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sábado, 28 de janeiro de 2012

Pesquisadores e Interessados

Atenção pesquisadores e interessados em História Contemporânea do Brasil. O Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, coloca à disposição uma série de documentos para download. O destaque vai para as entrevistas com personalidades e estudiosos da política brasileira do século XX, como Juscelino Kubitschek, Barbosa Lima Sobrinho, Boris Fausto entre outros, além de textos de análise, livros, a Revista de Estudos Históricos e um ótimo albúm de fotos sobre a Era Vargas. Tudo isso on-line. O site fará parte de nossos links interessantes.
O endereço é:

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Imagens Históricas: Lênin doente.



A partir de hoje o História Mundi inicia uma nova seção: Imagens Históricas. A idéia é ilustrar fatos e personagens marcantes por meio de fotografias ou imagens raras. A primeira que publicamos é uma foto do líder e fundador da União Soviética, Vladimir Ulianov, conhecido como Lênin. Após ter liderado a Revolução de Outubro de 1917 e estabelecido a primeira experiência de governo socialista no século XX, o personagem acabou afastando-se do governo após um derrame que o impossibilitou de exercer o poder. Veio a falecer em 1924. Contudo, sómente após o fim da União Soviética no início da década de 1990 vieram a público algumas fotos, não divulgadas na época, mostrando o real estado de saúde do líder soviético. Em 1923, quando a foto acima foi tirada, as informações oficiais afirmavam que Lenin encontrava-se em recuperação, fato que a imagem desmente.
Muitos estudiosos afirmam que esconder o real estado de saúde de seus líderes era algo próprio dos regimes comunistas, o que não é verdade. Nos Estados Unidos o público não sabia dos graves problemas de saúde do presidente John F. Kennedy, no momento em que esteve à frente da Casa Branca e no Brasil, quando o presidente General Artur da Costa e Silva sofreu uma trombose em 1969, uma foto foi divulgada pelos jornais mostrando o mesmo conversando com seu médico particular. Era uma foto simulada, pois o presidente já não conseguia mais falar ou mesmo movimentar as mãos.

Fonte da foto: Century. Hong Kong, Phaidon Press Inc., 2002, p. 235.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O Mapa Vinland



