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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Anúncio Antigo 20: o último filme de John Wayne





Seu nome verdadeiro: Marion Michael Morrison. Um nome feminino para aquele que foi considerado o astro mais importante de um gênero cinematográfico tão afeito aos homens: o western ou faroeste (o nosso popular bangue-bangue). Ora, com esse nome ele não poderia se tornar um ator em Hollywood, por isso ele tentou Duke Morrison e finalmente John Wayne (1907-1979) ou como se dizia na época do meu pai, John "Vaine". Sim, ele detestava o seu verdadeiro nome e tratou de mudá-lo. Contudo, chegou a ser estudante universitário na Califórnia e foi campeão de futebol americano usando o nome Marion. 
Muitos historiadores irão se referir a ele como um reacionário, conservador e defensor radical dos valores da sociedade norte-americana. Quanto a isso não há a menor dúvida. Contudo, se formos citar os grandes nomes de Hollywwod que também se enquadram nessa categoria não sobraria espaço neste blog. Por outro lado, para os apreciadores dos grandes faroestes como eu, não há como não admirá-lo. O gênero, atualmente em baixa, não ficou nada a dever aos demais em termos artísticos e situa-se na própria origem do cinema norte-americano. Tanto que, vez ou outra, diretores importantes se aventuram em ressuscitar  o gênero, como acabou de fazer Quentin Tarantino com Django Unchained (ainda sem título em português) onde conta a história de um cowboy negro. 



John Wayne (na imagem acima, em foto promocional para o estúdio Paramount em 1962) não era um grande ator e tinha consciência disso. Atendeu ao que os diretores necessitavam e representou, como ninguém, o cowboy solitário do oeste americano e que nunca fugia de uma boa briga. Neste aspecto, desempenhou muito bem a sua tarefa e personificou o homem forte e indestrutível em tudo aquilo que fazia. Não era bem assim na vida privada, sendo descrito como tímido e inseguro.  Um outro detalhe, as suas três esposas (que tinham origem latino-americana e não anglo-saxônica) o trataram com rédea curta, muito distante da visão machista que a sua imagem no cinema transmitia. 



Wayne começou atuando em filmes B e de baixo orçamento. Demorou para se transformar em um grande astro, o que ocorreu com o filme "No Tempo das Diligências" (Stagecoach) de 1939 (na imagem acima, John Wayne ao lado da atriz Claire Trevor em foto promocional do filme). A cena em que aparece em meio à poeira do deserto para pegar carona na diligência entrou para a História do Cinema. Com este filme começou também uma longa e feliz parceria com o diretor John Ford, para muitos o nome máximo dos filmes de faroeste e um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos, recebendo por quatro vezes o Oscar (por incrível que pareça, nenhum deles pelos faroestes que dirigiu). Juntos, eles realizaram os grandes clássicos desse gênero, entre os quais, "Sangue de Heróis" (Fort Apache, 1948), "Rio Bravo" (Rio Grande, 1950), "Rastros de Ódio" (The Searches, 1956) e "O Homem que Matou o Facínora" (The Man Who Shot Liberty Valance, 1962). Com o mesmo diretor ainda realizou uma outra obra-prima, "Depois do Vendaval" (The Quiet Man, 1952) ao lado de sua melhor parceira nas telas, a atriz Maureen O'Hara (que ainda é viva). 
Além dos trabalhos com Ford, Wayne ainda atuou sob a direção de diretores como Raul Walsh, Howard Hawks e Henry Hathaway. Com este último fez "Bravura Indomita" (True Grit, 1969) com o qual recebeu o seu único Oscar e que não foi o seu melhor papel. Esse prêmio foi mais um reconhecimento da Academia de Hollywood pelos trabalhos realizados anteriormente. Seus admiradores trataram logo de esquecer o filme "Os Boinas Verdes" (The Green Berets, 1968) que exaltava a participação americana na Guerra do Vietnã nos tempos da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. 
O Anúncio Antigo de hoje diz respeito ao filme "O Último Pistoleiro" (The Shootist, 1976), dirigido por Don Siegel e que  foi o último trabalho do ator. Aqui, John Wayne interpreta um ex-pistoleiro que tenta se aposentar e se estabelecer como um homem tranquilo. Mas o passado o persegue. Trata-se de um tema presente em dezenas de outros westerns, um dos quais o famoso "Os Brutos Também Amam" (Shane, 1953) de George Stevens. Mas aqui, Wayne  faz um personagem que além de não conseguir apagar o seu passado, ainda recebe um terrível diagnóstico do seu médico (interpretado por James Stewart, outro grande personagem dos filmes de western): está com câncer e tem pouco tempo de vida. Vocês já ouviram falar naquela frase de que "a vida imita a arte"? Pelo menos neste caso imitou. Três anos depois de ter feito este filme, John Wayne sucumbiu a um câncer no estômago. O ator já tinha retirado um pulmão em 1964, atacado pela mesma doença e sobreviveu. Naquela época foi um grande feito. 
Tempos depois descobriu-se algo estarrecedor. John Wayne e outras 91 pessoas que haviam participado do filme "Domínio de Bárbaros" (The Conqueror, 1955) entre atores e membros da equipe de produção, foram vítimas de câncer ao serem contaminados pela radioatividade liberada por um teste nuclear realizado no deserto de Utah, que serviu de cenário para as locações (foi o chamado "filme maldito", assunto de uma futura postagem). 
No elenco de "O Último Pistoleiro" nomes que fizeram época em Hollywood, como Lauren Bacall (que foi casada com o famoso ator Humphrey Bogart), o já citado James Stewart e o hoje diretor de cinema Ron Howard. Este Anúncio Antigo foi publicado no "Jornal da Tarde" em 1977 (infelizmente não tenho o dia preciso da publicação).
Crédito das imagens:  acervo do autor, estúdio Paramount e Os Clássicos do Cinema, vol. 1, Editora Altaya, p. 45. 















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