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terça-feira, 13 de março de 2012

Anúncio Antigo 8: Escrava Fugida



Faltavam quase cinco anos para a escravidão ser abolida em definitivo em todo o Brasil pela conhecida lei Aúrea, assinada pela princesa Isabel em 13.05.1888. O trabalho escravo estava com os seus dias contados, uma vez que o tráfico da África para o Brasil não existia mais (abolido em 1850), já estava em vigor a Lei do Ventre Livre (desde 1871) que teve efeito praticamente nulo e foi feita, como se dizia na época, "para inglês ver". Faltava apenas a Lei do Sexagenário ou Saraiva Cotegipe, que libertava os cativos acima de 60 anos, embora com mais três anos de trabalho gratuito ao senhor como uma espécie de compensação por sua perda, antes da abolição de fato dessa forma de trabalho, assinada pela ilustre princesa. Por outro lado, a vinda dos imigrantes europeus era a alternativa para os fazendeiros ao declínio da escravidão e ganhou vulto na década de 1880. Foi exatamente nesse momento, que a escrava, do anúncio acima, resolveu fugir. Do ponto de vista senhorial, era justificada a preocupação de seu dono, uma vez que a mesma era uma mercadoria e no momento final da escravidão, o debate girava em torno da questão da indenização aos donos de escravos caso a abolição fosse confirmada. O trabalho escravo e os interesses dos fazendeiros vinculados ao mesmo foi um dos pilares do regime imperial no Brasil, que terminou um ano depois do fim da escravidão, com a proclamação da República em 1889.
Reparem como a pobre escrava é descrita no anúncio, como se fosse um objeto ou mercadoria que precisava ser recuperada. Por outro lado, era ainda nova: tinha 19 anos. Daí o seu valor. O fato de seu proprietário ter representantes em Mogi-Mirim e em Santos possivelmente indique algum vínculo com o café.
Ela se chamava "Felicidade". Talvez tenha desejado fazer jus ao seu nome e fugiu em busca da mesma.
Este anúncio foi publicado no jornal "A Província de São Paulo" (depois "O Estado de São Paulo") em 23.08.1883.

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