O Anúncio Antigo de hoje (imagem acima) lembra a novela Estúpido Cupido exibida em 1976 e início de 1977, momento em que boa parte do público sentia uma certa nostalgia pela década de 1950, como talvez na década de 1980 havia tal sentimento para com a década de 1960 e ocorresse o mesmo na de 1990 pela de 1970... Essas nostalgias brotam após um período de aproximadamente 20 anos. O tempo necessário para que aqueles que foram jovens ou adolescentes cheguem na fase adulta. Uma suposição deste que vos escreve sem maiores embasamentos teóricos ou bibliográficos, mas que parece plenamente observável na realidade.
O saudosismo pela década de 1950 deveu-se também a outros fatores (na foto acima de 1956, cena típica dessa época, com moças passeando em lambretas). O historiador Eric Hobsbawm em seu livro "Era dos Extremos", já considerado um clássico, aponta que na década de 1950 o surto de crescimento econômico pareceu ter um caráter mundial, independente até dos regimes econômicos, embora ganhasse maior visibilidade nos países capitalistas. No Brasil, por exemplo, foi o momento em que o automóvel passou a ser uma presença mais constante na vida da classe média, como também a televisão, a influência maior da cultura norte-americana na música e nos costumes da juventude (calças jeans, cinema, revista em quadrinhos, Coca-Cola entre outros). A mídia (sobretudo a televisão) percebeu bem isso e procurou explorar da melhor forma esse sentimento saudosista. Filmes, novelas, revistas e discos entraram nessa onda. Em 1975 a novela Escalada, escrita por Lauro Cézar Muniz e exibida pela Rede Globo ajudou a despertar esse filão, com uma trama que percorria vários decênios, fixando-se um pouco mais no período final dos anos de 1950, com o governo de Juscelino Kubitschek (cujo nome não podia ser citado, em função da censura imposta pela ditadura militar) e a construção de Brasília, que acabou impulsionando a vida pessoal do personagem Antônio Dias (vivido pelo ator Tarcísio Meira).
O saudosismo pela década de 1950 deveu-se também a outros fatores (na foto acima de 1956, cena típica dessa época, com moças passeando em lambretas). O historiador Eric Hobsbawm em seu livro "Era dos Extremos", já considerado um clássico, aponta que na década de 1950 o surto de crescimento econômico pareceu ter um caráter mundial, independente até dos regimes econômicos, embora ganhasse maior visibilidade nos países capitalistas. No Brasil, por exemplo, foi o momento em que o automóvel passou a ser uma presença mais constante na vida da classe média, como também a televisão, a influência maior da cultura norte-americana na música e nos costumes da juventude (calças jeans, cinema, revista em quadrinhos, Coca-Cola entre outros). A mídia (sobretudo a televisão) percebeu bem isso e procurou explorar da melhor forma esse sentimento saudosista. Filmes, novelas, revistas e discos entraram nessa onda. Em 1975 a novela Escalada, escrita por Lauro Cézar Muniz e exibida pela Rede Globo ajudou a despertar esse filão, com uma trama que percorria vários decênios, fixando-se um pouco mais no período final dos anos de 1950, com o governo de Juscelino Kubitschek (cujo nome não podia ser citado, em função da censura imposta pela ditadura militar) e a construção de Brasília, que acabou impulsionando a vida pessoal do personagem Antônio Dias (vivido pelo ator Tarcísio Meira).
Como era comum, junto com as novelas vinham as trilhas sonoras, geralmente um LP (Long Play com várias gravações e de vinil, claro) com as músicas nacionais e outro trazendo o repertório internacional. No caso da novela Escalada, a trilha sonora internacional foi um dos LPs mais vendidos da história do disco no Brasil até o ano de 1976, segundo dados da própria gravadora Som Livre. A orquestra de Glenn Miller, o cantor Nat King Cole, o conjunto The Platters, Bill Halley e seus Cometas e Elvis Presley passaram a ser nomes conhecidos também dos jovens que viviam nos anos de 1970. Com relação a Elvis ocorreu um fato curioso, uma de suas gravações contida nesse LP era quase desconhecida em sua terra natal, mas estourou aqui no Brasil: Kiss Me Quick. A mesma nem foi gravada na década de 1950 (era de 1961)! E claro, vieram outros "bolachões" da mesma gravadora explorando o filão saudosista como a coleção "Saudade Não Tem Idade" com vários volumes, fora os lançamentos da concorrência, pois o mercado fonográfico era então muito rentável (diferente de hoje).