Ao que parece, o mistério do mapa Vinland está completamente desfeito. Trata-se do primeiro documento a registrar partes do território americano meio século antes de Colombo alcançar a América, em 1492. O mapa foi feito por um monge suíço por volta do ano de 1440. Foi encontrado em 1957 quando foi comprado por um negociante suíço e depois vendido a um norte-americano. O mapa chegou a ser rejeitado pelo Museu Britânico em função de se acreditar que o mesmo não fosse autêntico. Contudo, tal dúvida parece estar definitivamente resolvida. Vários testes feitos no documento nos últimos cinco anos pela Escola de Conservação da Real Academia Dinamarquesa de Belas-Artes foram apresentados recentemente em uma conferência internacional de cartografia na Dinamarca. Os exames verificaram a tinta utilizada no desenho do mapa, o estilo de escrita e os buracos feitos por insetos no documento, até então guardado na Universidade de Yale, nos Estados Unidos desde 1965.  A alegação de que a tinta utilizada para confeccionar o mapa era recente por conter dióxido de titânio foi descartada, uma vez que a substância foi encontrada em outros mapas medievais. Essas analises confirmaram o resultado do teste do Carbono 14 (método usado para datar objetos antigos) que já havia sido feito anteriormente.
O interesse da Dinamarca em confirmar a autenticidade desse documento é evidente. O mapa confirma as viagens dos ancestrais dos dinamarqueses, mais precisamente os vikings, em direção ao norte da América, partindo provavelmente da península da Escandinávia através das ilhas da Islândia e Groenlândia, que os levaram ao norte do atual Canadá, chamado então de Vinland e que aparece no mapa (no lado direito do mesmo ou a oeste da Europa). A inscrição no próprio documento declara que a região foi descoberta e batizada com esse nome pelos exploradores nórdicos Bjarni Herjolfsson e Leif Ericson, que viram na mesma uma terra fértil e com muitas vinhas. É possível visualizar no braço de mar mais ao norte que penetra na ilha de Vinland a entrada da baia de Hudson e o mais ao sul a foz do rio São Lourenço no Canadá atual. A descoberta de Vinland ocorreu provavelmente no ano de 999 em plena Idade Média. A presença européia na região nessa época foi confirmada por achados arqueológicos.
Tais informações não retiram a importância da viagem de Colombo, realizada quase 500 anos depois, em outro contexto da história européia. O surgimento de uma economia mercantil que lançou as bases do capitalismo moderno impulsionando as grandes navegações dos séculos XV e XVI. Os motivos que levaram os vikings a realizar essa viagem foram bem diferentes dos de Colombo.
Essa é uma das razões apontadas pelos historiadores para o problema de se utilizar em História a idéia de “descobrimento”, possível de ser feita nas outras disciplinas ou ciências de modo geral. O caso do “descobrimento” do Brasil é similar. Cabral não foi o primeiro europeu a estar nas terras brasileiras, mesmo na Era Moderna. Conhecemos outros navegadores, inclusive portugueses, que realizaram expedições exploratórias antes do famoso lusitano apontado como “descobridor” do Brasil.
Como afirma a professora Marilena Chaui, nem o Brasil e nem a América estavam aqui à espera de seus descobridores, portanto não são “descobertas” ou “achamentos”, mas sim “construções culturais” ou ideológicas que irão se constituir naquilo que ela chama de o mito fundador, formado por vários elementos do imaginário e da mentalidade do europeu daquela época. O próprio Cristovão Colombo, apesar de grande navegador e imbuído de um conhecimento prático, ao se aproximar da América do Sul em sua terceira viagem para o Novo Mundo, imaginou estar às portas do Paraíso Terrestre.
O mito fundador necessita estabelecer um ponto de partida ou marco inicial. É exatamente essa construção cultural que permeia a mentalidade dos indivíduos até os dias de hoje e impede que se perceba o anterior ou a existência de um processo que conduz ao acontecimento. Aí é que entra o trabalho do historiador.
A informação sobre a autenticidade do mapa e a foto foram fornecidas pela agência Estado:
Para saber mais:
Hale, John R.  A Idade das Explorações. Coleção Biblioteca de História Universal Life. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1970. (edição esgotada, mas facilmente encontrada em sebos).




terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Anúncio Antigo 4: o filme Aeroporto 1977







Houve uma época em que os chamados "filmes de desastre" constituíram um grande filão do cinema comercial norte-americano. Na década de 1970 uma série de produções do gênero atraiu milhões de espectadores em todo o mundo e claro, no Brasil também. Foi o caso de "Aeroporto", uma produção de 1970, baseada em uma novela escrita por Arthur Hailey, narrando a história de um passageiro que explodiu uma bomba dentro de um vôo comercial (isso não parece familiar???). Como o sucesso foi grande, vieram as continuações: Aeroporto 1975, Aeroporto 1977 e Aeroporto 1980 (neste, pelo menos uma novidade, saíram os Boeings e entrou o supersônico Concorde).
O anúncio acima diz respeito ao terceiro exemplar da série: Aeroporto 1977. O enredo é um verdadeiro desafio às leis da Física. Depois de chocar-se com uma plataforma de petróleo em alto-mar (no famigerado Triângulo das Bermudas), o avião faz vôo rasante, "ralando" a fuselagem sobre as águas até cair em pleno oceano e afundar. O detalhe: o aparelho ficou praticamente intacto e com os passageiros vivos se desesperando por horas. O drama termina com a chegada do resgate da marinha norte-americana, que utilizando balões infláveis erguem o imenso avião (inteiro!!!) das profundezas oceânicas, com os passageiros vivos e sem ferimentos.
Como esse avião é resistente... Para muitos críticos da época este não foi um filme de desastre, mas um desastre de filme. É isso aí...


