Pesquisar este blog

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Anúncio Antigo 57: Elefante branco



O Anúncio Antigo acima nos faz lembrar uma expressão muito utilizada atualmente. Com certeza o caro leitor já ouviu falar em "elefante branco". A referência diz respeito a algo inútil e geralmente de grandes proporções, difícil de guardar ou manter. Ao que parece, a famosa expressão tem origem no antigo reino do Sião (atual Tailândia) no sudeste da Ásia, onde os elefantes albinos (brancos) eram mantidos pelos monarcas como um sinal de que governavam com justiça e de que o reino teria paz e prosperidade. Muitos afirmam que essa tradição estaria também associada ao nascimento de Sidharta Gautama, mais conhecido como Buda, uma vez que a sua mãe teria tido um sonho com um elefante branco na véspera do parto. 


Os elefantes brancos eram considerados sagrados naquele reino (na imagem acima, pintura tailandesa do final do século XIX, representando o animal). Exatamente por isso, ganhar um deles de presente do monarca era uma honraria, mas ao mesmo tempo também um problema. O indivíduo (geralmente um cortesão) que o recebesse não podia recusar o presente ou dar o animal para outra pessoa. Também não era permitido utiliza-lo para o trabalho (afinal era sagrado), devendo o dono cuidar, alimentar e manter o elefante de forma impecável, inclusive no cuidado com os seus pelos. Portanto, era uma despesa sem retorno. Em 1861, o então rei Rama IV instituiu uma honraria conhecida como a Ordem do Elefante Branco, que passou a ser concedida pelo governo do Sião a pessoas de grande notabilidade (e que não incluía o animal). Aliás, vale lembrar que nessa mesma época o Reino do Sião possuía algo em torno de 100.000 elefantes. Hoje o número varia entre 2000 a 3000 animais na moderna Tailândia, ou seja, a espécie está ameaçada. 
Atualmente muitas construções ou obras foram (e são) caracterizadas como elefantes brancos. Aqui no Brasil alguns estádios construídos para a Copa do Mundo de 2014 carregam essa fama, como por exemplo, o Estádio Mané Garrincha (em Brasília), a Arena Pantanal (em Cuiabá), a Arena da Amazônia (em Manaus) ou a Arena das Dunas (em Natal), pelo fato do futebol não atrair tantos torcedores nessas cidades, o que dificulta a manutenção das arenas. Algo que não é privilégio do Brasil, pois em Portugal vários estádios construídos para o Campeonato Europeu de 2004 também se encontram na mesma situação. Bem, ainda temos o complexo olímpico construído para as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. 
Uma máquina dispendiosa, um eletrodoméstico sem grande utilidade, um automóvel de grande porte e cuja manutenção é custosa, também podem ser considerados elefantes brancos. É exatamente isso que o anúncio mais acima procura lembrar para aqueles que estão prestes a adquirir ou trocar o seu veículo automotor. Por exemplo, será que o mesmo cabe na vaga? Parece um aspecto óbvio, mas para os condomínios residenciais é uma questão grave, pois muitos moradores não fazem esse cálculo elementar. 
O Anúncio Antigo de hoje foi publicado na revista Galileu Especial nº 2, Editora Globo, de julho de 2003, no verso da contracapa. 
Crédito das imagens:
Pintura tailandesa do século XIX: Wikipédia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário