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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Anúncio Antigo 15: O Planeta dos Macacos






O ano: 1968. Sim, aquele mesmo conhecido como "o ano que não terminou". Agitações, passeatas, estudantes nas ruas, barricadas em Paris, mulheres queimando sutiãs, filhos desafiando os pais, o sistema sendo contestado... No cinema, filmes que marcaram época, até mesmo na ficção científica. Difícil não lembrar de "2001: Uma Odisséia no Espaço" do grande diretor Stanley Kubrick. Mas "O Planeta dos Macacos" (EUA, 1968, direção de Franklin Schaffner) não deve ser esquecido. Um astronauta viaja no tempo, para o futuro e vem parar em um planeta onde o homem é dominado por macacos. A história já é por demais conhecida para que eu não revele o final: esse planeta é a própria Terra. O filme original teve várias sequências: A Volta ao Planeta dos Macacos, A Fuga do Planeta dos Macacos, A Conquista do Planeta dos Macacos e a Batalha no Planeta dos Macacos. Ufa!!! Virou seriado de TV em 1974. Isso sem contarmos as duas recentes refilmagens. Nenhum se iguala ao primeiro da série, lançado em 1968. 
Por outro lado, poucos irão lembrar que a história já havia sido filmada como um episódio do cultuado seriado de televisão "Além da Imaginação", onde dois astronautas caiam em um planeta sem saber que se tratava da Terra. Só havia uma diferença: não existiam os macacos, acrescentados no longa-metragem de 1968. O criador da famosa série, Rod Serling, colaborou com o roteiro do longa para o cinema. 


Um dos destaques do filme, o interrogatório ao qual é submetido o astronauta Taylor (interpretado por Charlton Heston, imagem acima) pelo Dr. Zaius, conselheiro dos macacos e aquele que deveria preservar a doutrina que vai na seguinte linha: homem bom é homem morto. Impossível não compararmos essa sequência do filme com a Santa Inquisição dos tempos históricos. Mesmo diante das evidências, o Dr. Zaius se nega a acreditar  (ou não quer acreditar) que voar é possível e que o ser humano, um dia, tinha sido mais inteligente do que os macacos. A última cena, onde o astronauta Taylor caminha pela praia até encontrar os restos da estátua da Liberdade, passou para a história da sétima arte. 
Pois bem, o filme foi lançado na cidade de São Paulo no antigo cine Majestic, na rua Augusta (hoje Espaço Itaú-Unibanco) e estava sendo exibido também no antigo cine Ouro, no largo do Paissandú (conhecido por abrigar a famosa lanchonete "Ponto Chic", onde foi inventado o Baurú). Não era por outro motivo que o cinema tinha esse nome, para lembrar o período da exploração do ouro no século XVIII em Minas Gerais. Na sala de espera do cinema toda a decoração lembrava o Barroco Colonial da época, com gravuras de Debret e Rugendas na parede. Contudo, essa pitoresca sala seguiu o mesmo destino dos grandes cinemas do centro velho de São Paulo, exibiu filmes pornográficos até fechar em definitivo. Lembro-me de uma época, meados da década de 1980, em que o cine Ouro sempre exibia na Semana Santa, o filme "Os Dez Mandamentos". Muitos ônibus de excursão traziam espectadores de outras cidades especialmente para ver o filme. Acredito que muitas igrejas evangélicas reservavam o cinema também para isso. 
O filme "O Planeta dos Macacos" ainda têm um claro reflexo do período contestatório que foi o final da década de 1960. Taylor aconselha a um jovem "macaquinho", no final do filme, com a frase: Não acredite em ninguém com mais de 30 anos. Mais 68 do que isso é impossível.
Agora, algo que não entendi no anúncio acima: por que as mulheres também estão gostando? E por que não deveriam gostar? 
O anúncio foi publicado no jornal "O Estado de São Paulo"  de 20.10.1968.
Crédito da imagem: fotograma do filme "O Planeta dos Macacos". 

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