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Anúncio Antigo 3


Houve época em que a leitura era mais valorizada e eram realizadas campanhas na mídia para estimular o consumo de livros. O anúncio acima foi promovido pela Câmara Brasileira do Livro e publicado em uma página inteira da Revista Veja de 01.01.1969. Por que hoje não se fazem campanhas como essa???

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Editorial: Volta às Aulas



Houve uma época em que os professores eram valorizados e  respeitados pela sociedade. É verdade que nem todos tinham acesso à educação e o analfabetismo era um grave problema. Tanto que no período da Ditadura Militar (1964-1985) foi lançado o programa do Movimento Brasileiro pela Alfabetização, mais conhecido como Mobral. Contudo, foi nessa mesma época que a situação dos professores começou a se deteriorar, sobretudo no nível salarial. Cabe destacar que tal processo afetou principalmente o ensino público, que até a década de 1970 era muito melhor do que o privado. Era até humilhante para um jovem dizer que estudava em colégio particular, pois dava a impressão de que estava lá só para conseguir nota. Sou testemunha viva disso. Cursei o ensino médio e fundamental em escolas públicas, meio ano de reforço em cursinho pré-vestibular (naquela época o cursinho era só reforço, o aluno não entrava para aprender como ocorre hoje) e entrei na universidade com 17 anos. Acompanhei a primeira grande greve de professores estaduais de São Paulo em 1978. Dessa época em diante a situação só piorou. O que ocorreu em termos concretos foi a privatização do ensino, como depois ocorreu também com a saúde. Vejam só, as famílias de classe média não tinham despesas com educação e saúde e o setor público disponibilizava esses serviços com qualidade. Por que isso mudou?
A educação pública teve um crescimento horizontal (mais escolas), mas a qualidade do ensino não acompanhou essa expansão da rede. Optou-se pela quantidade sem qualidade. Apenas o ensino superior público conseguiu preservar os ótimos níveis em termos de formação e ensino, embora não seja acessível a todos, pois há o vestibular que exige preparo para o ingresso.
Em todo esse turbilhão o professor viu o seu prestigio diminuir. Estabeleceu-se uma cultura, na qual a sociedade, os meios de comunicação, a mídia em geral, deram a sua contribuição. A escola passou a ser vista de forma negativa, até opressora e autoritária. Claro, o modelo de modernização imposto no Brasil nessa mesma época requeria um povo que não fosse crítico e que ficasse satisfeito com alguns poucos bens de consumo como a televisão e o "Corcel 73" da música de Raul Seixas (isto para uma pequena classe média mais abonada que, vejam só, incluia os professores). A educação e a formação intelectual deixaram de ser vistas pelas famílias como algo importante, inclusive na própria elite.
Depois de décadas vem o discurso de que é preciso melhorar a educação, pois caso contrário isso pode comprometer o nosso crescimento e gerar falta de mão-de-obra qualificada. E alguns começam a lembrar dos exemplos da Coréia do Sul e da China ou ainda da Alemanha... Países onde a boa educação foi construída em décadas de investimento, sobretudo no professor, ferramenta fundamental do processo. Nesses lugares isso teve início já após a Segunda Guerra Mundial e lá se vão 67 anos. Hoje alguns afirmam, para nosso espanto, que é melhor um jovem estar em uma escola ruim do que ficar sem estudar... Que visão conformista. É com isso que devemos nos satisfazer? Ou lutar para que a situação começe a melhorar a partir de agora, pois o estrago foi tão grande que necessitaremos talvez de mais algumas décadas para recuperar o atraso?
Os estudantes chilenos estão nos dando um belo exemplo de luta para evitar que esse mesmo processo avance por lá. Na Espanha a situação também está se deteriorando e a educação pública deixando de ter a qualidade que tinha antes.
Este editorial é uma pequena contribuição para começarmos a reverter o processo aqui no Brasil.















segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Anúncio Antigo 2: a novela Passo dos Ventos




Dentro da seção "Anúncio Antigo" iremos lembrar as novelas. Afinal de contas em 2011 foram comemorados os 60 anos da telenovela no Brasil. O anúncio acima (publicado na Revista Veja, de 25.09.1968) refere-se ao drama "Passo dos Ventos", ambientado, vejam só, no Haiti. Inclusive o anúncio destaca que algumas cenas externas foram feitas lá (com certeza a gravação toda da novela não). Nessa fase inicial da TV Globo ainda predominavam as novelas de época, com alguns temas que hoje pareceriam exóticos, como "A Grande Valsa" (ambientada na Paris da Belle Époque e tendo como personagem o pintor Toulouse Lautrec), "Sangue e Areia" (narrando a história de um toureiro espanhol no início do século XX), "A Rosa Rebelde" (na Espanha ocupada por Napoleão)  ou a "A Gata de Vison" (na velha Chicago do gangster Al Capone). Dá para acreditar que essas eram as novelas feitas na Globo daquela época??? Se fosse hoje seria um prato cheio para os historiadores, não acham??? "Passo dos Ventos" era assinada por Janet Clair, que depois ficaria famosa na teledramaturgia brasileira e supervisionada pela cubana (isso mesmo, uma autora cubana na Globo) Glória Magadan. Não foi preciso muita magia negra e vodu para as novelas começarem a enfeitiçar o público.

Atenção Pesquisadores !!!

Temos aqui uma outra dica para  os nossos colegas professores e  pesquisadores. Trata-se da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil publicada a partir do ano de 1839. Todo o seu acervo pode ser consultado pela internet. O grande destaque dessa coleção vai para a parte historiográfica e para a transcrição de documentos que cobrem desde o período colonial até o século XX. Trata-se de um material fundamental para os que se interessam pela historiografia feita pelo Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, que teve como seu grande mecenas o imperador D. Pedro II, assiduo frequentador das reuniões daquela instituição. A parte documental é repleta de relatos das capitanias que formavam o território da colônia e importante para aqueles que estudam a história regional, como por exemplo no meu caso que trabalho com a Amazônia. O link para ir direto na revista é:

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Anúncio Antigo



O anúncio antigo de hoje é algo bizarro. Hipnose por correspondência. Fico imaginando o indivíduo, em casa, tentando aprender isso. Será que na época alguém conseguiu concluir o curso? Foi publicado também na revista O Cruzeiro de 15.01.1966.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Atenção Pesquisadores

Acredito que muitos profissionais da área de ciências humanas já saibam, mas não custa lembrar. O jornal "Folha de São Paulo" tem todo o seu acervo digitalizado e disponível para consulta na internet. Outros dois periódicos do grupo Folha, a "Folha da Manhã" e a "Folha da Noite" também estão disponíveis, a partir do ano de 1921. Atenção: as páginas dos jornais podem ser salvas. Basta você clicar com o mouse no lado direito para selecionar e colar em um arquivo. A consulta pode ser feita a partir de nomes, palavras e, claro, pelo dia e ano.
Com isto podemos consultar os jornais nas datas conhecidas, como por exemplo, no dia 01.04.1964 e ver a edição do golpe militar no Brasil. O site avisa que a degustação é temporária, mas o mesmo está no ar desde o mês de julho de 2011. O endereço é :


Aproveitem...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Violência Policial na USP




Lamentável o ocorrido no dia de hoje no campus da Universidade de São Paulo (USP) na Cidade Universitária. No momento em que pretendiam desalojar os estudantes que estavam, vejam só, no Espaço de Convivência do DCE (Diretório Central dos Estudantes), um policial completamente despreparado dirigiu-se a um estudante que nem sequer participava da discussão. O PM perguntou simplesmente a ele o que fazia lá e pediu a sua carteirinha. Na sequência agrediu o estudante (que era afrodescendente) e sacou a sua arma ameaçando-o. O autor deste blog estudou na USP na época da ditadura militar, mas nunca presenciou e nem ouviu falar de um tipo de violência policial como essa dentro do campus. Qual a providência que será tomada???

