Pesquisar este blog

domingo, 3 de novembro de 2019

Anúncio Antigo 68: Lambretta


 

Símbolo dos jovens de classe média nos anos do pós-guerra (Segunda Guerra Mundial), sobretudo na Europa e parte da América Latina, esse produto marcou também o momento de reconstrução da Europa Ocidental sob os auspícios do capital norte-americano (Plano Marshall) e como forma de conter a expansão do comunismo soviético. Eis a conhecida Lambretta, que desperta nostalgia em muitas pessoas, tema do Anúncio Antigo de hoje. 



Tudo começou com Ferdinando Innocenti (1891-1966) que teve de reconstruir a sua fábrica de tubos de aço na cidade de Lambrate, próxima de Milão, no norte da Itália, a qual foi destruída na Segunda Guerra (na foto acima, o industrial e designer Innocenti). Naquele momento, após a queda do regime fascista italiano e a reconstrução nacional, era fundamental que as pessoas dispusessem de um meio de transporte rápido e econômico, como as pequenas motos ou scooters como eram conhecidas no mundo. Desde 1946, a Vespa já estava ocupando esse filão do mercado que tendia a crescer ainda mais. Com essa ideia em mente, Ferdinando Innocenti uniu-se ao engenheiro Pierluigi Torre para juntos projetarem um veículo que atendesse a esse requisito e aí surgiu o protótipo da Lambretta (nome derivado do rio Lambro, situado próximo à fábrica), uma pequena motocicleta ágil e adaptada ao clima mediterrâneo (chuva, calor e neve), com um motor de dois tempos (refrigerado por uma ventoinha) e equipado com cilindro único. Após um ano de desenvolvimento e testes, a produção teve início em 1947 na Itália. Com boa estabilidade e conforto para os pés (tinha uma plataforma para acomodar os mesmos), a Lambretta rapidamente conquistou um público fiel. A posição do motor junto à roda traseira também dava confiabilidade em termos de estabilidade.  



No Brasil, a Lambretta instalou-se em 1955, ainda antes da indústria automobilística, como Lambretta do Brasil S.A. - Indústrias Mecânicas e com licença da Innocenti para produzir o veículo aqui (na foto acima, a Lambretta 125 Special de 1965 produzida na Itália). A fábrica estava instalada no bairro da Lapa em São Paulo e conseguiu aproveitar a moda mundial desse tipo de veículo na década de 1950. Entre 1958 e 1960 foram produzidas 50 mil unidades por ano. 
Novos modelos acabaram sendo lançados e com maior disponibilidade de cores, além da tradicional cor branca. Uma das mudanças mais significativas na Lambretta foi a colocação do farol no guidão. A potência do motor também foi alterada, de 125 para 175 cilindradas. Contudo, na década de 1970 a Lambretta começou a sofrer a forte concorrência das motocicletas japonesas que invadiram o mercado brasileiro. Apesar das tentativas de competir com estas, com novos modelos e desenhos (alguns dos quais criados aqui), a Lambretta do Brasil S.A. fechou as suas portas em 1982, deixando saudades em milhares de fãs. O desaparecimento dessa montadora tornou-se um dos primeiros capítulos do processo de desindustrialização do Brasil, que avançou nos anos seguintes. Recentemente, em 2018 a Motorino voltou a distribuir o produto no Brasil, trazendo da Itália a Lambretta V200 Special, em aço, com um potente motor, freios ABS, injeção eletrônica e acabamento em alumínio acetinado. Mas uma coisa não poderá mais voltar, o glamour das décadas de 1950 e 1960 do qual fazia parte a boa e tradicional lambretinha.
Infelizmente não tenho o registro preciso de onde e quando o anúncio acima foi publicado, pois este que vos escreve o adquiriu sob a forma de cartão postal em uma loja de Roma. A julgar pelos dois modelos que aparecem (o primeiro e o clássico, respectivamente da esquerda para a direita), possivelmente trata-se do início da década de 1950...
Crédito das imagens:
Foto de Ferdinando Innocenti:
http://www.valdinievoleoggi.it/a63851-ferdinando-innocenti-il-pesciatino-che-dai-tubi-passo-alla-lambretta.html
Foto da Lambretta 1965: Wikipédia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário