Em seu percurso artístico de quase seis décadas, o artista plástico Martins de Porangaba já teve como referência para seus trabalhos as cenas do cotidiano, a literatura brasileira mais seleta e, simultaneamente, as reminiscências mais caras à sua vida. Em certos momentos, suas pinturas chegaram a alcançar um despojamento arrojado, onde os espaços, as cores e os tons mostravam-se por si só, quase rompendo a linha umbilical que as inspiraram.
Agora, em seus trabalhos mais recentes, Porangaba alcança o limiar de um amadurecimento estético único, tendo como ponto de partida a celebração dos cinco séculos do desaparecimento de Leonardo da Vinci (1452-1519). Para isso, atendeu ao convite para expor e realizar um período de residência artística em Véretz, na França (juntamente com os artistas do Grupo Belenzinho), nos meses de abril e maio de 2019, próximo ao Château du Cloux, no Vale do loire, onde o antigo mestre renascentista viveu seus últimos anos. Lá, o artista aprofundou a sua imersão no universo leonardiano, buscando elementos para as suas composições na obra pictórica e no grafismo dos desenhos contidos nos famosos códices, nos quais Leonardo dissecou o homem e a natureza.
O resultado agora exposto vai além da simples releitura, alcançando sínteses e significados novos, numa verdadeira metamorfose criativa, através da singeleza das linhas e na recriação das figuras, que deixam de ser simples figuras para adquirirem vida própria, com um intenso significado visual. Como em ocasiões anteriores, Porangaba lida com a multiplicidade das formas, para alegria de nosso olhar, que é atraído pela beleza plástica das composições. Os recursos para isso vieram da diversidade tonal, do desenho das figuras curvilíneas expostas com leveza e extrema sensualidade, tendo também como ferramenta o uso libertário das cores, onde cada quadro é uma narrativa e por isso único. Na presente mostra, os seus trabalhos transcendem mais uma vez a fonte de inspiração, trazendo-nos para uma contemporaneidade lírica e gestual, em alguns momentos chegando quase na abstração. Quase, pois permite reconhecer a Leonardo, bem como o ambiente e a paisagem dos tempos renascentistas, do próprio Château du Cloux, onde Porangaba esteve.
Síntese ímpar e original, em que nada escapa ao atento olhar do artista, desde um detalhe formal da Anunciação, obra seminal do mestre renascentista até a movimentação esguia e a formalidade simbiótica de uma Leda e o Cisne, como também dos vários engenhos projetados por Leonardo. Cada quadro constitui uma pintura que pode gerar outra pintura e por decorrência, uma nova criação. Em Martins de Porangaba o motivo temático é o pretexto para buscar a essência da sua própria arte. Trata-se do ápice do processo criativo que se sobrepõe à própria criação, que surgiu no decorrer de um trabalho infatigável.
E então, somos despertados por esta série de trabalhos que celebram não só Leonardo da Vinci, mas a própria arte, a criação e sobretudo a pintura, a boa pintura. Celebração a um mestre humanista da Renascença, que se mostra necessária, nestes tempos de pouco humanismo...
Para ver:
A exposição de Martins de Porangaba, com a curadoria de Emanuel von Lauenstein Massarani, estará aberta entre os dias 5 e 30 de agosto de 2019, na Galeria Edmondo Biganti no Circulo Italiano de São Paulo. Ao visitar a mostra você terá também a oportunidade de conhecer o Edifício Itália, um dos cartões postais da cidade. O endereço é Avenida Ipiranga, 344 (abaixo o cartaz da exposição).
Agora, em seus trabalhos mais recentes, Porangaba alcança o limiar de um amadurecimento estético único, tendo como ponto de partida a celebração dos cinco séculos do desaparecimento de Leonardo da Vinci (1452-1519). Para isso, atendeu ao convite para expor e realizar um período de residência artística em Véretz, na França (juntamente com os artistas do Grupo Belenzinho), nos meses de abril e maio de 2019, próximo ao Château du Cloux, no Vale do loire, onde o antigo mestre renascentista viveu seus últimos anos. Lá, o artista aprofundou a sua imersão no universo leonardiano, buscando elementos para as suas composições na obra pictórica e no grafismo dos desenhos contidos nos famosos códices, nos quais Leonardo dissecou o homem e a natureza.
O resultado agora exposto vai além da simples releitura, alcançando sínteses e significados novos, numa verdadeira metamorfose criativa, através da singeleza das linhas e na recriação das figuras, que deixam de ser simples figuras para adquirirem vida própria, com um intenso significado visual. Como em ocasiões anteriores, Porangaba lida com a multiplicidade das formas, para alegria de nosso olhar, que é atraído pela beleza plástica das composições. Os recursos para isso vieram da diversidade tonal, do desenho das figuras curvilíneas expostas com leveza e extrema sensualidade, tendo também como ferramenta o uso libertário das cores, onde cada quadro é uma narrativa e por isso único. Na presente mostra, os seus trabalhos transcendem mais uma vez a fonte de inspiração, trazendo-nos para uma contemporaneidade lírica e gestual, em alguns momentos chegando quase na abstração. Quase, pois permite reconhecer a Leonardo, bem como o ambiente e a paisagem dos tempos renascentistas, do próprio Château du Cloux, onde Porangaba esteve.
Síntese ímpar e original, em que nada escapa ao atento olhar do artista, desde um detalhe formal da Anunciação, obra seminal do mestre renascentista até a movimentação esguia e a formalidade simbiótica de uma Leda e o Cisne, como também dos vários engenhos projetados por Leonardo. Cada quadro constitui uma pintura que pode gerar outra pintura e por decorrência, uma nova criação. Em Martins de Porangaba o motivo temático é o pretexto para buscar a essência da sua própria arte. Trata-se do ápice do processo criativo que se sobrepõe à própria criação, que surgiu no decorrer de um trabalho infatigável.
E então, somos despertados por esta série de trabalhos que celebram não só Leonardo da Vinci, mas a própria arte, a criação e sobretudo a pintura, a boa pintura. Celebração a um mestre humanista da Renascença, que se mostra necessária, nestes tempos de pouco humanismo...
Para ver:
A exposição de Martins de Porangaba, com a curadoria de Emanuel von Lauenstein Massarani, estará aberta entre os dias 5 e 30 de agosto de 2019, na Galeria Edmondo Biganti no Circulo Italiano de São Paulo. Ao visitar a mostra você terá também a oportunidade de conhecer o Edifício Itália, um dos cartões postais da cidade. O endereço é Avenida Ipiranga, 344 (abaixo o cartaz da exposição).
Com certeza será uma ótima exposição,daquelas imperdíveis, que chega na hora e no momento certo,com a clareza desse texto temos obrigação de vê-la.Parabéns.
ResponderExcluirMais uma vez obrigado Silvio e um grande abraço.
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