Esta postagem estava prevista para fazer parte da seção "Anúncio Antigo". Mas a importância do personagem para a nossa vida cultural e intelectual é tal, que decidi por transformá-la em um tema específico a respeito do eminente historiador.
Ninguém poderá reclamar que o anúncio publicitário, que se encontra na imagem acima, não tenha conteúdo. Têm até demais. Pai e filho. O primeiro é o historiador Sérgio Buarque de Holanda e o filho, o conhecido compositor e intérprete Chico Buarque. Uma bela linhagem familiar, cuja origem está situada, claro, na Holanda. Vários ramos da família apontam para isso, como a do navegador Arnau de Holanda, que chegou ao Brasil em 1535, na mesma caravela que trazia Duarte Coelho, primeiro donatário da capitania de Pernambuco. Arnau era originário dos Países Baixos (região que incluía a antiga Holanda) e teve um papel importante na implantação da capitania de Porto Calvo, no atual Estado de Alagoas. Uma outra ramificação também aponta um holandês, Gaspar Nieuhoff Van Der Ley, como ancestral familiar, tendo chegado ao Brasil com a invasão holandesa a Pernambuco em 1630. A linhagem familiar tem também o seu passado vinculado à economia açucareira do Brasil colônia e alguns de seus ancestrais foram proprietários de engenhos, principalmente em Pernambuco.
Ninguém poderá reclamar que o anúncio publicitário, que se encontra na imagem acima, não tenha conteúdo. Têm até demais. Pai e filho. O primeiro é o historiador Sérgio Buarque de Holanda e o filho, o conhecido compositor e intérprete Chico Buarque. Uma bela linhagem familiar, cuja origem está situada, claro, na Holanda. Vários ramos da família apontam para isso, como a do navegador Arnau de Holanda, que chegou ao Brasil em 1535, na mesma caravela que trazia Duarte Coelho, primeiro donatário da capitania de Pernambuco. Arnau era originário dos Países Baixos (região que incluía a antiga Holanda) e teve um papel importante na implantação da capitania de Porto Calvo, no atual Estado de Alagoas. Uma outra ramificação também aponta um holandês, Gaspar Nieuhoff Van Der Ley, como ancestral familiar, tendo chegado ao Brasil com a invasão holandesa a Pernambuco em 1630. A linhagem familiar tem também o seu passado vinculado à economia açucareira do Brasil colônia e alguns de seus ancestrais foram proprietários de engenhos, principalmente em Pernambuco.
O ramo mais diretamente ligado ao historiador Sérgio Buarque surgiu com a união do senhor de engenho José Ignácio Buarque de Macedo com a escrava de origem indígena Maria José, ocorrido no ano de 1817. Apesar de analfabeta, Maria José fez questão que todos os filhos tivessem escolaridade e teria sido a responsável pela marca intelectual que a família carrega até os dias de hoje. Seu tetraneto, o senador Cristovão Buarque de Holanda, além de economista, é um conhecido defensor da educação no Congresso Nacional e ex-ministro dessa pasta. Outro descendente do casal, o filólogo (estudioso da língua em toda a sua amplitude) Aurélio Buarque de Holanda, é o autor do dicionário que ficou identificado com o seu nome: Aurélio.
Mas aqui o destaque, por se tratar de um blog de História, vai para o Sérgio Buarque (foto acima, o historiador ainda jovem). Um dos intelectuais mais importantes da chamada "geração de 1930" que contou com nomes de peso como Gilberto Freyre , Caio Prado Jr. e Fernando de Azevedo, entre outros. Sua obra mais conhecida foi "Raízes do Brasil", publicada em 1936 e que se constitui em uma leitura fundamental para várias disciplinas, entre elas a história, a sociologia e a economia. A presente postagem pretende destacar a importância desse livro.
"Raízes do Brasil" (na foto acima, a capa da sexta edição da obra, publicada em 1971) é um ensaio que procura, como o próprio nome sugere, explicar nossas origens a partir da herança cultural ibérica, sobretudo a portuguesa. Sergio Buarque parte de uma analise teórica rigorosa, utilizando os conceitos oriundos da sociologia da cultura dos alemães, sobretudo de Max Weber e ainda na etnologia (ramo da antropologia que estuda a cultura dos povos naturais). Muitos estudiosos, como a professora Laura de Mello e Souza, ainda apontam em Sérgio Buarque uma influência da história social dos franceses e ainda uma coincidência temática com a corrente historiográfica dos "Annales", conhecida por introduzir novos temas no estudo da história, como os aspectos que envolvem a vida material, o cotidiano e as mentalidades. Entre os nossos cientistas sociais, pode ser considerado um dos precursores dessa abordagem.
Sérgio Buarque encontrou dentro do passado ibérico muitos traços culturais que transpuseram o oceano Atlântico em direção ao chamado Novo Mundo (América), a partir do início da colonização no século XVI. Um desses traços marcantes foi o da valorização da personalidade individual em relação às instituições. Trata-se de uma característica que destaca o indivíduo que depende apenas de si mesmo e que não é apegado às normas e regras. O autor assinala que mesmo tendo vivido a península Ibérica o período feudal tratou-se de um feudalismo que não fincou raízes profundas na organização social, como ocorreu no resto da Europa. A nobreza em Portugal jamais se constituiu em uma casta aristocrática fechada e o corpo social apresentava uma frouxidão que acabou favorecendo a livre iniciativa individual, muito antes do pensamento liberal contemporâneo colocar isso como uma condição imprescindível para o indivíduo. Por outro lado, tal característica do personalismo ibérico não contribuiu para a existência de uma coesão social e para a cooperação, daí os elementos anárquicos que promoveram, entre nós, a separação entre os homens e não a união.
O sentimento da dignidade pessoal ou mérito, traço típico de uma verdadeira "ética de fidalgos", acabou por se tornar o maior obstáculo à organização espontânea do corpo social, algo que caracterizou, por exemplo, os protestantes calvinistas que estabeleceram, na Nova Inglaterra, as bases da sociedade norte-americana. Segundo Sérgio Buarque de Holanda, as sociedades pautadas pelas doutrinas que defendiam o livre-arbítrio (a plena autonomia do indivíduo), a responsabilidade pessoal e individual, por não favorecerem a associação entre os homens, necessitavam de um poder externo para impor uma "racionalização da vida" ou um princípio que fosse unificador, ou seja, o governo.
Outro traço característico dos povos ibéricos foi a ausência de uma ética do trabalho e a repulsa aos princípios morais associados ao mesmo. Uma ociosidade digna ou uma vida senhorial livre do esforço físico sempre pareceu mais simpático aos portugueses e espanhóis do que a exaltação ao trabalho manual e mecânico, o qual, sempre que possível, era reservado aos servos e escravos. "O ócio importa mais do que o negócio". Sérgio Buarque, na linha de raciocínio do sociólogo alemão Max Weber (imagem acima), destaca entre os protestantes calvinistas o apreço ao trabalho e à atividade utilitária com aplicação prática, afirmando que onde prevalece a moral do trabalho não faltariam a ordem e a tranquilidade entre os cidadãos.
Sérgio Buarque de Holanda observou também os traços peculiares da colonização portuguesa na América mais voltada para a exploração comercial, sendo que em termos de empreendimento foi tímida e mal aparelhada. Tinha um caráter de transitoriedade, sendo o estabelecimento colonial visto apenas como um local de passagem e não de permanência. Nesse aspecto, lembravam as antigas feitorias do Oriente, estabelecidas após a viagem de Vasco da Gama em 1498 e voltadas para o comércio das especiarias.
Os portugueses não se destacaram por uma administração metódica e nem por uma vontade construtiva em relação à colônia, sendo esta tratada até com desleixo e abandono. Se pudéssemos caracterizar o colonizador português entre o tipo aventureiro (dos caçadores e coletores) e o tipo trabalhador (dos agricultores), presentes nas várias formas de sociedade desde os tempos pré-históricos, teríamos que associar o lusitano ao primeiro caso.
Por outro lado, a sua audácia e imprevidência, embora tendendo também para a vagabundagem, foram características cruciais para a obra colonizadora dos portugueses, pois ajudaram no enfrentamento das adversidades da natureza. Por meio desses atributos, o português foi maleável no processo de adaptação ao Novo Mundo. Na falta da farinha de trigo, recorreu à mandioca, habituou-se a dormir em redes como faziam os índios, tomou aos mesmos os seus instrumentos de caça e pesca, como também as embarcações. Daí tivemos a tal "plasticidade" do colonizador luso.
A ausência do "orgulho de raça" ou "exclusivismo racista", presente nos povos anglo-saxões, é um outro traço característico do português e que levou às misturas raciais, que já eram presentes em Portugal antes mesmo da chegada deles ao Brasil. A cor da pele nunca foi um fator determinante das medidas legais que reservavam aos brancos o exercício de determinado emprego ou profissão. O fator mais forte era o da tradição atribuída aos chamados "trabalhos vis" ou infames, que tinham essa qualificação por dependerem basicamente do esforço físico, como a tarefa de arar a terra, cuja má reputação poderia ser transmitida aos descendentes.
Já os castelhanos (espanhóis) tinham por finalidade transformar a América numa continuação do Império Espanhol, por isso, sua ocupação foi mais metódica, planejada e voltada para implantar os alicerces de uma civilização. A mão forte do Estado espanhol se fez sentir na vontade de impor uma disciplina aos conquistadores e aos habitantes americanos.
O traçado das cidades fundadas pelos espanhóis na América era reflexo disso, sendo que as ruas não eram meras adaptações ao meio natural, mas antes o resultado de uma imposição normativa no sentido de estabelecer a linha reta. O plano urbano era traçado a partir da praça maior ou "zócalo" situado em um centro retangular, onde ficavam a catedral, os orgãos da administração e de onde saiam as demais ruas retas partindo de cada um dos lados desse retângulo, num traçado regulado. As grandes capitais da América Espanhola, como Quito, Lima e a Cidade do México (na foto acima, sua praça central ou "zócalo") obedecem a esse traçado padrão. Era essa a característica do colonizador espanhol "ladrilhador", como denominou Sérgio Buarque.
Em contraste com o ladrilhador, estava o português "semeador" onde as cidades eram criadas mais pelas conveniências imediatas e sem um plano definidor estabelecido pela Coroa. Por ter o caráter de uma feitoria, a sua colonização tendeu a permanecer no litoral, uma influência que, como Sérgio Buarque destaca, permaneceu até os "nossos dias", entendendo este último como sendo a época em que "Raízes do Brasil" foi escrito, ou seja, 1936.
"Nossos dias"... Eis o sentido da obra "Raízes do Brasil", destacar os traços herdados de nosso passado ibérico e colonial que persistiram e que se colocaram como entraves à inserção do Brasil no mundo contemporâneo. O advento da vida urbana autônoma foi o momento em que se abriu a possibilidade para a transformação da nossa sociedade colonial patriarcal, algo que só ocorreu, na visão do autor, a partir do final do século XIX. A abolição da escravidão foi o sinal claro da ruína dessa antiga sociedade. Mas como se constituiu esse mundo urbano e moderno? Até o século XIX o urbano era completamente dependente do meio rural e de seus senhores. Mesmo depois, após a independência e no processo de constituição do Estado nacional brasileiro, muitos traços de nosso passado colonial e particularista, pois avesso e resistente às novas necessidades da sociedade, permaneceram. Trataremos disso na segunda parte deste post.
O anúncio publicitário que faz parte desta postagem foi publicado na Revista Veja, de 18.12.1968.
Para saber mais:
Raízes do Brasil. Sergio Buarque de Holanda. Editora José Olympio, 1971 (existem edições mais novas dessa obra).
Crédito das Imagens:
Sergio Buarque jovem. Coleção Nosso Século, Editora Abril, 1980, página 160.
Max Weber. Sociologia: Introdução à ciência da sociedade, de Cristina Costa. Ed. Moderna, 2010, página 49.
Demais imagens: acervo do autor.