Obviamente com as novelas não foi diferente. Em agosto de 1976 foi ao ar no horário das 19 horas, também pela Rede Globo, a trama de Estúpido Cupido escrita por Mario Prata e ambientada na virada das décadas de 1950 e 1960, na fictícia cidade de Albuquerque, no interior de São Paulo (na imagem acima, o logo da novela). Uma típica comunidade de classe média cujos personagens jovens estavam sintonizados com as transformações comportamentais da época, embalados pelo rock'n roll, pelo twist (um modismo musical absolutamente passageiro do início da década de 1960), com rapazes montados nas lambretas e usando blusões de couro.
O roteiro proposto pelo autor incluía várias histórias que giravam em torno de um par central, que tinha como personagens a jovem estudante Maria Tereza ou Tetê (vivida pela atriz Françoise Forton) e o namorado João (interpretado por Ricardo Blat). A primeira sonha em ser a futura Miss Brasil e o rapaz, reticente com relação aos planos de sua amada, deseja seguir a carreira de jornalista (na foto acima o casal). Maria Tereza era filha de Olga Oliveira (vivida por Maria Della Costa), uma mulher bonita mas solitária e desquitada (o pior dos mundos para uma mulher naquela época). Olga morava com a mãe e os três filhos: além de Tetê, Ciça (vivida pela atriz Sonia de Paula) e Joel ou Caniço (interpretado pelo ator João Carlos Barroso).
Joel nutre uma paixão por Glorinha (papel da atriz Djenane Machado, foto acima, um dos rostos marcantes da televisão dos anos de 1970).
Outro personagem importante é o pai de João, Alcides Guimarães, o seu Guima (papel do ator Leonardo Villar) que dirigia o Albuquerque Tênis Club. Viúvo e amargurado, enamorou-se de Olga (na foto acima, o casal). Um dos aspectos interessantes do texto do escritor Mario Prata foi a inserção da questão da dissolução do casamento, pois na época o país, em plena ditadura, acompanhava o debate da aprovação ou não do divórcio. A novela Escalada, que mencionamos anteriormente, também abordou o tema. Em 1977, logo depois que Estúpido Cupido terminou, um projeto do senador Nelson Carneiro foi votado no Congresso Nacional e o divórcio foi finalmente aprovado no Brasil, apesar da forte oposição conservadora, sobretudo da Igreja Católica.
Antônio Medeiros ou Mederiquis (papel do ator Ney Latorraca, na foto acima de jaqueta escura ao lado de Françoise Forton) é outro personagem chave da trama por caracterizar o típico jovem daquela geração, bem no gênero "juventude transviada". Fã de Elvis Presley, era líder de uma pequena banda de rock, andava de lambreta e estudava no chamado científico (correspondente ao ensino médio atual).
No transcorrer da história Mederiquis envolve-se com uma garota de fora, a carioca Betina (vivida pela atriz e bailarina do Fantástico Heloísa Millet, imagem acima), formada em sociologia e com uma mentalidade mais avançada que as moças da cidade.
Completando o núcleo jovem, tínhamos o personagem Carneirinho (interpretado por Tião D'Avila). Juntos formavam a turminha nas festas e encontros (na foto acima, os atores Tião D'Avila, Ney Latorraca, João Carlos Barroso e Ricardo Blat, respectivamente da esquerda para a direita, em suas lambretas).
Alguns outros personagens também ganharam destaque, como o mendigo Belchior (interpretado por Luiz Armando Queiróz, foto acima) que se imaginava colocando no ar uma rádio e entrevistando pessoas pela rua. Na conservadora escola religiosa da cidade, tínhamos a Irmã Angelica (vivida por Elizabeth Savalla), professora de português e que destoava do corpo docente da instituição por estimular atividades artísticas e propor a criação de um grupo de teatro. A mesma nutria uma atração platônica pelo personagem Belchior, com quem conversava às escondidas. Como toda cidade do interior que se prezasse também existiam as fofoqueiras, no caso Adelaide e Eulália (respectivamente as atrizes Célia Biar e Kleber Macedo). O bordão usado pelas duas ao telefone para fofocar ficou famoso: "fala, danadinha, fala". Finalmente o personagem Pedro Acioly (interpretado por Nuno Leal Maia) geólogo que chega em Albuquerque com a perspectiva da descoberta de petróleo no município, o que poderia trazer investimentos para a cidade, sobretudo por parte da Petrobrás. Daí o interesse do prefeito Aquino (vivido por Ênio Santos) em dar uma boa estadia ao mesmo e garantir-lhe todos os gastos necessários, o que acabou resultando numa triste surpresa no final da trama (principalmente para o prefeito).
Estúpido Cupido foi a última novela da Rede Globo gravada em preto e branco, exceto pelos dois últimos capítulos em cores, pois a trama avançou no tempo para mostrar como os personagens estariam em 1977. A produção reconstituiu um concurso de Miss Brasil, de acordo com os padrões de 1961, tendo as cenas gravadas no ginásio do Maracanãzinho no Rio de Janeiro, reunindo um público de 10 mil pessoas! Sim, a personagem Tetê venceu a disputa (na foto acima, a cena do desfile). Antes da gravação desse capítulo, Françoise Forton havia sido informada de que ficaria apenas com o 2º lugar, a fim de que o seu namoro com o personagem João não fosse abalado. Contudo, na hora em que a cena foi gravada a atriz foi pega de surpresa, pois ao contrário do que lhe havia dito o diretor Régis Cardoso, ela venceu. Foi uma estratégia da direção para dar maior realismo à reação da personagem.
A novela teve problemas com a censura? De acordo com a atriz Elizabeth Savalla (foto acima) a sua personagem sofreu restrições, pois a Irmã Angélica propôs a montagem da peça "Auto da Compadecida" de Ariano Suassuna, a qual teria um Cristo negro na história. De acordo com informações do site Memória Globo, a cena acabou não indo ao ar, apesar da atriz ter ido até Brasília para tentar reverter a restrição. Um fato curioso na carreira de Elizabeth Savalla é que ela já havia interpretado uma personagem contestadora na novela "Gabriela" (do ano anterior), a estudante Malvina.
A trilha sonora acompanhou o exito obtido pela novela, tanto o LP com as musicas nacionais quanto o seguinte com a trilha internacional (acima, a capa do LP nacional). E o público voltou a dançar os sucessos da época, como por exemplo, a canção título da novela, interpretada por Celly Campelo (presente na coletânea com mais uma música, "Banho de Lua").
A cantora (foto acima Celly Campello no início da década de 1960) que já havia abandonado a carreira artística, fez uma participação especial na novela interpretando a si mesma, marcando o seu retorno quase duas décadas depois. Da mesma forma, a canção "Biquini Amarelo" na voz de Ronnie Cord foi outro destaque da trilha nacional. Esta música ficou muito associada ao presidente que governou o país no primeiro semestre de 1961 (época em que a novela se passava) Jânio Quadros, que certa feita proibiu o uso de biquíni nas praias. Com o sucesso alcançado, os artistas chegaram a homenagear o autor da novela Mario Prata, pela possibilidade de serem lembrados pela geração mais nova.
