Pesquisar este blog

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O Mapa Vinland



Ao que parece, o mistério do mapa Vinland está completamente desfeito. Trata-se do primeiro documento a registrar partes do território americano meio século antes de Colombo alcançar a América, em 1492. O mapa foi feito por um monge suíço por volta do ano de 1440. Foi encontrado em 1957 quando foi comprado por um negociante suíço e depois vendido a um norte-americano. O mapa chegou a ser rejeitado pelo Museu Britânico em função de se acreditar que o mesmo não fosse autêntico. Contudo, tal dúvida parece estar definitivamente resolvida. Vários testes feitos no documento nos últimos cinco anos pela Escola de Conservação da Real Academia Dinamarquesa de Belas-Artes foram apresentados recentemente em uma conferência internacional de cartografia na Dinamarca. Os exames verificaram a tinta utilizada no desenho do mapa, o estilo de escrita e os buracos feitos por insetos no documento, até então guardado na Universidade de Yale, nos Estados Unidos desde 1965.  A alegação de que a tinta utilizada para confeccionar o mapa era recente por conter dióxido de titânio foi descartada, uma vez que a substância foi encontrada em outros mapas medievais. Essas analises confirmaram o resultado do teste do Carbono 14 (método usado para datar objetos antigos) que já havia sido feito anteriormente.
O interesse da Dinamarca em confirmar a autenticidade desse documento é evidente. O mapa confirma as viagens dos ancestrais dos dinamarqueses, mais precisamente os vikings, em direção ao norte da América, partindo provavelmente da península da Escandinávia através das ilhas da Islândia e Groenlândia, que os levaram ao norte do atual Canadá, chamado então de Vinland e que aparece no mapa (no lado direito do mesmo ou a oeste da Europa). A inscrição no próprio documento declara que a região foi descoberta e batizada com esse nome pelos exploradores nórdicos Bjarni Herjolfsson e Leif Ericson, que viram na mesma uma terra fértil e com muitas vinhas. É possível visualizar no braço de mar mais ao norte que penetra na ilha de Vinland a entrada da baia de Hudson e o mais ao sul a foz do rio São Lourenço no Canadá atual. A descoberta de Vinland ocorreu provavelmente no ano de 999 em plena Idade Média. A presença européia na região nessa época foi confirmada por achados arqueológicos.
Tais informações não retiram a importância da viagem de Colombo, realizada quase 500 anos depois, em outro contexto da história européia. O surgimento de uma economia mercantil que lançou as bases do capitalismo moderno impulsionando as grandes navegações dos séculos XV e XVI. Os motivos que levaram os vikings a realizar essa viagem foram bem diferentes dos de Colombo.
Essa é uma das razões apontadas pelos historiadores para o problema de se utilizar em História a idéia de “descobrimento”, possível de ser feita nas outras disciplinas ou ciências de modo geral. O caso do “descobrimento” do Brasil é similar. Cabral não foi o primeiro europeu a estar nas terras brasileiras, mesmo na Era Moderna. Conhecemos outros navegadores, inclusive portugueses, que realizaram expedições exploratórias antes do famoso lusitano apontado como “descobridor” do Brasil.
Como afirma a professora Marilena Chaui, nem o Brasil e nem a América estavam aqui à espera de seus descobridores, portanto não são “descobertas” ou “achamentos”, mas sim “construções culturais” ou ideológicas que irão se constituir naquilo que ela chama de o mito fundador, formado por vários elementos do imaginário e da mentalidade do europeu daquela época. O próprio Cristovão Colombo, apesar de grande navegador e imbuído de um conhecimento prático, ao se aproximar da América do Sul em sua terceira viagem para o Novo Mundo, imaginou estar às portas do Paraíso Terrestre.
O mito fundador necessita estabelecer um ponto de partida ou marco inicial. É exatamente essa construção cultural que permeia a mentalidade dos indivíduos até os dias de hoje e impede que se perceba o anterior ou a existência de um processo que conduz ao acontecimento. Aí é que entra o trabalho do historiador.
A informação sobre a autenticidade do mapa e a foto foram fornecidas pela agência Estado:
Para saber mais:
Hale, John R.  A Idade das Explorações. Coleção Biblioteca de História Universal Life. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1970. (edição esgotada, mas facilmente encontrada em sebos).




Um comentário:

  1. Que legal, Jonas! Não conhecia esse mapa não...
    Onde vc encontrou a imagem? Tem em algum lugar em boa resolução?

    ResponderExcluir