O "Rock and Roll" fez história e para provar isso, uma exposição em São Paulo relembra os momentos mais marcantes desse gênero musical nascido no coração dos Estados Unidos e cujas raízes são encontradas na mais pura "black music". O Rock nasceu da influência de muitos outros ritmos, como o country, o blues, o gospel, o jazz entre outros. Tinha raízes negras e isto não caia muito bem em uma sociedade racista e conservadora como a do sul dos Estados Unidos. Em 1954, Sam Phillips, dono de uma microgravadora na cidade de Memphis, Estado do Tennessee, chamada Sun Records, teria dito que ficaria milionário se encontrasse um branco que cantasse como um negro. Ele encontrou Elvis Presley, mas também Jerry Lee Lewis, Carl Perkins, Johnny Cash e Roy Orbison. Mas não ficou milionário. Por outro lado, ele ajudou a formar a primeira constelação de astros do Rock and Roll. O novo ritmo musical vinha para ficar e já tinha seu nome consagrado com o DJ Alan Freed, conhecido também como Moondog. Em seu programa de rádio "The Moondog House" na WJW Rádio, de Cleveland, ele cravou o nome "Rock and Roll" para designar inicialmente um "rhythm and blues" mais energizado. Isso foi em julho de 1951 e o termo pegou.
Em 1954 vinha o hit "Rock Around the Clock" gravado por Bill Halley e seus Cometas consagrando o novo gênero nas paradas de sucesso e até no cinema, pois foi o primeiro rock a ser utilizado como trilha sonora de um filme: Sementes da Violência, lançado no mesmo ano.
O citado Sam Philips vendeu o passe de Elvis para a RCA Victor e o resto virou história. O Rock ganhava o seu primeiro astro e que superou as resistências dos mais conservadores, que viam a nova música como sendo "música de negros" e de caráter imoral. O novo ritmo era associado à rebeldia dos jovens ou "juventude transviada", antes de ser assimilado e domesticado. Um dos momentos importantes dessa domesticação foram os meses no serviço militar obrigatório que disciplinaram o astro Elvis. A década de 1960 viu a "invasão britânica" com Beatles e Rolling Stones e é por esse início que o visitante da exposição vai sendo conduzido, numa linha do tempo do Rock. Uma linha do tempo que falha ao dar pouca atenção à contracultura e ao festival de Woodstock no final daquela década.
A grande vedete da exposição são as fotos de Bob Gruen, o "fotógrafo do Rock" e as imagens captadas dos grandes astros e bandas, entre os quais John Lennon (foto acima), Chuck Berry (outro grande herói dos primórdios do Rock e que ainda se apresenta aos 80 anos), Little Richard, do próprio Elvis Presley (na foto abaixo durante uma de suas raras entrevistas coletivas, em 1972, na promoção de seu show no Madison Square Garden de Nova Iorque), Alice Cooper, Lou Reed, Led Zepellin, Sex Pistols entre outros. Na realidade, a exposição praticamente gira em torno dessas imagens.
No andar superior da exposição estão alguns quiosques dedicados a esses mesmos artistas, com algumas relíquias, como o autógrafo de John Lennon em uma agenda, uma guitarra autografada por Paul McCartney, capas de discos antigos, vestimentas de alguns astros (abaixo uma réplica de um dos famosos macacões ou "jumpsuits" de Elvis que ele usava no final da carreira).
As relíquias foram colocadas dentro de quiosques cercados por um alambrado que prejudica a visualização. Poderia ter sido pensada uma solução um pouco mais adequada. Na foto abaixo, de um dos poucos objetos originais, as roupas da cantora Wanderléia têm a sua apreciação comprometida pela cerca de arame em torno do quiosque a ela dedicado
A parte referente ao Rock nacional não teve a atenção que realmente mereceria, embora esteja representado. Desde Celly Campelo (o que ela cantava era Rock???), passando pela Jovem Guarda, os Mutantes, até as grandes bandas da década de 1980: Barão Vermelho, Capital Inicial, Titãs, Ira, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso entre outras. Algumas dessas bandas apareceram na mostra apenas com capas de discos ou de cds. Rita Lee e Raul Seixas foram praticamente ignorados, enquanto falsos roqueiros tiveram seus espaços, como Ronnie Von, Wanderléa e pasmem, Cauby Peixoto. Isso sem falarmos da Jovem Guarda, na verdade um Rock domesticado e segundo muitos estudiosos, como o historiador José Ramos Tinhorão, estimulado para alienar a juventude nos tempos da Ditadura Militar na década de 1960.
A mostra poderia ter aproveitado os roqueiros nacionais para enriquecer o material a ser exposto e não deixar tantos espaços vazios dentro do prédio da OCA. Faltou pensar com mais ousadia, aliás como fizeram os grandes roqueiros. Para o que está sendo exposto, o preço está salgado, vinte reais a entrada.
De qualquer forma, pode ser uma oportunidade para conhecer um pouco dessa incrível história, tanto para os mais jovens como para aqueles "não tão jovens", mas que ainda têm o espírito dos velhos roqueiros.
Para ver:
Let's Rock
Prédio da OCA - Parque do Ibirapuera em São Paulo.
De terça a domingo das 10 às 22 horas.
Ingresso: 20 reais (estudantes pagam meia).
Até o dia 27.05.
Até o dia 27.05.
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