A trilha sonora internacional (acima a capa desse disco) veio bem recheada para o padrão dos discos de vinil: nada menos do que 20 gravações (10 de cada lado). As mesmas eram "emendadas", isto é, sem pausa entre uma e outra música. Nomes como Little Richard, Ray Charles, The Platters, Bobby Darin, Elvis Presley, Dean Martin, entre outros, marcaram presença nesse disco em gravações originais. A coordenação geral dos dois LPs ficou a cargo de João Araújo (pai do cantor e compositor Cazuza) e parte do design sob responsabilidade do austríaco Hans Donner, recém chegado à emissora. Aliás, a mesma já exibia o seu novo logo desenhado por Donner, o qual é mantido até hoje.
Bem, como já destacamos, apelar à nostalgia é sempre certeza de atingir uma faixa considerável do público e com a novela Estúpido Cupido isso se confirmou mais uma vez. Por falar em nostalgia, na foto acima os atores Tião D'Avila, João Carlos Barroso, Françoise Forton e Ney Latorraca em foto de 2015.
O Anúncio Antigo de hoje (com o rosto estilizado do ator Ney Latorraca) apareceu na revista Rock Espetacular volume 1, editada pela Rio Gráfica e Editora S.A. no ano de 1976, página 16. Aliás, a mesma foi publicada nesse mesmo embalo nostálgico dos "anos 50"...
Crédito das imagens:
Foto da moça em uma lambreta de 1956: 1950s Getty Images Decades of the 20th Century. Könemann, 1994, pag. 267.
Logo da novela Estúpido Cupido: Coleção Nosso Século 1960-1980. Abril Cultural, 1980, pag. 247.
Foto de Ney Latorraca e Françoise Forton na festinha, da atriz Djenane Machado e de Françoise Forton desfilando:
http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/novelas/estupido-cupido.htm
Fotos de Ricardo Blat junto com Françoise Forton e da atriz Elizabeth Savalla:
http://novelasclassicas.blogspot.com.br/2010/09/novela-estupido-cupido-1976.html
Fotos de Ney Latorraca com Heloisa Millet, de Maria Della Cost com Leonardo Villar:
http://astrosemrevista.blogspot.com.br/2016/08/heloisa-millet-sereia-do-fantastico.html
Foto de Luiz Armando Queiroz:
https://www.besthomenagens.com.br/homenageamos-hoje-luiz-armando-queiroz/#catalogo
Foto de Celly Campello:
https://cifrasweb.com.br/celly-campello/
Parte do elenco em foto de 2015:
http://gshow.globo.com/Bastidores/noticia/2015/12/atores-de-estupido-cupido-se-reencontram-40-anos-depois.html
Capa dos LPs com a trilha sonora da novela: acervo do autor.
O roteiro proposto pelo autor incluía várias histórias que giravam em torno de um par central, que tinha como personagens a jovem estudante Maria Tereza ou Tetê (vivida pela atriz Françoise Forton) e o namorado João (interpretado por Ricardo Blat). A primeira sonha em ser a futura Miss Brasil e o rapaz, reticente com relação aos planos de sua amada, deseja seguir a carreira de jornalista (na foto acima o casal). Maria Tereza era filha de Olga Oliveira (vivida por Maria Della Costa), uma mulher bonita mas solitária e desquitada (o pior dos mundos para uma mulher naquela época). Olga morava com a mãe e os três filhos: além de Tetê, Ciça (vivida pela atriz Sonia de Paula) e Joel ou Caniço (interpretado pelo ator João Carlos Barroso).
Joel nutre uma paixão por Glorinha (papel da atriz Djenane Machado, foto acima, um dos rostos marcantes da televisão dos anos de 1970).
Outro personagem importante é o pai de João, Alcides Guimarães, o seu Guima (papel do ator Leonardo Villar) que dirigia o Albuquerque Tênis Club. Viúvo e amargurado, enamorou-se de Olga (na foto acima, o casal). Um dos aspectos interessantes do texto do escritor Mario Prata foi a inserção da questão da dissolução do casamento, pois na época o país, em plena ditadura, acompanhava o debate da aprovação ou não do divórcio. A novela Escalada, que mencionamos anteriormente, também abordou o tema. Em 1977, logo depois que Estúpido Cupido terminou, um projeto do senador Nelson Carneiro foi votado no Congresso Nacional e o divórcio foi finalmente aprovado no Brasil, apesar da forte oposição conservadora, sobretudo da Igreja Católica.
Antônio Medeiros ou Mederiquis (papel do ator Ney Latorraca, na foto acima de jaqueta escura ao lado de Françoise Forton) é outro personagem chave da trama por caracterizar o típico jovem daquela geração, bem no gênero "juventude transviada". Fã de Elvis Presley, era líder de uma pequena banda de rock, andava de lambreta e estudava no chamado científico (correspondente ao ensino médio atual).
No transcorrer da história Mederiquis envolve-se com uma garota de fora, a carioca Betina (vivida pela atriz e bailarina do Fantástico Heloísa Millet, imagem acima), formada em sociologia e com uma mentalidade mais avançada que as moças da cidade.
Completando o núcleo jovem, tínhamos o personagem Carneirinho (interpretado por Tião D'Avila). Juntos formavam a turminha nas festas e encontros (na foto acima, os atores Tião D'Avila, Ney Latorraca, João Carlos Barroso e Ricardo Blat, respectivamente da esquerda para a direita, em suas lambretas).
Alguns outros personagens também ganharam destaque, como o mendigo Belchior (interpretado por Luiz Armando Queiróz, foto acima) que se imaginava colocando no ar uma rádio e entrevistando pessoas pela rua. Na conservadora escola religiosa da cidade, tínhamos a Irmã Angelica (vivida por Elizabeth Savalla), professora de português e que destoava do corpo docente da instituição por estimular atividades artísticas e propor a criação de um grupo de teatro. A mesma nutria uma atração platônica pelo personagem Belchior, com quem conversava às escondidas. Como toda cidade do interior que se prezasse também existiam as fofoqueiras, no caso Adelaide e Eulália (respectivamente as atrizes Célia Biar e Kleber Macedo). O bordão usado pelas duas ao telefone para fofocar ficou famoso: "fala, danadinha, fala". Finalmente o personagem Pedro Acioly (interpretado por Nuno Leal Maia) geólogo que chega em Albuquerque com a perspectiva da descoberta de petróleo no município, o que poderia trazer investimentos para a cidade, sobretudo por parte da Petrobrás. Daí o interesse do prefeito Aquino (vivido por Ênio Santos) em dar uma boa estadia ao mesmo e garantir-lhe todos os gastos necessários, o que acabou resultando numa triste surpresa no final da trama (principalmente para o prefeito).
Estúpido Cupido foi a última novela da Rede Globo gravada em preto e branco, exceto pelos dois últimos capítulos em cores, pois a trama avançou no tempo para mostrar como os personagens estariam em 1977. A produção reconstituiu um concurso de Miss Brasil, de acordo com os padrões de 1961, tendo as cenas gravadas no ginásio do Maracanãzinho no Rio de Janeiro, reunindo um público de 10 mil pessoas! Sim, a personagem Tetê venceu a disputa (na foto acima, a cena do desfile). Antes da gravação desse capítulo, Françoise Forton havia sido informada de que ficaria apenas com o 2º lugar, a fim de que o seu namoro com o personagem João não fosse abalado. Contudo, na hora em que a cena foi gravada a atriz foi pega de surpresa, pois ao contrário do que lhe havia dito o diretor Régis Cardoso, ela venceu. Foi uma estratégia da direção para dar maior realismo à reação da personagem.
A novela teve problemas com a censura? De acordo com a atriz Elizabeth Savalla (foto acima) a sua personagem sofreu restrições, pois a Irmã Angélica propôs a montagem da peça "Auto da Compadecida" de Ariano Suassuna, a qual teria um Cristo negro na história. De acordo com informações do site Memória Globo, a cena acabou não indo ao ar, apesar da atriz ter ido até Brasília para tentar reverter a restrição. Um fato curioso na carreira de Elizabeth Savalla é que ela já havia interpretado uma personagem contestadora na novela "Gabriela" (do ano anterior), a estudante Malvina.
