A mais conhecida cantora da França, Édith Piaf (e não Piá, por favor) veio nos presentear com o seu talento aqui em São Paulo, como nos mostra o Anúncio Antigo acima do dia 5 de junho de 1957, publicado no jornal O Estado de S. Paulo. Nascida em 1915 em uma família de artistas, a cantora teve uma vida conturbada e trágica. Abandonada pela mãe, acabou sendo criada pela avó paterna, que era proprietária de um bordel. Entre os 3 e os 7 anos foi acometida de uma cegueira temporária. Adolescente, ficou grávida e perdeu a filha com apenas 2 anos de idade, vitima de meningite. Para sobreviver passou a cantar nas ruas de Paris e acabou descoberta por um dono de cabaré, Louis Leplée, que viu na jovem um grande talento e uma bela voz. O seu nome artístico surgiu nessa época, ao ficar conhecida como "la Môme Piaf" ou "pequeno pardal". Édith Giovanna Gassion passou então a ser chamada de Édith Piaf. A fama definitiva veio após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) quando ela passou a excursionar pelo mundo. Em 1948 conheceu o grande amor de sua vida, o boxeador Marcel Cerdan, que era casado. Infelizmente, este veio a falecer em 1949, num acidente aéreo, exatamente quando viajava para Nova Iorque para se encontrar com Piaf. Dois anos depois, Piaf retomou as suas viagens, mas uma série de acidentes automobilísticos debilitaram a sua saúde e a colocaram sob a dependência da morfina. O seu prestígio e o talento vocal, no entanto, permaneceram inabalados.
Em 1957 esteve no Brasil para algumas apresentações em São Paulo e no Rio de Janeiro. Tornou-se amiga da cantora Marlene, uma das Rainhas do Rádio da época, a quem conheceu ao se apresentar no Hotel Copacabana Palace na antiga Capital Federal (na foto acima, Piaf e Marlene). Édith Piaf levou a brasileira para cantar na França em uma série de shows, inclusive no famoso Olympia de Paris.
Em São Paulo, a convite do empresário e proprietário da TV Paulista (depois TV Globo), Victor Costa, Piaf apresentou-se no Teatro de Cultura Artística no centro da capital paulista, onde conheceu a também cantora e apresentadora Hebe Camargo (na foto acima, Piaf e Hebe no interior do Teatro de Cultura Artística em 1957).
Várias canções ficaram conhecidas pela voz de Édith Piaf, as quais ao ter o título pronunciado remetem de forma imediata à famosa cantora, como "La vie en rose", "Hymne à l'amour" e "Non, je ne regrette rien" cuja tradução literal é "Eu não me arrependo".
Édith Piaf faleceu ainda jovem, em 11 de outubro de 1963, com apenas 47 anos, muito debilitada fisicamente pela dependência da morfina e também do álcool. Milhares de pessoas prestaram homenagem à artista em seu funeral na cidade de Paris, onde foi descoberta e onde também iniciou a sua carreira. A simples menção ao seu nome (de forma correta, é claro) é o mesmo que designar o seu país, tal a sua importância para a cultura francesa...
Crédito das imagens:
Piaf e Marlene: Acervo do jornal O Globo
Piaf e Hebe Camargo:
https://twitter.com/juliapitaluga/status/1300228198626660353
Muito boa essa matéria.
ResponderExcluirParabéns.
Obrigado pela leitura Silvio...
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