragédia do transporte naval, até 1997, quando o diretor-produtor James Cameron (de Avatar) lançou a sua imbatível versão, que arrebatou 11 Oscars (recorde de prêmios ao lado do bíblico Ben-Hur). E ainda revelou a boa dupla de atores: Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.
A versão de 1953 tinha no elenco o ator norte-americano Richard Basehart, que teve a sua carreira artística completamente vinculada a assuntos do mar. Além dessa versão de Titanic, ele ainda atuou no filme "Mobi Dick" de 1956 (sim, a história do caçador de baleias capitão Ahab do romance de Herman Melville) e ainda na famosa série de tv "Viagem ao Fundo do Mar" da década de 1960, onde interpretava o almirante Nelson. Era um predestinado.
Foi pelo cinema que tomei contato com a história do Titanic desde pequeno. Assisti a   versão de 1953 e uma outra produção inglesa "A Night to Remember" (1958), que no Brasil teve o título de "Só Deus por Testemunha". Lembro-me ainda do primeiro episódio do seriado "O Túnel do Tempo" de 1967 onde dois cientistas que faziam viagens pelo tempo foram parar, advinhem onde: no deck do Titanic. Inutilmente, com um jornal que trouxeram do "futuro", tentavam convencer o comandante da inevitável tragédia. Infelizmente o passado não pode ser mudado, nem para os viajantes do tempo... 
O anúncio de hoje foi publicado no jornal "O Estado de São Paulo" de 21.07.1954. Um detalhe também curioso, dos cinemas que exibiam a película naquele ano apenas um sobreviveu: o cine Marabá na avenida Ipiranga no centro de São Paulo.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

"Let's Rock" na OCA


O "Rock and Roll" fez história e para provar isso, uma exposição em São Paulo relembra os momentos mais marcantes desse gênero musical nascido no coração dos Estados Unidos e cujas raízes são encontradas na mais pura "black music". O Rock nasceu da influência de muitos outros ritmos, como o country, o blues, o gospel, o jazz entre outros. Tinha raízes negras e isto não caia muito bem em uma sociedade racista e conservadora como a do sul dos Estados Unidos. Em 1954, Sam Phillips, dono de uma microgravadora na cidade de Memphis, Estado do Tennessee, chamada Sun Records, teria dito que ficaria milionário se encontrasse um branco que cantasse como um negro. Ele encontrou Elvis Presley, mas também Jerry Lee Lewis, Carl Perkins, Johnny Cash e Roy Orbison. Mas não ficou milionário. Por outro lado, ele ajudou a formar a primeira constelação de astros do Rock and Roll. O novo ritmo musical vinha para ficar e já tinha seu nome consagrado com o DJ Alan Freed, conhecido também como Moondog. Em seu programa de rádio "The Moondog House" na WJW Rádio, de Cleveland, ele cravou o nome "Rock and Roll" para designar inicialmente um "rhythm and blues" mais energizado. Isso foi em julho de 1951 e o termo pegou.
Em 1954 vinha o hit "Rock Around the Clock" gravado por Bill Halley e seus Cometas consagrando o novo gênero nas paradas de sucesso e até no cinema, pois foi o primeiro rock a ser utilizado como trilha sonora de um filme: Sementes da Violência, lançado no mesmo ano.
O citado Sam Philips vendeu o passe de Elvis para a RCA Victor e o resto virou história. O Rock ganhava o seu primeiro astro e que superou as resistências dos mais conservadores, que viam a nova música como sendo "música de negros" e de caráter imoral. O novo ritmo era associado à rebeldia dos jovens ou "juventude transviada", antes de ser assimilado e domesticado. Um dos momentos importantes dessa domesticação foram os meses no serviço militar obrigatório que disciplinaram o astro Elvis. A década de 1960 viu a "invasão britânica" com Beatles e Rolling Stones e é por esse início que o visitante da exposição vai sendo conduzido, numa linha do tempo do Rock. Uma linha do tempo que falha ao dar pouca atenção à contracultura e ao festival de Woodstock no final daquela década.


A grande vedete da exposição são as fotos de Bob Gruen, o "fotógrafo do Rock" e as imagens captadas dos grandes astros e bandas, entre os quais John Lennon (foto acima), Chuck Berry (outro grande herói dos primórdios do Rock e que ainda se apresenta aos 80 anos), Little Richard, do próprio Elvis Presley (na foto abaixo durante uma de suas raras entrevistas coletivas, em 1972, na promoção de seu show no Madison Square Garden de Nova Iorque), Alice Cooper, Lou Reed, Led Zepellin, Sex Pistols entre outros. Na realidade, a exposição praticamente gira em torno dessas imagens.


No andar superior da exposição estão alguns quiosques dedicados a esses mesmos artistas, com algumas relíquias, como o autógrafo de John Lennon em uma agenda, uma guitarra autografada por Paul McCartney, capas de discos antigos, vestimentas de alguns astros (abaixo uma réplica de um dos famosos macacões ou "jumpsuits" de Elvis que ele usava no final da carreira).


As relíquias foram colocadas dentro de quiosques cercados por um alambrado que prejudica a visualização. Poderia ter sido pensada uma solução um pouco mais adequada. Na foto abaixo, de um dos poucos objetos originais, as roupas da cantora Wanderléia têm a sua apreciação comprometida pela cerca de arame em torno do quiosque a ela dedicado


A parte referente ao Rock nacional não teve a atenção que realmente mereceria, embora esteja representado. Desde Celly Campelo (o que ela cantava era Rock???), passando pela Jovem Guarda, os Mutantes, até as grandes bandas da década de 1980: Barão Vermelho, Capital Inicial, Titãs, Ira, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso entre outras. Algumas dessas bandas apareceram na mostra apenas com capas de discos ou de cds. Rita Lee e Raul Seixas foram praticamente ignorados, enquanto falsos roqueiros tiveram seus espaços, como Ronnie Von, Wanderléa e pasmem, Cauby Peixoto. Isso sem falarmos da Jovem Guarda, na verdade um Rock domesticado e segundo muitos estudiosos, como o historiador José Ramos Tinhorão, estimulado para alienar a juventude nos tempos da Ditadura Militar na década de 1960.
A mostra poderia ter aproveitado os roqueiros nacionais para enriquecer o material a ser exposto e não deixar tantos espaços vazios dentro do prédio da OCA. Faltou pensar com mais ousadia, aliás como fizeram os grandes roqueiros. Para o que está sendo exposto, o preço está salgado, vinte reais a entrada.
De qualquer forma, pode ser uma oportunidade para conhecer um pouco dessa incrível história, tanto para os mais jovens como para aqueles "não tão jovens", mas que ainda têm o espírito dos velhos roqueiros.

Para ver:
Let's Rock
Prédio da OCA - Parque do Ibirapuera em São Paulo.
De terça a domingo das 10 às 22 horas.
Ingresso: 20 reais (estudantes pagam meia).
Até o dia 27.05.


sábado, 7 de abril de 2012

Anúncio Antigo 10



O anúncio nostálgico de hoje é aquele do tipo: nove entre dez estrelas do cinema usam o sabonete... Bem, não adianta esconder, é o sabonete Lux. Várias atrizes famosas emprestaram o seu nome à marca, entre elas a norte-americana Jane Fonda, que se transformou num verdadeiro símbolo sexual ao interpretar uma heroína espacial no filme "Barbarella" de 1968, que ficou conhecido pelas cenas de nudez da atriz e por uma estranha máquina do sexo, que matava de prazer todos aqueles que eram colocados na mesma. A película foi devidamente esquecida e a atriz (filha do grande ator hollywoodiano Henry Fonda) redirecionou muito bem a sua carreira para filmes mais sérios e politicamente engajados, como "Amargo Regresso" sobre a volta dos ex-combatentes da Guerra do Vietnã. Mas isto já é uma outra história. Aqui ela ainda se encontrava vinculada aos sabonetes.
 Lembro-me quando menino, de uma campanha publicitária, nessa mesma época (1967 ou 1968) em que o indivíduo que comprasse essa mesma marca de sabonete, ao quebrá-lo ao meio poderia encontrar uma chave e ganhar um carro zero quilômetro, um Aero-Willys. Ficamos meses em casa usando sabonete pela metade...
O mais incrível do anúncio com a atriz Jane Fonda é que ele foi publicado em uma revista de Moçambique, na África, quando ainda era colônia de Portugal. Bem, a isto podemos chamar de um verdadeiro imperialismo cultural, a imposição dos padrões de beleza do Ocidente aos povos africanos. Parece-me que no Brasil este anúncio também foi publicado.
Infelizmente, não tenho nem o nome ou a data exata da revista local que divulgou esta propaganda, mas a mesma pode ser encontrada no site dos profissionais da antiga Rádio Moçambicana:

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Mapa de Cantino


O ano: 1502. Pode-se dizer com certeza que foi a partir daí que o Brasil "apareceu no mapa", mais precisamente no conhecido mapa ou planisfério de Alberto Cantino. Calma, não foi este personagem que fez o mapa, mas aquele que mandou fazer e o comprou em nome de Hércules d'Este, o duque de Ferrara, na Itália. Tratava-se de uma informação sigilosa naquela época e  Cantino conseguiu por meio de um bom pagamento (12 ducados de ouro), convencer um cartógrafo das oficinas reais de Portugal a desenhar o mapa (ou copia-lo de outro) para enviar a encomenda à Itália. Isso mostrava uma certa preocupação dos italianos em verificar as possibilidades comerciais dos portugueses no Oriente. O mapa media 218 x 102 cm e revelava partes da Ásia (como a península da Índia, ainda não muito bem conhecida), a África, parte do que seria o atual Nordeste do Brasil, as ilhas da América Central já conhecidas de Colombo e até mesmo uma parte da atual Flórida (11 anos antes do navegador espanhol Ponce de León passar por lá).
Muitos estudiosos discutem a possibilidade dessa área do Brasil já ser conhecida antes da viagem de Pedro Alvares Cabral, muito embora em 1501 o português Gaspar de Lemos tenha percorrido o litoral brasileiro nomeando pontos importantes e acidentes geográficos de nosso litoral.


Outro detalhe importante incluido no mapa de Cantino é o da linha de Tordesilhas (ver foto acima com o detalhe da parte Ocidental que inclui o Brasil), a demarcação feita entre Portugal e Espanha em 1494 para dividir as terras descobertas ou a serem descobertas pelos dois reinos. Talvez Portugal já estivesse explorando a área delimitada pelo acordo, quando foi enviada para cá a expedição de Duarte Pacheco Pereira, a primeira visita conhecida ao litoral do Brasil, em 1498. Em seu livro "Esmeraldo de Situ Orbis", ele descreve a existência da "grande terra firme" além do Mar Oceano (Atlântico), que muitos identificam como sendo o Brasil. Um dos indícios apontados de que o mapa de Cantino teria sido feito com base nas viagens anteriores a Cabral é o dos lugares que foram apontados no documento, como o golfo Fremosso, onde a linha de Tordesilhas passa no litoral norte do Brasil, onde nenhum navegador esteve entre 1500 e 1502.
Recentemente, o historiador inglês Gavin Menzies, em seu livro "1421: The year China discovered the world", levantou uma outra polêmica: a de que o mapa de Cantino teria sido confeccionado com informações de astrônomos e navegadores chineses. Os cartógrafos portugueses não dominavam ainda o cálculo das longitudes e no mapa de Cantino, a localização do cabo de São Roque (extremo oriental da costa brasileira) em relação à linha de Tordesilhas e à costa da Àfrica é quase exata, o que comprovaria a ajuda dos chineses. Além desse ponto, o citado historiador inglês parte do princípio de que os chineses teriam promovido uma "expansão marítima ao contrário", isto é, navegado do Oriente ao Ocidente. Na verdade existiu uma expedição enviada pelo Império Chinês, na época da Dinastia Ming (1368-1644) e comandada pelo almirante Zheng He, o qual contando com numerosos barcos, percorreu o sudeste asiático, o litoral da Índia até alcançar a costa oriental da África em 1421. Muitos afirmam que ele poderia ter estendido a viagem até o continente americano. Seria uma opção pouco provável, uma vez que a navegação chinesa era de cabotagem (costeira) e os seus barcos (juncos) não teriam autonomia para uma navegação transoceânica. De qualquer forma, a tese está sendo discutida por alguns estudiosos.
A descoberta (ou melhor, redescoberta) do mapa de Cantino, ocorreu de forma acidental e envolve o gosto pelas salsichas. O mapa pertencia à Biblioteca Estesense de Módena, na Itália, quando em 1859, por conta de um levante popular na cidade, a biblioteca foi saqueada e o mapa desapareceu. Posteriormente, no mesmo ano, o diretor da Biblioteca, Giuseppe Boni, ao sentar na mesa de uma salsicharia da cidade e aguardar o seu pedido, começou a olhar para as paredes do estabelecimento e percebeu o mapa, que estava sendo usado como forro. Ele deixou as salsichas de lado e comprou o papel do dono do estabelecimento, reintegrando o mapa ao acervo da Biblioteca. Se não fossem as salsichas, o Brasil teria demorado um pouco mais para "aparecer no mapa".
Para aqueles que queiram discutir melhor a participação chinesa na exploração marítima do século XV, deixarei aqui uma indicação de leitura, embora o autor não acredite que o mapa de Cantino  tenha relação com as viagens chinesas para a América:

Brandão, Renato Pereira. "O Mapa de Cantino e o Descobrimento da América pelos chineses" in Revista Navigator. Rio de Janeiro, v.2 - n.3, p. 49-55, junho de 2006. O artigo pode ser acessado em: