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sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Nota de Repúdio às ações de destruição da Amazônia



Este que vos escreve é historiador e também coordenador-geral do Grupo de Trabalho em História Ambiental da Associação Nacional de História (Anpuh), seção São Paulo. Trata-se de um campo de trabalho novo que procura tratar das questões relativas ao meio ambiente na perspectiva histórica. Esta semana nosso grupo se reuniu e preparou uma Nota de Repúdio ao que está ocorrendo na Amazônia e que repercute em todo o mundo: as queimadas. Em função da importância da questão, reproduzo abaixo o documento na íntegra, para o conhecimento de todos e para sensibilizar as pessoas a respeito da importância da manutenção de nossas riquezas naturais, pelo seu uso sustentável e não predatório. 




ANPUH-SP Divulga:

NOTA DE REPÚDIO ÀS AÇÕES DE DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA

O Grupo de Trabalho em História Ambiental da ANPUH-SP vem a público manifestar a sua enorme preocupação e indignação, com os acontecimentos recentes observados na Amazônia que resultaram em grandes queimadas da floresta, cuja fumaça atingiu, inclusive a cidade de São Paulo provocando o bloqueio da luz a ponto de acender a iluminação pública e chuva com fuligem. Evidentes foram os discursos proferidos na campanha eleitoral para a Presidência da República no ano passado, os quais deixaram clara a despreocupação do candidato vencedor com as questões referentes ao meio ambiente e aos cuidados em preservar as conquistas institucionais, obtidas ao custo de muitas lutas e ao sacrifício de vidas humanas, ocorridas desde a década de 1980, com o fim da ditadura militar e a chegada da Nova República.
O estabelecimento de áreas de proteção ambiental, das reservas extrativistas, a demarcação das terras indígenas, a obtenção de recursos e fundos internacionais a serem investidos na proteção da floresta amazônica e na contenção do processo acelerado de desmatamento verificado na década de 1980, foram metas alcançadas de forma gradual e com a contribuição de sucessivos governos (tanto na instância federal como na estadual), a fim de que se pudesse estabelecer um arcabouço institucional voltado para a contenção do desmatamento e das queimadas. Tudo isso foi sendo construído até que surgissem os resultados reais, os quais, embora ainda deixassem margens a críticas, eram avanços que podiam ser mostrados como produto de decisões tomadas por parte dos poderes instituídos e da sociedade do Brasil, a fim de deter o avanço predatório sobre a floresta.
Sabe-se que a Amazônia é uma área de imensa biodiversidade, com recursos naturais provenientes de sua fauna e flora ainda não completamente conhecidos e analisados pela ciência, daí serem alvo do interesse de instituições nacionais e internacionais. Vários estudiosos têm defendido um aproveitamento racional desses recursos, com base em pesquisas e estudos, muitos dos quais realizados na região, o que demanda maiores investimentos em ciência e tecnologia e por suposto, em educação. Trata-se de algo do qual a nação e o mundo poderiam se beneficiar, por meio de uma economia com maior valor agregado e que propiciasse resultados para a própria Amazônia, gerando alternativas econômicas e emprego, reduzindo, inclusive, a pressão sobre a floresta. 
Contudo, no presente momento, assistimos indignados aos cortes de verbas verificados exatamente nas instituições ou espaços institucionais, que poderiam nos proporcionar o conhecimento necessário à utilização racional da floresta amazônica, mantendo-a em pé. Se tal política equivocada ainda não bastasse, presenciamos também estímulos perpetrados pela autoridade maior da nação, de forma rudimentar, para que se produza a ocupação predatória, efetivada por meio de uma liberação geral para a destruição, por meio da pecuária extensiva (que tem por base a derrubada da floresta e as queimadas) e dos garimpos, que pouco propiciam em termos sociais e mesmo econômicos. 
Esperamos que, por meio da atuação firme da sociedade, dos historiadores e suas entidades, das organizações que defendem a causa ambiental, dos estudantes e cientistas formados nas universidades, dos jovens e velhos preocupados com o futuro de nossa sociedade e de nosso planeta, possamos deter mais esta séria ameaça à floresta amazônica, seus povos e biodiversidade. A memória dos que se sacrificaram por essa causa ao longo da história merece uma postura firme e clara diante daqueles que pregam o sacrifício da natureza em prol dos interesses privados imediatistas e que nada contribuem para a melhoria das condições de vida de nosso povo e de nosso país. 


                                                       GT de História Ambiental da ANPUH-SP
                                           26 de agosto de 2019

Crédito das imagens:
Foto pós-queimada:
https://noticias.r7.com
Floresta em chamas:
https://bhaz.com.br/2019/08/29/minas-auxilio-combate-queimadas-amazonia/

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Entrevista para a TV Guarulhos: Amazônia em foco



Hoje (dia 27 de agosto de 2019) pela manhã, este que vos escreve gravou uma entrevista para a TV Guarulhos, em um programa especial, comandado pelo ex-prefeito daquela cidade Eloi Pietá. O assunto: as queimadas na Amazônia. A mesma vai ao ar hoje à noite, às 20 horas. Como a cobertura da TV Guarulhos é restrita aquele município (Canal 3 da Net e 508 da VIVO), a mesma pode também ser acompanhada, no mesmo horário, pelo site da emissora na internet: 
tvguarulhos3.com.br
Crédito da imagem:
Greenpeace

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Anúncio Antigo 66: aspirina



Assim muitos imaginam a dor de cabeça, com o capeta apertando devagarzinho a nossa caixa craniana. E o remédio para isso? Pois saiba o caro leitor (a) que muitas substâncias provenientes da natureza e benéficas ao organismo humano já eram conhecidas por civilizações e culturas ancestrais. É o caso da substância que deu origem à aspirina, tema do Anúncio Antigo de hoje (imagem acima), que nada mais é do que o ácido acetilsalicílico proveniente do salicilato, presente em diversas plantas utilizadas como medicamentos. A mais conhecida dessas plantas é o salgueiro (também chamada de chorão). O seu uso para alívio de dores reumáticas remonta à antiga Mesopotâmia e é relatado em papiros (documentos escritos) do segundo milênio a. C. (antes de Cristo). No século VI a.C. o pai da medicina científica, o grego Hipócrates, receitava sucos extraídos da casca do salgueiro para o alívio das dores do parto e diminuição da febre. Sabe-se também que os nativos das Américas fizeram uso dessa substância para fins terapêuticos. 


O termo salicilato foi dado muitos séculos depois e é derivado de Salix, termo latino que designa o grupo de plantas do qual faz parte o salgueiro (foto acima). Em 1897, os químicos Felix Hoffman e o seu chefe, Heinrich Dreser, do laboratório alemão Bayer agregaram ao ácido salicílico o acetato (algumas fontes atribuem isso a um outro químico, Arthur Eichengrun), o que deu origem ao ácido acetilsalicílico ou a aspirina propriamente dita. A aspirina foi o primeiro fármaco (substância de alto interesse medicinal) a ser sintetizado na indústria farmacêutica e a primeira grande criação dessa mesma indústria, além de ter se tornado também o primeiro fármaco vendido em tabletes. 



Em 1899, a Bayer deu início à comercialização da aspirina, obtendo êxito imediato (na foto acima, embalagem original). O produto já estava patenteado pela mesma indústria alemã. O nome do remédio considerado o mais popular do século XX foi criado da seguinte forma: o a vem de acetil; o spir de ácido espírico (idêntico ao ácido acetilsalicílico) e o ina era o sufixo dado a todos os medicamentos criados no final do século XIX e início do XX (como por exemplo, penicilina). 
Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) a Bayer perdeu, em vários países, os direitos sobre a marca aspirina, como forma de contribuir com as indenizações de guerra a serem pagas aos vencedores. Aliás, a famosa indústria química teve a sua trajetória marcada pelo envolvimento direto com a ascensão de Adolf Hitler ao poder. Na década de 1930, a Bayern tomou parte de uma grande corporação  do setor químico conhecida como IG Farben, na qual também estavam a Basf, a Agfa e os laboratórios Hoechst. A criação dessa corporação empresarial (que na prática atuava como cartel) foi uma forma encontrada para enfrentar as dificuldades econômicas originárias da derrota alemã na Primeira Guerra. Em troca das promessas de expansão e de mais investimentos na indústria química, a IG Farben financiou a campanha que levou à indicação de Adolf Hitler como primeiro-ministro da Alemanha em 1933. Posteriormente intensificou a colaboração com o regime nazista desenvolvendo a borracha sintética, os combustíveis de alta performance para as Forças Armadas e produzindo o Ziklon-B, gás venenoso utilizado nas câmaras de extermínio de prisioneiros nos campos de concentração. 


A IG Farben e suas indústrias constituintes também utilizaram esses prisioneiros como mão de obra escrava (acima, prisioneira trabalhando para a IG Farben, no próprio campo de concentração de Auschwitz). 


Ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, muitos diretores das empresas que integravam o conglomerado da IG Farben foram levados a julgamento e sentenciados por crimes de guerra (na foto acima Carl Krauch, presidente da IG Farben, condenado a 6 anos de prisão). O conglomerado IG Farben foi desmantelado e as antigas empresas do grupo foram reconstituídas, inclusive contando com a ajuda financeira dos aliados vencedores da guerra, para fortalecer a nova Alemanha e conter a ameaça comunista na Europa Oriental. Em função disso, a Bayern voltou a prosperar e hoje é uma das empresas mais importantes do mundo no ramo farmacêutico e químico. E vida que segue, como se diz por aí. Mas, e para as vítimas?
O Anúncio Antigo 66 foi publicado na revista Careta no ano de 1912 e reproduzido na seguinte página:
https://www.facebook.com/AnunciosDoPassado/?epa=SEARCH_BOX

Crédito das demais imagens: Wikipédia
Antiga embalagem da aspirina em pó:
https://www.bayer.pt/sala-de-imprensa/galeria-de-imagens.php

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Mostra individual de Martins de Porangaba: releituras de Leonardo



Quando conheci o artista plástico Martins de Porangaba, no já distante ano de 1975, como meu professor-orientador de desenho e pintura na Escola Brasileira de Desenho no bairro do Brás, tinha apenas 13 anos completos e nem sequer havia alcançado a adolescência propriamente dita. Graças ao convívio com este grande artista, nomes como Van Gogh, Picasso, Matisse, Renoir, Cézanne, Portinari, Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, Mário Zanini entre outros, passaram a fazer parte do meu universo quando o assunto era pintura e desenho. Trata-se de um gigantesco privilégio que tive em obter uma formação que, até hoje, exercito nas várias sessões de modelo vivo das quais participo e nos encontros com os artistas do Grupo Belenzinho. 


Por outro lado, também naquele tempo, jamais poderia imaginar, nem em meus melhores sonhos, que um dia ele mesmo me incumbiria de criar um texto de apresentação para uma mostra sua. Exatamente a que está sendo exibida este mês (até o dia 30 de agosto) na Galeria Edmondo Biganti, no Circolo Italiano de São Paulo. E se não bastasse, ainda tive a honra de ver esse mesmo texto no belíssimo catálogo da exposição (imagem acima). 


Portanto, com muito orgulho, convido a todos os leitores (as) deste blog a visitarem a exposição de Martins de Porangaba, a qual, além de suas enormes qualidades pictóricas, nos convida a viajar pelo universo do mestre renascentista Leonardo da Vinci, na celebração dos 500 anos de seu desaparecimento...
Para ver:
Criatividade e Releitura sobre Leonardo Através das Obras de Martins de Porangaba.
Quando: 5 a 30 de agosto de 2029.
Onde: Circolo Italiano - San Paolo
Galeria Edmondo Biganti
Av. Ipiranga, 334 (edifício Itália) - São Paulo (SP)

domingo, 11 de agosto de 2019

Anúncio Antigo 65: televisor Apollo 23 da GE



Houve uma época em que as viagens espaciais ocupavam os noticiários e o interesse do público em geral. Essa época foi a década de 1960, que marcou o auge da corrida espacial entre União Soviética e Estados Unidos. Reflexo direto das disputas entre essas duas grandes potências mundiais conhecida por Guerra Fria. Em 20 de julho de 1969, há exatos cinquenta anos, Neil Armstrong pisou em solo lunar, vindo logo em seguida o seu colega da Missão Apolo XI, Edwin "Buzz" Aldrin (Michael Collins permaneceu na órbita da Lua, no Módulo de Comando). Claro que a publicidade teve de "surfar" na onda da conquista da Lua e aqui temos um desses exemplos, da multinacional General Electric e do lançamento de seu mais novo produto em nossas bandas: o televisor Apollo 23. Isso mesmo que você leu, Apollo 23!


Ora, nada melhor para o consumidor do que ter em sua casa um aparelho de televisão fabricado por uma empresa que cooperou no programa espacial estadunidense, como aliás, o próprio material publicitário (com textos longos, como era costume naquele tempo) destacava, principalmente no que diz respeito à aferição dos componentes do foguete Saturno V, que serviu de propulsor para a nave Apolo que levou os três astronautas (na foto acima, o televisor Apollo 23 oferecido em um brechó). 


Aliás, a própria foto do anúncio foi fornecida pela Nasa (National Aeronautics and Space Administration ou Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) tirada de uma simulação feita em estúdio, a respeito dos procedimentos a serem efetuados em solo lunar (como na foto acima, onde vemos os astronautas Aldrin e Armstrong, num exercício simulado, em abril de 1969). E toda essa tecnologia espacial aplicada ao próprio televisor no que dizia respeito à imagem e ao som. Será? Vamos com calma. Naquele final da década de 1960 as emissoras daqui só geravam imagens em preto e branco, com tudo dependendo da transmissão em si, sobretudo a imagem. Os canais de televisão não atingiam todos os lugares com a mesma qualidade, exceto aqueles que puderam investir em equipamentos novos de tecnologia mais recente e terem as suas próprias torres de retransmissão, como foi o caso de uma certa emissora do Rio de Janeiro que conseguia manter o padrão da imagem na maior parte das regiões. Como se dizia, "pegava bem em qualquer lugar". Mas isso é outro assunto. O que de fato melhorou para o telespectador como resultado direto das viagens espaciais foram as transmissões via satélite feitas ao vivo. O lançamento de satélites artificiais de comunicação (e depois para observações meteorológicas) foi o primeiro resultado palpável da corrida espacial, que aliás teve início com o lançamento de um, o Sputnik, em 1957 pelos soviéticos.
No final da década de 1960 começamos a assistir os grandes eventos em tempo real (como se diz hoje) ou via satélite (como se dizia na época), entre os quais a própria descida do homem na Lua; a Copa do Mundo de 1970, a qual este que vos escreve pode acompanhar; além das corridas de Fórmula 1; as lutas de boxe de Muhammad Ali (o Cassius Clay); os grandes shows; os Jogos Olímpicos; para ficarmos apenas nos acontecimentos mais conhecidos. O resto foi ocorrendo aos poucos, como a televisão transistorizada (com o transistor substituindo a velha válvula), que ao ser ligada, a imagem aparecia de imediato, deixando para trás aquele procedimento de esperar o aparelho "esquentar" para surgir a imagem. Mas ainda existiam as "máscaras" que faziam com que as figuras aparecessem tremidas. Finalmente, em 1972, veio a cor nas televisões fabricadas no Brasil.
De uma certa forma, devemos agradecer aos astronautas, como recomenda o Anúncio Antigo 65, publicado três dias após a chegada do homem na Lua, na Revista Veja de 23 de julho de 1969, na página 15. Ah, mas o agradecimento não poderia ser em nossa língua portuguesa? Obrigado Neil, obrigado Yuri, obrigado Valentina, obrigado Alan...
Crédito das imagens:
TV Apollo 23 em um brechó:
https://rs.olx.com.br/regioes-de-caxias-do-sul-e-passo-fundo/antiguidades
https://www.flickr.com/photos/nasacommons/9460197354/in/album-72157650733490842/

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Imagens Históricas 42: o astronauta Neil Armstrong no Brasil (1966)



Neil Armstrong aparece na imagem acima, sentado do lado direito de um Chevrolet Impala, desfilando pelas ruas de São Paulo em carro aberto. Seria uma celebração pela sua chegada à Lua? Não! Quando essa foto foi tirada, em outubro de 1966, Armstrong nem imaginava ser o primeiro homem a pisar em solo lunar. Portanto, "o grande passo para a humanidade", de acordo com as suas próprias palavras, ainda estava para ser dado. Agora, em 2019, estão sendo lembrados os cinquenta anos desse evento, momento culminante da corrida espacial, que envolvia os Estados Unidos e a União Soviética nos tempos da Guerra Fria (termo utilizado por não ter se tornado um conflito direto). No entanto, o blog História Mundi recorda outro acontecimento, também relacionado com a corrida espacial e de grande importância geopolítica. Entre os dias 17 e 23 de outubro de 1966, Neil Armstrong esteve no Brasil para uma visita oficial. A mesma fazia parte de uma propaganda do governo estadunidense junto aos países latino-americanos, recomendada pelo então presidente Lyndon Johnson, a fim de tentar demonstrar que o programa espacial era pacífico e benéfico para toda a humanidade. 



Para essa tarefa foram escalados dois astronautas: o próprio Armstrong e seu colega Richard Gordon (na foto acima, respectivamente, da esquerda para a direita). Ambos faziam parte do time do Projeto Gemini, que antecedeu o Projeto Apolo (que alcançou a Lua). Aliás, Armstrong foi o comandante da Gemini VIII, em março de 1966. 
Vamos lembrar que o número de incrédulos em relação à chegada do homem na Lua aumentou nesse meio século. O leitor (a) encontrará, numa simples busca no Google, vários sites apontando que esse fato foi uma fraude e de que não passou de uma encenação montada em estúdio, com a ajuda de técnicos em efeitos especiais de Hollywood tendo, inclusive, a colaboração do famoso diretor Stanley Kubrick, o mesmo do clássico de ficção-científica "2001: Uma Odisseia no Espaço" (de 1968). Bem, a crermos em tal hipótese, a mesma teria ocorrido com a aceitação da União Soviética, a qual, de maneira inevitável (em função do sistema de espionagens) tomaria conhecimento desse suposto fake, utilizando uma expressão atual. E as outras missões Apolo (depois da Apolo 11) que pousaram na Lua? Também foram fraudes? Portanto, até prova bem fundamentada em contrário, mas muito bem fundamentada mesmo, irrefutável, o homem pisou na Lua.



Neil Armstrong nasceu numa pequena cidade do Estado do Ohio (EUA) no ano de 1930, filho de um funcionário do governo estadual (nas fotos acima ele é o do meio junto aos irmãos e com cinco anos de idade, usando um quepe). Desde criança, Armstrong havia manifestado a sua paixão por aviões e iniciou o curso de engenharia aeroespacial em 1947. Dois anos depois foi convocado pela Marinha, onde se tornou aviador naval, prestando serviços em porta-aviões. 


Em 1951 participou da Guerra da Coréia (conflito que resultou na divisão das duas Coreias, uma comunista e outra capitalista) servindo como piloto. Armstrong viu nascer os aviões a jato empregados em combates (na foto acima, Armstrong na Marinha em 1952). Nesse momento, a Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética ganhava proporções que pareciam levar o mundo a um novo conflito armado, a uma Terceira Guerra Mundial. Neil Armstrong participou de 78 missões na Coréia e em uma delas foi obrigado a se ejetar do seu avião, que fora abatido. Em 1953 foi dispensado do serviço ativo da Marinha, como tenente reservista, aproveitando a oportunidade para concluir o curso de engenharia.



Em seguida, tornou-se piloto de testes, voando em mais de 200 modelos diferentes, um deles o famoso X-15, um verdadeiro "avião-foguete", que chegou a superar a barreira dos 6 mil quilômetros por hora de velocidade (acima, Armstrong diante do X-15 e a aeronave no National Air and Space Museum de Washington). Neil Armstrong candidatou-se em um programa para a preparação de futuros astronautas realizado pela National Aeronautics and Space Administration, a Nasa, que culminou no Projeto Mercury, criado ainda sob a pressão da supremacia dos soviéticos na corrida espacial. Por não ser um militar da ativa, Armstrong não obteve colocação no programa, apesar de sua enorme experiência como piloto. Contudo, em 1962, a Nasa admitiu civis com experiência em voos experimentais e Armstrong aproveitou a oportunidade, participando do Projeto Gemini, que estabeleceu viagens tripuladas ao espaço com dois astronautas. 


Como já assinalamos, Armstrong comandou a Missão Gemini VIII em março de 1966, a qual teve como destaque a primeira acoplagem feita no espaço, com o veículo não tripulado Agena (na foto acima, os tripulantes da Gemini VIII, David Scott e Neil Armstrong, respectivamente da esquerda para a direita). Mas a missão enfrentou percalços. Após conectar-se, a capsula da Gemini começou a girar sobre si mesma (junto com o Agena) de modo contínuo, obrigando os astronautas a realizarem uma desconexão abrupta. Mesmo assim, a Gemini continuou a girar de forma descontrolada, realizando uma rotação por segundo, o que levaria os astronautas ao desmaio e consequentemente à morte. Para que o problema fosse resolvido, foram acionados os propulsores de reentrada na atmosfera terrestre, o que significava que a missão estava sendo abortada.


O retorno de emergência ocorreu apenas dez horas após o lançamento e ao invés do pouso ser feito nas águas do Oceano Atlântico, teve que ser realizado no Pacífico (na foto acima, David Scott e Neil Armstrong são recolhidos no mar). Tal incidente mereceu até um comentário de Armstrong, durante uma entrevista em São Paulo, ao afirmar que:

As reviravoltas que a Gemini VIII deu, quando do acoplamento com o foguete Agena, foi o mais sério perigo até agora enfrentado no programa espacial, a ponto de exigir a utilização do sistema de emergência para sobrepujar o perigo e a redução do tempo de voo. Não senti, apesar disso, receio de não voltar, porque não houve tempo, que é todo ocupado em experiências e não permite, sequer, a apreciação das belezas que lá de cima se descortinam.



Bem, voltemos à visita de "boa vontade", como assinalado pelo governo estadunidense, dos dois viajantes do espaço. No dia 17 de outubro de 1966, Neil Armstrong e Richard Gordon chegaram a Brasília acompanhados de suas esposas, do vice-diretor da Nasa, George Low e também dos outros integrantes da comitiva, sendo recebidos pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, John Tuthill (na foto acima, temos Richard Gordon, sua esposa Barbara, Janet Armstrong e seu marido Neil, da esquerda para a direita). Na capital brasileira os astronautas cumpriram uma programação formal, sendo apresentados como "emissários do presidente Johnson", o que de fato eram. Os mesmos deram entrevistas aos jornalistas, reforçando mais uma vez que o programa espacial tinha fins pacíficos e que o mesmo contava com a colaboração de 71 países, por meio da troca de informações científicas. Dentre esses países faziam parte o Brasil e pasmem, a própria União Soviética. Claro, uma troca de informações que não incluía o núcleo de conhecimento considerado estratégico e exclusivo dos Estados Unidos. Ainda na entrevista, os astronautas relataram, a pedido dos jornalistas, as sensações sentidas no espaço, sobretudo nos passeios fora da nave. 


Mas, lembremos, estávamos na Guerra Fria e o Brasil era governado por uma ditadura militar favorável aos propósitos dos Estados Unidos de conter o comunismo. O governo brasileiro era encabeçado pelo general e presidente Humberto de Alencar Castelo Branco (na foto acima, o presidente, de costas, recebe os astronautas em encontro no Rio de Janeiro). Na visita à Universidade de Brasília, os astronautas realizaram uma palestra, com projeção de várias imagens referentes aos voos espaciais. Em um intervalo da projeção, estudantes que se encontravam no auditório resolveram levantar uma faixa onde se lia "Primeiro Paz na Terra: Fora do Vietnã". Agentes da segurança recolheram a faixa, houve um murmúrio e enfim, a palestra teve continuidade. Tratava-se de uma contestação à propaganda do governo dos Estados Unidos, o qual reiterava ser a sua política externa pacífica. O conflito no Vietnã (como o anterior na Coréia), mostrava que a guerra era fria apenas no nome.


No dia seguinte, 18 de outubro, os dois astronautas já se encontravam no Rio de Janeiro, para outra maratona de atividades oficiais e que, desta vez, contaria com um passeio em carro aberto pelo centro da cidade (na foto acima, Armstrong e Gordon acenam para a multidão nas ruas do Rio). 


Os astronautas estiveram no Monumento aos Heróis da Segunda Guerra, onde depositaram flores, depois em um almoço no Hotel Glória oferecido pelo governador do antigo Estado da Guanabara, Negrão de Lima (na foto acima, com Armstrong) e em um encontro com jornalistas na Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Na entrevista coletiva os astronautas responderam a várias perguntas, entre elas as possibilidades das mulheres irem ao espaço. Richard Gordon argumentou que se as mesmas estiverem preparadas e em boas condições físicas, poderiam participar de voos espaciais no futuro. Nesse quesito, os soviéticos estavam bem à frente, pois em junho de 1963 a cosmonauta Valentina Tereshkova já havia ido ao espaço (ver nossa postagem Imagens Históricas 25: Valentina Tereshkova). O vice-diretor da Nasa, George Low, afirmou que esperava que os norte-americanos chegassem na Lua antes dos soviéticos, a fim de cumprir a promessa do ex-presidente John Kennedy, de colocar um homem na Lua e traze-lo de volta em segurança, até o final da década de 1960.


No segundo dia de visitas ao Rio ocorreu o já citado encontro com o presidente Castelo Branco, um notório americanófilo (simpático aos Estados Unidos) desde os tempos em que serviu na Segunda Guerra Mundial, nos campos de batalha da Itália, onde travou uma forte amizade com o general estadunidense Vernon Walters, que depois se tornou vice-diretor da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA). No encontro com Castelo foi entregue a este uma carta do presidente Lyndon Johnson, o qual destacou a cooperação entre a Nasa e a Comissão Brasileira de Atividades Espaciais (na foto acima, os astronautas acenam para a multidão na Avenida Presidente Vargas). Interessante notar que vários jornais, entre eles o Estado de S. Paulo, designavam Armstrong e Gordon como cosmonautas, termo aplicado aos soviéticos e não aos norte-americanos, chamados apenas de astronautas.


O programa oficial incluiu uma visita a Pontifícia Universidade Católica do Rio, onde ocorreu um encontro com estudantes e ao Itamarati (na foto acima, os dois astronautas e as esposas na PUC-Rio). No terceiro dia, Armstrong e Gordon tiveram uma folga e aproveitaram para conhecer o Rio ao lado de suas esposas.


Na manhã de sexta-feira, dia 21 de outubro, Armstrong, Gordon e toda a comitiva chegaram a São Paulo desembarcando no aeroporto de Congonhas. De lá, saíram em cortejo de carro aberto até o Palácio dos Bandeirantes, para um cafezinho com o governador Laudo Natel, o qual foi presenteado com um álbum de fotos tiradas do espaço (exatamente como mostra a foto acima).


Do Palácio a comitiva dirigiu-se, mais uma vez em carro aberto, para o Othon Palace Hotel, na Praça do Patriarca (bem em frente a atual Prefeitura de São Paulo), passando pelas ruas Dom José de Barros e Barão de Itapetininga, além da avenida São João (como prova a imagem acima). O centro de São Paulo ainda não era tão decadente, como também o do Rio de Janeiro. A beleza arquitetônica e paisagística da capital paulista podia ser vislumbrada pelos visitantes. Nas últimas décadas, a cidade ficou sem rosto, sem identidade, fechada em condomínios ou hotéis de luxo que não interagem com o seu entorno. Mas isso é outro assunto. No hotel, um encontro com a imprensa e uma bateria de questões propostas por jornalistas, não faltando até mesmo perguntas referentes a discos voadores, tema em voga naqueles tempos.



Vida de astronauta não é fácil! Depois de rápido almoço foi a vez da recepção do prefeito Faria Lima e uma visita ao Monumento das Bandeiras de Victor Brecheret, ao lado do Parque do Ibirapuera. Lá, mais perguntas repetitivas de jornalistas, do tipo: como é a Terra vista do espaço? Um fato interessante de ser registrado foi a ida da comitiva ao Museu da Aeronáutica no Ibirapuera, na época instalado no prédio da Oca (nas fotos, de cima para baixo, os astronautas diante do Monumento das Bandeiras e Gordon ao lado do prefeito Faria Lima). Os astronautas prestaram uma homenagem a Santos Dumont, não como inventor do avião (privilégio que os estadunidenses atribuem aos seus compatriotas, os irmãos Wright), mas oferecendo uma placa comemorativa, onde o brasileiro era lembrado por sua contribuição ao avanço da ciência aeroespacial. Ah, entre as atrações vistas no Museu estava uma réplica do 14 Bis (primeiro veículo mais pesado que o ar a levantar voo) e o hidroavião Jahu, que fez a viagem épica entre Gênova e São Paulo no ano de 1927, sob o comando de João Ribeiro de Barros, sendo a primeira travessia sem escalas pelo Atlântico-Sul. Segundo nos mostra a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, os dois astronautas mostraram interesse em saber detalhes das duas aeronaves, o que foi explicado por Ada Rogato, outra pioneira da aviação (a primeira aviadora a atravessar os Andes e a realizar uma viagem completa pelas Américas até o Alasca). Portanto, em termos de aviação, havia muito a ser mostrado aos visitantes em nosso país.


Ainda no Museu da Aeronaútica, Neil Armstrong e Richard Gordon receberam condecorações dadas por oficiais da Força Aérea Brasileira (foto acima, Gordon sendo condecorado tendo Armstrong à direita). À noite, Armstrong e Gordon participaram de uma palestra na Universidade Mackenzie a fim de dar informações sobre o Projeto Apolo e destacar o objetivo maior do mesmo: alcançar a Lua. Todo o roteiro teve a rigorosa cobertura do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Interessante o fato da visita não incluir universidades públicas (exceto em Brasília). Seria pelo temor aos protestos estudantis? Na manhã do dia seguinte a comitiva com os astronautas partiu de São Paulo rumo ao Paraguai.


Não falamos muito de Richard Gordon (acima, em foto oficial da Nasa), ex-capitão da Marinha dos Estados Unidos e que tinha, como seu colega, experiência em pilotagem de aviões a jato. Gordon havia participado, apenas um mês antes, do voo da Gemini XI (penúltima missão desse programa). Na oportunidade fez um passeio no espaço (fora da cápsula Gemini) que durou 44 minutos. Tanto Gordon como Armstrong passaram para o Projeto Apolo. Gordon participou da Apolo 12, porém sem descer na Lua, permanecendo em órbita no módulo de comando. A grande oportunidade de Richard Gordon de deixar a sua marca em solo lunar viria com a Apolo 18. Viria, pois antes dessa missão ir ao espaço, o Programa Apolo foi cancelado pelo presidente Richard Nixon. O custo do programa espacial atingiu valores astronômicos, para utilizar um termo familiar aos engenheiros aeroespaciais e que deixou sequelas na economia dos Estados Unidos, da mesma forma que a intervenção na Guerra do Vietnã para evitar que aquele país se tornasse comunista (e que resultou em derrota).


Um astronauta naqueles tempos era como ser um astro de cinema e a vida pessoal dos mesmos era mostrada como exemplar, pelo menos era o que a Nasa informava. Pouco sabemos a respeito das esposas (nas fotos acima, Barbara Gordon e Janet Armstrong, da esquerda para a direita respectivamente). No caso em questão, as mesmas eram apresentadas nos jornais apenas como a Senhora Armstrong e a Senhora Gordon. Em uma matéria no Suplemento Feminino do jornal O Estado de S. Paulo feita após a visita (na edição de domingo, dia 24 de outubro de 1966), temos uma declaração de Barbara Gordon a respeito de seu dia a dia com o esposo:

Meu marido chega em casa às vezes às tantas da noite - disse a senhora Gordon e, devido ao intenso trabalho e aos numerosos exercícios que realizou, chega tão esfomeado que tenho que me levantar e ir preparar um jantar melhor para ele. Mas isso me faz feliz porque sinto que estou colaborando para o grande trabalho e para o idealismo de meu marido.
O meu dia começa às 6 da manhã - prosseguiu a senhora Gordon - pois é nessa hora que inicio o preparo dos alimentos para as crianças, que vão à escola a seguir. Em seguida vou às compras, preparo as refeições seguintes. Boa parte da noite eu fico sozinha pois, logo que terminam seus deveres, as crianças vão dormir e eu só me deito às 22 horas.

