Ao que parece, o mistério do mapa
Vinland está completamente desfeito. Trata-se do primeiro documento a registrar
partes do território americano meio século antes de Colombo alcançar a América,
em 1492. O mapa foi feito por um monge suíço por volta do ano de 1440. Foi
encontrado em 1957 quando foi comprado por um negociante suíço e depois vendido
a um norte-americano. O mapa chegou a ser rejeitado pelo Museu Britânico em
função de se acreditar que o mesmo não fosse autêntico. Contudo, tal dúvida
parece estar definitivamente resolvida. Vários testes feitos no documento nos
últimos cinco anos pela Escola de Conservação da Real Academia Dinamarquesa de
Belas-Artes foram apresentados recentemente em uma conferência internacional de
cartografia na Dinamarca. Os exames verificaram a tinta utilizada no desenho do
mapa, o estilo de escrita e os buracos feitos por insetos no documento, até
então guardado na Universidade de Yale, nos Estados Unidos desde 1965. A alegação de que a tinta utilizada para
confeccionar o mapa era recente por conter dióxido de titânio foi descartada,
uma vez que a substância foi encontrada em outros mapas medievais. Essas
analises confirmaram o resultado do teste do Carbono 14 (método usado para datar
objetos antigos) que já havia sido feito anteriormente.
O interesse da Dinamarca em confirmar a autenticidade desse documento é evidente. O mapa confirma as viagens dos ancestrais dos dinamarqueses, mais precisamente os vikings, em direção ao norte da América, partindo provavelmente da península da Escandinávia através das ilhas da Islândia e Groenlândia, que os levaram ao norte do atual Canadá, chamado então de Vinland e que aparece no mapa (no lado direito do mesmo ou a oeste da Europa). A inscrição no próprio documento declara que a região foi descoberta e batizada com esse nome pelos exploradores nórdicos Bjarni Herjolfsson e Leif Ericson, que viram na mesma uma terra fértil e com muitas vinhas. É possível visualizar no braço de mar mais ao norte que penetra na ilha de Vinland a entrada da baia de Hudson e o mais ao sul a foz do rio São Lourenço no Canadá atual. A descoberta de Vinland ocorreu provavelmente no ano de 999 em plena Idade Média. A presença européia na região nessa época foi confirmada por achados arqueológicos.
Tais informações não retiram a importância da viagem de Colombo, realizada quase 500 anos depois, em outro contexto da história européia. O surgimento de uma economia mercantil que lançou as bases do capitalismo moderno impulsionando as grandes navegações dos séculos XV e XVI. Os motivos que levaram os vikings a realizar essa viagem foram bem diferentes dos de Colombo.
Essa é uma das razões apontadas pelos historiadores para o problema de se utilizar em História a idéia de “descobrimento”, possível de ser feita nas outras disciplinas ou ciências de modo geral. O caso do “descobrimento” do Brasil é similar. Cabral não foi o primeiro europeu a estar nas terras brasileiras, mesmo na Era Moderna. Conhecemos outros navegadores, inclusive portugueses, que realizaram expedições exploratórias antes do famoso lusitano apontado como “descobridor” do Brasil.
Como afirma a professora Marilena Chaui, nem o Brasil e nem a América estavam aqui à espera de seus descobridores, portanto não são “descobertas” ou “achamentos”, mas sim “construções culturais” ou ideológicas que irão se constituir naquilo que ela chama de o mito fundador, formado por vários elementos do imaginário e da mentalidade do europeu daquela época. O próprio Cristovão Colombo, apesar de grande navegador e imbuído de um conhecimento prático, ao se aproximar da América do Sul em sua terceira viagem para o Novo Mundo, imaginou estar às portas do Paraíso Terrestre.
O mito fundador necessita estabelecer um ponto de partida ou marco inicial. É exatamente essa construção cultural que permeia a mentalidade dos indivíduos até os dias de hoje e impede que se perceba o anterior ou a existência de um processo que conduz ao acontecimento. Aí é que entra o trabalho do historiador.
A informação sobre a autenticidade do mapa e a foto foram fornecidas pela agência Estado:
O interesse da Dinamarca em confirmar a autenticidade desse documento é evidente. O mapa confirma as viagens dos ancestrais dos dinamarqueses, mais precisamente os vikings, em direção ao norte da América, partindo provavelmente da península da Escandinávia através das ilhas da Islândia e Groenlândia, que os levaram ao norte do atual Canadá, chamado então de Vinland e que aparece no mapa (no lado direito do mesmo ou a oeste da Europa). A inscrição no próprio documento declara que a região foi descoberta e batizada com esse nome pelos exploradores nórdicos Bjarni Herjolfsson e Leif Ericson, que viram na mesma uma terra fértil e com muitas vinhas. É possível visualizar no braço de mar mais ao norte que penetra na ilha de Vinland a entrada da baia de Hudson e o mais ao sul a foz do rio São Lourenço no Canadá atual. A descoberta de Vinland ocorreu provavelmente no ano de 999 em plena Idade Média. A presença européia na região nessa época foi confirmada por achados arqueológicos.
Tais informações não retiram a importância da viagem de Colombo, realizada quase 500 anos depois, em outro contexto da história européia. O surgimento de uma economia mercantil que lançou as bases do capitalismo moderno impulsionando as grandes navegações dos séculos XV e XVI. Os motivos que levaram os vikings a realizar essa viagem foram bem diferentes dos de Colombo.
Essa é uma das razões apontadas pelos historiadores para o problema de se utilizar em História a idéia de “descobrimento”, possível de ser feita nas outras disciplinas ou ciências de modo geral. O caso do “descobrimento” do Brasil é similar. Cabral não foi o primeiro europeu a estar nas terras brasileiras, mesmo na Era Moderna. Conhecemos outros navegadores, inclusive portugueses, que realizaram expedições exploratórias antes do famoso lusitano apontado como “descobridor” do Brasil.
Como afirma a professora Marilena Chaui, nem o Brasil e nem a América estavam aqui à espera de seus descobridores, portanto não são “descobertas” ou “achamentos”, mas sim “construções culturais” ou ideológicas que irão se constituir naquilo que ela chama de o mito fundador, formado por vários elementos do imaginário e da mentalidade do europeu daquela época. O próprio Cristovão Colombo, apesar de grande navegador e imbuído de um conhecimento prático, ao se aproximar da América do Sul em sua terceira viagem para o Novo Mundo, imaginou estar às portas do Paraíso Terrestre.
O mito fundador necessita estabelecer um ponto de partida ou marco inicial. É exatamente essa construção cultural que permeia a mentalidade dos indivíduos até os dias de hoje e impede que se perceba o anterior ou a existência de um processo que conduz ao acontecimento. Aí é que entra o trabalho do historiador.
A informação sobre a autenticidade do mapa e a foto foram fornecidas pela agência Estado:
Para saber mais:
Hale, John R. A Idade das Explorações. Coleção Biblioteca de
História Universal Life. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1970.
(edição esgotada, mas facilmente encontrada em sebos).
Que legal, Jonas! Não conhecia esse mapa não...
ResponderExcluirOnde vc encontrou a imagem? Tem em algum lugar em boa resolução?