"Raízes do Brasil" (na foto acima, a capa da sexta edição da obra, publicada em 1971) é um ensaio que procura, como o próprio nome sugere, explicar nossas origens a partir da herança cultural ibérica, sobretudo a portuguesa. Sergio Buarque parte de uma analise teórica rigorosa, utilizando os conceitos oriundos da sociologia da cultura dos alemães, sobretudo de Max Weber e ainda na etnologia (ramo da antropologia que estuda a cultura dos povos naturais). Muitos estudiosos, como a professora Laura de Mello e Souza, ainda apontam em Sérgio Buarque uma influência da história social dos franceses e ainda uma coincidência temática com a corrente historiográfica dos "Annales", conhecida por introduzir novos temas no estudo da história, como os aspectos que envolvem a vida material, o cotidiano e as mentalidades. Entre os nossos cientistas sociais, pode ser considerado um dos precursores dessa abordagem.
Sérgio Buarque encontrou dentro do passado ibérico muitos traços culturais que transpuseram o oceano Atlântico em direção ao chamado Novo Mundo (América), a partir do início da colonização no século XVI. Um desses traços marcantes foi o da valorização da personalidade individual em relação às instituições. Trata-se de uma característica que destaca o indivíduo que depende apenas de si mesmo e que não é apegado às normas e regras. O autor assinala que mesmo tendo vivido a península Ibérica o período feudal tratou-se de um feudalismo que não fincou raízes profundas na organização social, como ocorreu no resto da Europa. A nobreza em Portugal jamais se constituiu em uma casta aristocrática fechada e o corpo social apresentava uma frouxidão que acabou favorecendo a livre iniciativa individual, muito antes do pensamento liberal contemporâneo colocar isso como uma condição imprescindível para o indivíduo. Por outro lado, tal característica do personalismo ibérico não contribuiu para a existência de uma coesão social e para a cooperação, daí os elementos anárquicos que promoveram, entre nós, a separação entre os homens e não a união.
O sentimento da dignidade pessoal ou mérito, traço típico de uma verdadeira "ética de fidalgos", acabou por se tornar o maior obstáculo à organização espontânea do corpo social, algo que caracterizou, por exemplo, os protestantes calvinistas que estabeleceram, na Nova Inglaterra, as bases da sociedade norte-americana. Segundo Sérgio Buarque de Holanda, as sociedades pautadas pelas doutrinas que defendiam o livre-arbítrio (a plena autonomia do indivíduo), a responsabilidade pessoal e individual, por não favorecerem a associação entre os homens, necessitavam de um poder externo para impor uma "racionalização da vida" ou um princípio que fosse unificador, ou seja, o governo.
Outro traço característico dos povos ibéricos foi a ausência de uma ética do trabalho e a repulsa aos princípios morais associados ao mesmo. Uma ociosidade digna ou uma vida senhorial livre do esforço físico sempre pareceu mais simpático aos portugueses e espanhóis do que a exaltação ao trabalho manual e mecânico, o qual, sempre que possível, era reservado aos servos e escravos. "O ócio importa mais do que o negócio". Sérgio Buarque, na linha de raciocínio do sociólogo alemão Max Weber (imagem acima), destaca entre os protestantes calvinistas o apreço ao trabalho e à atividade utilitária com aplicação prática, afirmando que onde prevalece a moral do trabalho não faltariam a ordem e a tranquilidade entre os cidadãos.
Sérgio Buarque de Holanda observou também os traços peculiares da colonização portuguesa na América mais voltada para a exploração comercial, sendo que em termos de empreendimento foi tímida e mal aparelhada. Tinha um caráter de transitoriedade, sendo o estabelecimento colonial visto apenas como um local de passagem e não de permanência. Nesse aspecto, lembravam as antigas feitorias do Oriente, estabelecidas após a viagem de Vasco da Gama em 1498 e voltadas para o comércio das especiarias.
Os portugueses não se destacaram por uma administração metódica e nem por uma vontade construtiva em relação à colônia, sendo esta tratada até com desleixo e abandono. Se pudéssemos caracterizar o colonizador português entre o tipo aventureiro (dos caçadores e coletores) e o tipo trabalhador (dos agricultores), presentes nas várias formas de sociedade desde os tempos pré-históricos, teríamos que associar o lusitano ao primeiro caso.
Por outro lado, a sua audácia e imprevidência, embora tendendo também para a vagabundagem, foram características cruciais para a obra colonizadora dos portugueses, pois ajudaram no enfrentamento das adversidades da natureza. Por meio desses atributos, o português foi maleável no processo de adaptação ao Novo Mundo. Na falta da farinha de trigo, recorreu à mandioca, habituou-se a dormir em redes como faziam os índios, tomou aos mesmos os seus instrumentos de caça e pesca, como também as embarcações. Daí tivemos a tal "plasticidade" do colonizador luso.
A ausência do "orgulho de raça" ou "exclusivismo racista", presente nos povos anglo-saxões, é um outro traço característico do português e que levou às misturas raciais, que já eram presentes em Portugal antes mesmo da chegada deles ao Brasil. A cor da pele nunca foi um fator determinante das medidas legais que reservavam aos brancos o exercício de determinado emprego ou profissão. O fator mais forte era o da tradição atribuída aos chamados "trabalhos vis" ou infames, que tinham essa qualificação por dependerem basicamente do esforço físico, como a tarefa de arar a terra, cuja má reputação poderia ser transmitida aos descendentes.
Já os castelhanos (espanhóis) tinham por finalidade transformar a América numa continuação do Império Espanhol, por isso, sua ocupação foi mais metódica, planejada e voltada para implantar os alicerces de uma civilização. A mão forte do Estado espanhol se fez sentir na vontade de impor uma disciplina aos conquistadores e aos habitantes americanos.
O traçado das cidades fundadas pelos espanhóis na América era reflexo disso, sendo que as ruas não eram meras adaptações ao meio natural, mas antes o resultado de uma imposição normativa no sentido de estabelecer a linha reta. O plano urbano era traçado a partir da praça maior ou "zócalo" situado em um centro retangular, onde ficavam a catedral, os orgãos da administração e de onde saiam as demais ruas retas partindo de cada um dos lados desse retângulo, num traçado regulado. As grandes capitais da América Espanhola, como Quito, Lima e a Cidade do México (na foto acima, sua praça central ou "zócalo") obedecem a esse traçado padrão. Era essa a característica do colonizador espanhol "ladrilhador", como denominou Sérgio Buarque.
Em contraste com o ladrilhador, estava o português "semeador" onde as cidades eram criadas mais pelas conveniências imediatas e sem um plano definidor estabelecido pela Coroa. Por ter o caráter de uma feitoria, a sua colonização tendeu a permanecer no litoral, uma influência que, como Sérgio Buarque destaca, permaneceu até os "nossos dias", entendendo este último como sendo a época em que "Raízes do Brasil" foi escrito, ou seja, 1936.
"Nossos dias"... Eis o sentido da obra "Raízes do Brasil", destacar os traços herdados de nosso passado ibérico e colonial que persistiram e que se colocaram como entraves à inserção do Brasil no mundo contemporâneo. O advento da vida urbana autônoma foi o momento em que se abriu a possibilidade para a transformação da nossa sociedade colonial patriarcal, algo que só ocorreu, na visão do autor, a partir do final do século XIX. A abolição da escravidão foi o sinal claro da ruína dessa antiga sociedade. Mas como se constituiu esse mundo urbano e moderno? Até o século XIX o urbano era completamente dependente do meio rural e de seus senhores. Mesmo depois, após a independência e no processo de constituição do Estado nacional brasileiro, muitos traços de nosso passado colonial e particularista, pois avesso e resistente às novas necessidades da sociedade, permaneceram. Trataremos disso na segunda parte deste post.
O anúncio publicitário que faz parte desta postagem foi publicado na Revista Veja, de 18.12.1968.
Para saber mais:
Raízes do Brasil. Sergio Buarque de Holanda. Editora José Olympio, 1971 (existem edições mais novas dessa obra).
Crédito das Imagens:
Sergio Buarque jovem. Coleção Nosso Século, Editora Abril, 1980, página 160.
Max Weber. Sociologia: Introdução à ciência da sociedade, de Cristina Costa. Ed. Moderna, 2010, página 49.
Demais imagens: acervo do autor.
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