A trilha sonora acompanhou o exito obtido pela novela, tanto o LP com as musicas nacionais quanto o seguinte com a trilha internacional (acima, a capa do LP nacional). E o público voltou a dançar os sucessos da época, como por exemplo, a canção título da novela, interpretada por Celly Campelo (presente na coletânea com mais uma música, "Banho de Lua").
A cantora (foto acima Celly Campello no início da década de 1960) que já havia abandonado a carreira artística, fez uma participação especial na novela interpretando a si mesma, marcando o seu retorno quase duas décadas depois. Da mesma forma, a canção "Biquini Amarelo" na voz de Ronnie Cord foi outro destaque da trilha nacional. Esta música ficou muito associada ao presidente que governou o país no primeiro semestre de 1961 (época em que a novela se passava) Jânio Quadros, que certa feita proibiu o uso de biquíni nas praias. Com o sucesso alcançado, os artistas chegaram a homenagear o autor da novela Mario Prata, pela possibilidade de serem lembrados pela geração mais nova.
A trilha sonora internacional (acima a capa desse disco) veio bem recheada para o padrão dos discos de vinil: nada menos do que 20 gravações (10 de cada lado). As mesmas eram "emendadas", isto é, sem pausa entre uma e outra música. Nomes como Little Richard, Ray Charles, The Platters, Bobby Darin, Elvis Presley, Dean Martin, entre outros, marcaram presença nesse disco em gravações originais. A coordenação geral dos dois LPs ficou a cargo de João Araújo (pai do cantor e compositor Cazuza) e parte do design sob responsabilidade do austríaco Hans Donner, recém chegado à emissora. Aliás, a mesma já exibia o seu novo logo desenhado por Donner, o qual é mantido até hoje.
Bem, como já destacamos, apelar à nostalgia é sempre certeza de atingir uma faixa considerável do público e com a novela Estúpido Cupido isso se confirmou mais uma vez. Por falar em nostalgia, na foto acima os atores Tião D'Avila, João Carlos Barroso, Françoise Forton e Ney Latorraca em foto de 2015.
O Anúncio Antigo de hoje (com o rosto estilizado do ator Ney Latorraca) apareceu na revista Rock Espetacular volume 1, editada pela Rio Gráfica e Editora S.A. no ano de 1976, página 16. Aliás, a mesma foi publicada nesse mesmo embalo nostálgico dos "anos 50"...
Crédito das imagens:
Foto da moça em uma lambreta de 1956: 1950s Getty Images Decades of the 20th Century. Könemann, 1994, pag. 267.
Logo da novela Estúpido Cupido: Coleção Nosso Século 1960-1980. Abril Cultural, 1980, pag. 247.
Foto de Ney Latorraca e Françoise Forton na festinha, da atriz Djenane Machado e de Françoise Forton desfilando:
http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/novelas/estupido-cupido.htm
Fotos de Ricardo Blat junto com Françoise Forton e da atriz Elizabeth Savalla:
http://novelasclassicas.blogspot.com.br/2010/09/novela-estupido-cupido-1976.html
Fotos de Ney Latorraca com Heloisa Millet, de Maria Della Cost com Leonardo Villar:
http://astrosemrevista.blogspot.com.br/2016/08/heloisa-millet-sereia-do-fantastico.html
Foto de Luiz Armando Queiroz:
https://www.besthomenagens.com.br/homenageamos-hoje-luiz-armando-queiroz/#catalogo
Foto de Celly Campello:
https://cifrasweb.com.br/celly-campello/
Parte do elenco em foto de 2015:
http://gshow.globo.com/Bastidores/noticia/2015/12/atores-de-estupido-cupido-se-reencontram-40-anos-depois.html
Capa dos LPs com a trilha sonora da novela: acervo do autor.
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