O ano: 1972. Sim, o mesmo da postagem anterior sobre a Fórmula 1. Considero esse ano, do qual tenho lembranças bem claras, o momento mais significativo da Ditadura Militar. Pode-se dizer que vivia o seu melhor momento, dentro do ponto de vista daqueles que tanto a defendiam. A ameaça da subversão já estava praticamente superada, pelo menos nas cidades. Restava o combate desigual da repressão contra os guerrilheiros do Araguaia, nas bordas da Amazônia que, aliás, se intensificou a partir desse mesmo ano em uma verdadeira operação de guerra, negada até hoje pelos militares.
No plano econômico, os indicadores eram de crescimento, mas trazendo distorções que iriam se perpetuar, com uma enorme concentração de renda nas classes mais abastadas. Havia emprego, mas a custa de arrocho (contenção) salarial. Muitos estudiosos classificam o regime vigente como uma Ditadura Civil e Militar e nisso estou de pleno acordo, pois beneficiou claramente o grande capital, sobretudo o multinacional.
Havia liberdade de imprensa para elogiar e não para criticar (ora, então não havia liberdade de imprensa) e os meios de comunicação sofriam rigorosa censura. Mas, o general de plantão, Emílio Garrastazu Médici, ao crermos no jornalista Élio Gaspari em seu "A Ditadura Escancarada", já focava na sucessão e em tempos mais tranquilos para o seu sucessor, o general Ernesto Geisel. Não foi bem assim. Apesar da oposição armada ter sido desbaratada, o governo seguinte enfrentou uma conjuntura internacional adversa e a crise do petróleo, que o governo Médici apenas viu surgir, no final de 1973. Em 1974 a população deu o recado nas urnas de que nem tudo eram flores. O prazo de validade do milagre econômico chegava ao fim, a inflação aumentava e a renda ficava ainda mais contraida para os trabalhadores. Nas eleições legislativas de novembro de 1974, o antigo MDB (oposição consentida ao Governo Militar) obteve importantes vitórias em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Mas, em 1972 tudo ainda corria bem. Na visita ao Rio Grande do Sul, seu Estado natal, Médici até arriscou uma cavalgada no Centro de Tradições Gaúchas de Bajé. A foto foi utilizada nas eleições daquele ano como propaganda para o partido oficial, a ARENA. Lembremos que não havia eleições para presidente e governadores, apenas para os cargos legislativos e prefeitos, exceto os das capitais que eram nomeados.
A foto acima foi extraida de "1972: O Livro do Ano" da Edições da Revista Veja, pag. 126.
Nenhum comentário:
Postar um comentário