Trabalhos que nos convidam a uma experiência visual singular, seja por suas qualidades pictóricas, seja em termos de reflexão a respeito do tema da fé e do sentido mais profundo da religiosidade em nosso cotidiano. É o que nos propõe Maria Regina Montenegro Leite na mostra "Chão de Estrelas", em cartaz no Saguão de Exposições da Biblioteca Nadir Gouvêa Kfouri, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Ao todo são apresentadas 22 pinturas e um painel confeccionado com tecidos transparentes, com destaque para o colorido que vai do branco até o ouro, além do uso de fotos impressas e pintura digital. Nas recentes pesquisas da artista e arte-educadora emergiu um trabalho rico, tanto no plano temático como na forma de apresentação, tendo o papel como suporte, dando um sentido de despojamento e leveza que agrada ao olhar, levando-nos a admirar a figuração exuberante e colorida presente nas obras.
A mostra itinerante, que ora se encerra, teve como ponto de partida o chão da Igreja Matriz São João Batista, na cidade de Atibaia (SP), que já abriga uma preciosidade das artes plásticas, um painel do pintor Benedito Calixto.
Mas o que chamou a atenção da artista foi o jogo de formas geométricas e cores dos ladrilhos no piso da igreja. A partir dos mesmos foi sendo revelado todo um emaranhado que guarda relação com a arquitetura daquele templo religioso, com a sua história, ao ritual de fé e espiritualidade, além do significado simbólico das formas sugeridas pelos ladrilhos, sobretudo a estrela. A própria artista, na apresentação da exposição, nos mostra como uma coisa puxou a outra. O título da mostra nos remete à palavra "compostela" cujo significado é campo de estrelas, importante referência ao piso da Igreja Matriz.
Na cuidadosa pesquisa que levou a essa mostra, a artista percorreu lojas de azulejos antigos, a fim de poder adquirir os ladrilhos que tanto a inspiraram e te-los ao seu lado durante a produção das suas pinturas. A curiosidade de Maria Regina ainda foi premiada por um fato notável. A conhecida canção "Chão de Estrelas", um clássico de nosso cancioneiro popular, foi composta e interpretada por Silvio Caldas, o qual, por felicidade do destino, residiu em Atibaia.
A mostra itinerante, que ora se encerra, teve como ponto de partida o chão da Igreja Matriz São João Batista, na cidade de Atibaia (SP), que já abriga uma preciosidade das artes plásticas, um painel do pintor Benedito Calixto.
Na cuidadosa pesquisa que levou a essa mostra, a artista percorreu lojas de azulejos antigos, a fim de poder adquirir os ladrilhos que tanto a inspiraram e te-los ao seu lado durante a produção das suas pinturas. A curiosidade de Maria Regina ainda foi premiada por um fato notável. A conhecida canção "Chão de Estrelas", um clássico de nosso cancioneiro popular, foi composta e interpretada por Silvio Caldas, o qual, por felicidade do destino, residiu em Atibaia.
Ao final desse incansável percurso, a artista nos presenteia com uma produção refinada, pensada e concebida de forma primorosa, o que já teria, por si só, um mérito enorme, pois é o resultado de muitos anos de labuta até atingir o pleno domínio do seu métier. Em seu longo percurso dedicou-se ao estudo incansável das técnicas do desenho, da pintura, no experimento de vários tipos de suporte e de materiais. O resultado nos é apresentado agora, em trabalhos que primam pela beleza visual, pelo colorido extremamente diversificado e fora do convencional, o qual preenche a composição e as formas inspiradoras que lhe serviram de ponto de partida.
Do chão da Igreja Matriz até o dia a dia das pessoas simples, tudo passou pelo olhar atento da artista, como em uma crônica do cotidiano e que nos remete para a contemplação e a meditação, na mais pura expressão de fé. Nos trabalhos de Maria Regina somos remetidos aqueles que adentram ao recinto do templo com o fito de pedir uma graça, uma benção ou mesmo uma dádiva para os gigantescos dramas da vida. Somos colocados dentro do ponto de vista dos fiéis e dos crentes, na essência da religiosidade, independente das várias seitas ou correntes de fé que conheçamos. Olhar e admirar esses trabalhos é uma experiência cognitiva, antropológica e de observação da sociedade em que vivemos.
Por tudo isso, recomendamos ao leitor (a) desta página esta bela experiência visual e que também nos permite refletir sobre os significados mais profundos do ser humano.
Para ver:
Chão de Estrelas: pinturas de Maria Regina Montenegro Leite
Onde: Saguão de Exposições da Biblioteca Nadir Gouvêa Kfouri
Rua Monte Alegre 984, Perdizes, São Baulo (SP). Pontifícia Universidade Católica.
De segunda a sexta das 8 às 22 horas. Sábados das 8 às 17 horas.
Quando: de 15 de novembro a 6 de dezembro de 2019.
Esse texto é uma aula, admiro a facilidade e a transparência da descrição no conteúdo dessa exposição,digna dos grandes escritores muito difícil de se encontrar nos dias de hoje, exposição essa que vi e achei maravilhosa. Parabéns prof.Jonas.
ResponderExcluirSilvio, eu acabo de ler e ter a mesmo impacto! Como nosso Jonas escreve bem! E muito obrigada a vc tbm Silvio, pela visita! abçs
ExcluirObrigado mais uma vez pela leitura Silvio e pelos elogios.
Excluirsinto-me imensamente grata e emocionada com a riqueza de tudo o que escreveu possível somente para tamanha atenção e cuidado! nem sei como agradecer! Mas agradeço, e muito! beijos da sempre amiga Maria Regina
ResponderExcluirRegina, não têm o que agradecer, a exposição é isso o que escrevi, simples. Bjos.
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