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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O Incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro: tragédia anunciada



Nunca mais o trono do rei do Daomé, nunca mais a múmia da "Cantora de Amon", nunca mais o meteorito de Bendegó, nunca mais Luzia (a mulher mais antiga do Brasil), nunca mais a residência de nossos imperadores D. Pedro I e D. Pedro II, nunca mais as cartas endereçadas à esposa de Napoleão...Que tragédia! Nem Bonaparte teria sequer pensado em fazer isso contra o príncipe-regente de Portugal Dom João, caso o tivesse feito prisioneiro em 1807, isto é, atear fogo à sua real residência!
Prejuízo irreparável à nossa cultura, ao nosso povo e à nossa educação. Mas não se enganem, têm bandido e mocinho nessa história! Os dados estatísticos não mentem. Cortes das verbas na cultura, nas universidades federais e na educação. Congelamento de gastos nesses setores por vinte anos. O Museu Nacional não suportou sequer um ano de cortes. Como punir os verdadeiros culpados disso? 
Nós do blog História Mundi, tínhamos um artigo pronto para publicação, o qual começava com uma pergunta simples: será que aqui no Brasil podemos ver de perto uma múmia do Egito Antigo? Agora a resposta é: não! Bem, depende do que o (a) caro (a) leitor venha a entender por "múmia". No sentido pejorativo temos centenas ou talvez milhares em nosso pobre país. Daria para construir centenas de museus com múmias desse tipo...
E agora José (por acaso o primeiro nome deste que vos escreve)? Agora a Inês é morta. Agora a tragédia está consumada. Agora todos choram o descaso com a cultura e a educação. Mas muitos desses que choram, ajudaram a acender o fogo que destruiu, talvez, aquele que fosse o Museu mais querido desta pobre terra, que no momento, não merece ser chamado de país. Ah, você está querendo tirar vantagens políticas da situação? Vantagem com um Museu como esse destruído? A vantagem, se é que há, foi de quem o destruiu. De quem cortou as verbas que poderiam protegê-lo dessa tragédia e aumentou os salários dos juízes do Supremo Tribunal Federal. 


O valor pago a um único magistrado dessa instituição corresponde à verba anual do finado Museu Nacional e, mesmo assim, a destinação orçamentária estava em queda, como mostram os dados acima do jornal Folha de S. Paulo! O Museu Nacional não dispunha do auxílio-moradia, por isso está agora a céu aberto, desabrigado? Também, o que resolveria o auxílio-moradia a uma instituição que não existe mais?
Tenham certeza que o mundo está vendo isso. O acervo do Museu Nacional dizia respeito também à humanidade. Os outros países vão pensar um milhão de vezes antes de enviar para cá uma doação ou mesmo uma mostra temporária. O valor do seguro para esses eventos será estratosférico! Esta é uma "República das bananas", com todo o respeito à querida fruta tropical e à Carmem Miranda...
Crédito das imagens:
Incêndio no Museu nacional do Rio de Janeiro: Agência Estado. 
Estatística do orçamento do Museu Nacional: Jornal Folha de S. Paulo. 

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