O link no Youtube para ver a agressão filmada pelos alunos é:

domingo, 8 de janeiro de 2012

Maria Prestes

O blog História Mundi acompanhou esta semana a disponibilização de todo a acervo particular de documentos da viúva do líder comunista Luis Carlos Prestes (1898-1990), dona Maria Prestes, a fim de que historiadores e pesquisadores possam, no futuro, avaliar esse momento importante da história de nosso país. O jornal Folha de São Paulo publicou hoje (dia 08.01.2012) um depoimento seu em que conta sua história e o período de convivência com o "Velho", como Prestes era conhecido entre os seus correligionários.
Muitos se lembram de Olga Benário, a primeira esposa de Prestes, mas a história de Maria revela toda uma trajetória de luta em favor da população mais humilde e desfavorecida. Nascida em Pernambuco em uma família já envolvida na luta revolucionária (seu pai participou do movimento de 1935 contra Getúlio Vargas), a militância no PCB (Partido Comunista Brasileiro) conduziu ela ao encontro com Prestes.
Luis Carlos Prestes têm sido criticado por suas ações políticas que iam contra os princípios democráticos, como a tentativa de depor Vargas em 1935. Contudo, é preciso lembrar que ele foi a grande vítima daqueles que eram contrários à democracia, como em 1947 quando o Partido Comunista Brasileiro foi cassado e em 1964 quando ocorreu o golpe militar.
Tive o privilégio de conhecê-lo pessoalmente em 1987. Dois anos depois, ele apoiou Lula no segundo turno da primeira eleição presidencial após a Ditadura Militar, apesar de ter muitas críticas ao então ex-líder sindical. Ouvi do velho revolucionário que Lula precisava estudar mais o marxismo, pois esta doutrina era uma "ciência" e uma arma em favor do povo.
A entrevista, na integra, de Maria Prestes, pode ser vista no link abaixo:

sábado, 7 de janeiro de 2012

Dica de Filme




Nossos "hermanos" argentinos já deram provas de competência na sétima arte. Uma delas é o filme "O Segredo dos Seus Olhos" dirigido pelo aclamado diretor Juan José Campanella. A história gira em torno de um assassinato não completamente esclarecido (pelo menos até o final da película) tendo como pano de fundo o fim do governo da presidenta Maria  Estela Martinez de Perón, a "Isabelita" (aliás por onde ela anda???) e a implantação da ditadura militar argentina em 1976. Contudo, é também um excelente thriller policial acompanhado por duas emocionantes histórias de amor. O filme arrebatou o Oscar de melhor produção estrangeira de 2010 e tem um elenco primoroso. Taí uma indicação para as férias...

Para ver:

O Segredo dos Seus Olhos: Argentina/Espanha, 2009, 129 min. Disponível em DVD pela Europa Filmes.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Seção "Anúncio Antigo".

Nesta seção iremos resgatar anúncios de revistas e jornais das décadas passadas. O primeiro (foto abaixo) é uma curiosidade publicada na antiga revista "O Cruzeiro" de 15.01.1966, propondo ensinar jornalismo por correspondência. Será que algum jornalista conhecido formou-se por esse curso???