Sem dúvida os gritos da emancipação feminina ainda não haviam contagiado as esposas dos dois astronautas, que prescreviam uma vida reclusa de dona de casa e completamente dedicadas aos objetivos de seus maridos, os quais eram considerados nobres, pois almejavam alcançar um feito em benefício de seu país. Se elas tinham os seus próprios sonhos, estes ficavam em segundo plano. Para o público, era a imagem de um casamento perfeito. Anos depois desses voos espaciais, os enlaces matrimoniais dos dois casais terminaram em divórcio e em novos casamentos.



O resto, como mostram as imagens acima, já são conhecidos do grande público. A Apolo 11, tripulada por Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin "Buzz" Aldrin, realizou o tão acalentado objetivo do pouso lunar (acima a partida no foguete Saturno V e a Base da Tranquilidade em solo lunar). Os grandes feitos da era espacial possibilitaram avanços tecnológicos que, em condições normais, teriam levado mais tempo. Por exemplo, os satélites artificiais melhoraram as comunicações e as previsões meteorológicas. A chegada à Lua, em si, talvez tenha tido maior importância como acontecimento do que como contribuição à humanidade. A União Soviética foi derrotada na corrida espacial? Aqui temos uma questão mais complexa. Após o êxito dos Estados Unidos, o programa soviético passou a focar em outros objetivos, como o tempo de permanência do homem no espaço, que possibilitou a evolução das estações espaciais. O veículo Soyuz (palavra que significa união em russo), considerado o "fusquinha" do programa espacial, é utilizado até hoje (foi nele que o brasileiro Marcos Pontes viajou ao espaço em 2006).



Em 2018 a vida de Neil Armstrong virou filme: O Primeiro Homem. O papel principal coube ao ator Ryan Gosling, sob a direção de Damien Chazelle, o mesmo de La La Land: Cantando Estações (acima, uma rara foto de Armstrong caminhando na Lua e o ator Ryan Gosling vivendo o astronauta). 


Após a viagem espacial que o consagrou, Armstrong fez uma nova visita ao Brasil, com seu colega de Apolo 11, Michael Collins, em 1969, ocasião em que chegou a ser entrevistado pela apresentadora Hebe Camargo (foto acima). Neil Armstrong veio a falecer em 2012 com 82 anos e Richard "Dick" Gordon, que deveria também ter colocado os seus pés na Lua, morreu em 2017 aos 88 anos. 
A Imagem Histórica de hoje (que abre a postagem) pertence ao acervo do jornal O Estado de S. Paulo...

Crédito das imagens:
Armstrong ainda criança e com os irmãos: Revista Veja, edição de 16.07.1969, página 30.
Armstrong na Marinha, foto dos astronautas da Gemini VIII, chegada da Gemini VIII e foto oficial de Richard Gordon: Wikipédia
Armstrong diante do X-15 em 1959:
https://www.flickr.com/people/nasacommons/
Avião-foguete X-15 no National Air and Space Museum de Washington: acervo do autor
Os astronautas na PUC-Rio:
http://nucleodememoria.vrac.puc-rio.br/entidades/centro-acadêmico-eduardo-lustosa-direito-cael
Armstrong com Negrão de Lima e os astronautas na Avenida Getúlio Vargas no Rio de Janeiro:
https://blogs.oglobo.globo.com/blog-do-acervo/post/50-anos-da-chegada-lua-neil-armstrong-visitou-o-brasil-tres-anos-antes-de-viagem-da-apollo-11.html
Foto colorida de Armstrong com Gordon:
https://www.icollector.com/Neil-Armstrong-and-Richard-Gordon_i9203695
Foto dos astronautas com Castelo Branco, acenando para a multidão nas ruas do Rio, sendo condecorados em São Paulo e das esposas: 
https://acervo.estadao.com.br/
Fotos dos astronautas com o governador Laudo Natel, na Avenida São João, no Monumento às Bandeiras e com o prefeito Faria Lima:
https://brazilianspace.blogspot.com/2016/10/ha-50-anos-astronauta-neil-armstrong.html
O ator Ryan Gosling como Armstrong:
https://www.vox.com/culture/2018/9/11/17846234/first-man-review-ryan-gosling-neil-armstrong
Hebe Camargo com Armstrong:
https://veja.abril.com.br/entretenimento/dez-artistas-pioneiros-da-tv-brasileira/

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Exposição de Martins de Porangaba: releituras sobre Leonardo




Todos os que acompanham o blog História Mundi estão convidados para a mostra do artista plástico Martins de Porangaba, que já está em cartaz no Circolo Italiano de São Paulo (informações no cartaz acima), com curadoria de Emanuel von Lauenstein Massarani e texto de apresentação deste humilde servo que vos escreve...