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Velha Marabá

O resultado do plebiscito sobre a divisão do Pará tirou de Marabá a possibilidade de vir a se tornar capital de uma nova unidade da federação. Contudo, mais de 90% dos eleitores daquele município votaram a favor da divisão. Tal fato demonstra a existência de uma série de demandas e expectativas por uma presença maior do poder público junto aquela população, tanto a nível federal quanto estadual. Por sua vez, essa atuação não deveria ficar restrita a projetos econômicos que buscaram apenas extrair as imensas riquezas naturais do município, com poucos benefícios para a região em termos de melhoria na qualidade de vida dos moradores. Para entender isso melhor, vamos voltar um pouco no tempo, afinal é para isso que estamos aqui...
Em 1970, pela importância estratégica de Marabá (abrigava em seu território a mina de ferro de Carajás)  o Governo Militar (1964-1985) declarou o município Área de Segurança Nacional. Tal medida significou uma verdadeira intervenção, pois a cidade passou a ter prefeitos nomeados diretamente pelo Presidente da República. Era a época das grandes obras, que tinham por finalidade ocupar a Amazônia, como a abertura da rodovia Transamazônica, que passava pelo município. A região era vista como "espaço vazio" que precisava ser povoado.
Para adequar Marabá aos "novos tempos" de um suposto progresso e desenvolvimento, em função das perspectivas de extração do minério de ferro da Serra dos Carajás, o antigo Ministério do Interior planejou a mudança da cidade, usando como pretexto o problema das enchentes provocadas pelos rios Tocantins e seu afluente o Itacaiúnas. O local da nova cidade ficava em uma área segura em relação aos alagamentos.  A chamada Nova Marabá deveria se tornar um pólo de desenvolvimento e de geração de empregos, impulsionados pelo Projeto Ferro.




Por outro lado, a comunidade da antiga cidade, que depois passou a ser chamada de Velha Marabá, não viu a proposta com simpatia. Em primeiro lugar, a nova cidade ficaria distante dos rios, que propiciavam acesso fácil à floresta onde era extraido o principal produto do município: a castanha-do-pará. Em segundo lugar, havia uma estreita convivência desses mesmos moradores com os dois rios, tanto para a utilização da água para os afazeres domésticos, para o banho e para o lazer, o que a nova cidade não propiciaria mais. E em terceiro, pela vida comunitária que os moradores dos bairros mais antigos, como Cabelo Seco, o Marabazinho (às margens do rio Tocantins) e Santa Rosa estabeleceram ao longo de um convívio quase secular. A Velha Marabá era uma típica comunidade ribeirinha da Amazônia Oriental.





Diante disso, em que pesem as enchentes, que os moradores não consideram um problema intransponível  (isso será assunto para um outro post) e das imposições do Governo Militar, a Velha Marabá permaneceu. O seu aspecto visual peculiar pode ser observado nas fotos. Os moradores, de todos os segmentos sociais, impuseram uma série de obstáculos para deixar a cidade antiga. E a Nova Marabá? Depois de idas e vindas, acabou sendo implantada e atraiu, em grande parte, a população migrante que chegou às portas da Amazônia atraida pelas promessas de distribuição de terras, empregos, a exploração do ferro e outros apelos do Governo Militar no sentido de ocupar o imenso território.





Atualmente, na cidade de Marabá, existem três nucleos: a Velha Marabá (que resistiu), a Nova Marabá (cidade planejada, aliás mal planejada) e a Cidade Nova (um núcleo que surgiu às margens da rodovia Transamazônica e se expandiu). Hoje a castanha-do-pará (agora chamada de castanha do Brasil) não têm mais importância econômica para o município, uma vez que a devastação das florestas pôs fim aos castanhais.
Ah, estavamos nos esquecendo de Serra Pelada, o "furacão" que passou pelo município no início da década de 1980 e atraiu pessoas de todo o território nacional na ilusão do enriquecimento rápido. Quantas histórias foram contadas em função dessa mina de ouro (que ficava também na área do município) envolvendo personagens como o temido major Curió (da guerrilha do Araguaia), o presidente João Figueiredo, o jornalista Ricardo Kotscho, a cantora Rita Cadilac entre outros. Até colegas meus professores se aventuraram nos buracos da mina buscando o enriquecimento. Mas essa é também uma outra história...

Para saber mais:

ALMEIDA, J. J. Políticas públicas e comunidades da Amazônia: o caso de Marabá (1970-2000).  Revista História & Perspectivas da UFU, Uberlândia, n. 44, p. 233-266, jan/jun 2011.

Disponível em: